agricultores e o propósito da Polícia Militar de prender os assassinos e assegurar o prosseguimento
dos trabalhos.
Considerando-se sem condições para dominar a situação, o governador do estado do Pará
solicitou auxílio ao comandante da 8á Região Militar, general Euclydes de Figueiredo Filho, com o
objetivo de manter a ordem naquela área.
Sobre a participação do Exército em acontecimentos dessa espécie existiam rigorosas normas,
estabelecendo que somente por determinação do Ministro do Exército nossas tropas seriam
empregadas. Os governadores, em caso de extrema necessidade, deveriam pedi-la ao Ministro da
justiça, declarando-se sem recursos para a normalização da vida pública em seus estados. Este
ministro, então, analisaria junto à Presidência da República a exigência de tal medida. As ligações
posteriores regulariam a intervenção.
Tudo isto, porém, considerado em tese, porque, em situações que exigem imediatas providências,
não podendo o governador do estado tomá-las, a autoridade militar federal é obrigada a adotá-las. A
presença da tropa federal, neste caso, é apenas preventiva, enquanto decisões dos comandos
superiores não são transmitidas.
O governador do estado do Pará, dr. Aluízio Chaves, participou ao general Comandante da 8á
Região Militar as suas dificuldades em conter a agitação dos posseiros em Conceição do Araguaia.
O general Euclydes de Figueiredo, em face da ameaça de um conflito armado, fez deslocar elementos
do Batalhão de Infantaria de Selva, de Marabá, para aquela área a fim de assegurar a ordem pública.
Tal medida foi imediatamente levada ao conhecimento do Ministro do Exército que, aprovando-a,
recomendou ficasse a cooperação militar restrita à presença da tropa no local, mais preventiva,
portanto, do que repressiva. Proibiu, por isso, qualquer outra forma de seu emprego. O governador,
disse o ministro, se desejasse real apoio militar federal, que o solicitasse ao Ministro da justiça.
O Comandante da 81 Região Militar, em entendimento com o governo estadual, decidiu-se pela
abertura de um Inquérito Policial Militar, porquanto, chegando a Perdidos, pôde observar e colher
veementes indícios de incitamento subversivo no comportamento dos agricultores. À primeira vista
parecia haver ligações estranhas, comprometendo autoridades eclesiásticas nos eventos.
Em situações semelhantes, sempre aconselhei que os inquéritos fossem realizados pela Polícia
Federal, evitando envolver o Exército em possíveis complicações políticoideológicas. Assim
procedi quando comandava o 1 Exército; contudo, no acontecimento de Perdidos existiam condições
peculiares que, na procura da verdade, ditavam a solução tomada. Um tenente-coronel foi
encarregado de proceder ao inquérito.
O general Euclydes de Figueiredo, ao chegar à região de Conceição do Araguaia, sentiu a
iminência do choque entre posseiros e policiais. Os agricultores com suas famílias reuniram-se num
barracão, onde pretendiam resistir à ação das autoridades. Qualquer elemento que se aproximasse
deste local correria perigo de vida.