o dia 12 de outubro de 1977, por ocasião de uma das maiores farsas políticas a que a Nação
brasileira assistiu, desde que os primeiros adventícios pisaram o solo baiano, lancei ao Exército um
manifesto. Sobre ele farei em oportuno momento considerações indispensáveis, entretanto, agora,
apenas desejo dele destacar dois trechos, cujas asserções comprovam-se facilmente:
- As investidas constantes para destruir ou tornar inócua a estrutura da Segurança Nacional.
Questionam-se esferas de competência, sugeremse modificações doutrinárias e permitem-se
maldosas campanhas de descrédito dos órgãos de informações e segurança, visando a apresentar seus
componentes como bestiais torturadores, para desmoralizá-los perante a Nação. - A complacência criminosa com a infiltração comunista e a propaganda esquerdista que se
revitaliza, diariamente, na imprensa, nos setores estudantis e nos próprios órgãos governamentais, os
quais acolhem, no momento, nos escalões de assessoramento e de direção, noventa e sete comunistas
militantes, conforme comuniquei ao Serviço Nacional de Informações, marxistas que permanecem
intocáveis em suas atividades desagregadoras.
As investidas para destruir o Sistema de Segurança começaram cedo. Em fins de 1974,
conforme referência já feita, foi ensaiada a modificação da Diretriz de Segurança Interna, e em outras
ocasiões, como nos casos dos suicídios do DOI do II Exército, o Presidente da República não
escondia seu interesse em desativar os órgãos de segurança, reduzindo-os a meras fontes de notícias.
Não autorizava fossem divulgadas, nos relatórios semanais nem nos periódicos, informações
relativas a acontecimentos políticos, graves fatos de corrupção e dados sobre a situação econômica.
Enfim, só era permitido mencionar nesses boletins assuntos de exclusivo interesse profissional.
Fixava-se, assim, uma fórmula de manter a nossa oficialidade - e os militares em geral - na mais
absoluta ignorância dos destacados e inquietantes acontecimentos da conjuntura. Vedar aos militares
o conhecimento da realidade nacional constituía o deliberado propósito do general Geisel. Sua
obstinação neste sentido manifestava- se em todas as oportunidades e para comprová-la é suficiente
recordar a cena de minha exoneração, no dia 12 de outubro. Entre as "numerosas provas" que deveria
ter de meu "propalado golpe" somente achou, depois de nada ter a dizer quanto à minha lealdade,
para justificar a sua decisão, o pueril e ridículo argumento de que os meus relatórios de informações
faziam crítica ao seu governo.