odiernamente, muitos aspectos da conduta militar serão mais bem esclarecidos ao tempo em
que se fizer conhecido em todos os seus meandros o curso das promoções no Exército. O panorama
do acesso e da movimentação dos oficiais, embora em traços simples e cores suaves, já foi
apresentado num dos capítulos anteriores. Ficaria, entretanto, incompleto e confuso, se não fosse
retocado, visando a torná-lo mais nítido e a reavivar-lhe a paisagem.
Uma análise serena das preterições dará este retoque.'
A sombra e o silêncio facilitam a delinqüência. Os grandes crimes da humanidade tiveram como
cenário a calada da noite; o exemplo da Noite de São Bartolomeu dispensa outras citações. Hoje, as
grandes injustiças têm como palco a penumbra dos acortinados gabinetes, ocultas pelo sigilo das
convenções oficiais.
Ser justo é dar a cada pessoa aquilo que, por suas virtudes ou defeitos, bem merece.
No âmbito deste juízo tanto é de justiça galardoar como castigar. Evitar a injustiça nada mais é,
portanto, do que estabelecer e aplicar normas de equidade. Os critérios, como são conhecidas na
vulgaridade essas normas, norteiam na administração pública a apreciação dos valores. Lamentável,
no entanto, é reconhecer que sofrem estes critérios, em sua elaboração, sensível influência subjetiva
que, não raro, deforma-os em beneficio de pontos de vista pessoais, com conseqüentes e graves
prejuízos para as exigências vitais das instituições.
Certos chefes, agrilhoados pela vaidade, considerando-se dotados de onisciência, chegam ao
absurdo de criar "o critério de não ter critério"; sempre aceito pela bajulatória condescendência
humana.
Com o objetivo de ilustrar estas considerações, mencionarei, colhidos num amplo exemplário,
alguns dos mais interessantes fatos a que assisti.
No entanto, antes de discorrer sobre o delicado tema - as preterições no Exército - deparo-me
com uma premissa básica às apreciações que desejo fazer:
O que, na realidade, constitui MÉRITO MILITAR?
Não há dúvidas de que é a resultante de um sistema de valores.