de recebê-las.
Anotei os nomes e aguardei a oportunidade de atender à solicitação do Comandante do 1
Exército. Abertas as vagas de comando, procedi, pessoalmente, como era de meu hábito, à seleção e
nomeação dos novos comandantes. Na guarnição do Rio de janeiro, a mais desejada, havia duas
vagas de comando na Arma de Artilharia. Nelas coloquei os dois tenentes-coronéis mais antigos, dos
três nomes apresentados pelo general Reynaldo, um dos quais tinha sido indicado, também, pelo
Comandante da Artilharia Divisionária da 1á Divisão de Exército.
O tenente-coronel Bittencourt, como o mais moderno dos três, foi classificado no Grupo de
Artilharia em Guarapuava. Soube que não ficou satisfeito e extravasou seus ressentimentos sobre o
ministro. Deve ter, pelo que ouvi dizer, transmitido ao Comandante do 1 Exército sua insatisfação.
O general Reynaldo, conversando comigo, apenas aludiu aos méritos do tenente-coronel,
admitindo que poderia ter tido uma classificação melhor, ao que retruquei serem as unidades de
difícil comando os lugares mais indicados para os oficiais de reconhecida capacidade de chefia.
Nada mais foi dito sobre este assunto.
Dias depois de publicadas as movimentações de oficiais, recebi de Porto Alegre, onde se
encontrava o Presidente da República, um chamado telefônico do general Hugo Abreu. Convocava-
me para comparecer ao palácio da Alvorada, às oito horas da noite, a fim de falar com o presidente
Geisel, podendo ir em traje civil.
Acreditei logo se tratasse de assunto muito grave, porquanto levara o presidente a chamar à sua
residência, de noite, depois de viagem cansativa, um de seus ministros militares.
À hora aprazada estava eu no palácio da Alvorada. Recebeu-me o general Geisel na biblioteca e
foi direto ao assunto. Disse-me que eu estava transferindo oficiais dos Estados-Maiores dos generais
sem consultá-los, orientação que os aborrecia. Referiu-se, em seguida, ao caso do 1 Exército,
declarando que o general Reynaldo não ficara satisfeito de ter sido transferido um oficial de seu
quartel-general sem o seu conhecimento.
Incontinente, dei-lhe a resposta, encetando o diálogo:
- Presidente, a transferência de oficiais é prerrogativa do Ministro do Exército e não tenho
satisfações a dar aos comandantes de Exército, quando as faço. Durante o tempo em que comandei o
1 Exército, nunca perguntei ao ministro Orlando Geisel quem ele iria tirar ou colocar no meu
Exército. - Bem... mas você não devia gostar disso!
- Jamais me preocupei com medidas normais que fugiam à minha alçada administrativa.
Entretanto, quero dizer ao senhor que sempre participei, com antecedência, aos comandantes de