Neste mesmo mês de julho, rico em acontecimentos políticos, o antigo assessor de imprensa do
presidente, nomeado presidente da Caixa Econômica Federal, deu à revista Veja uma entrevista em
que declarava: "Pode botar em letra de forma. Assim que o presidente abrir a temporada, eu estarei
ao lado da candidatura Figueiredo a candidato."
No dia 11 de julho, confirmou à imprensa estas palavras e acrescentou: "Como qualquer cidadão
brasileiro, também tenho as minhas preferências. Se o general for realmente candidato, terá o meu
aplauso e o meu irrestrito apoio, o que não é significativo, mas isso eu não nego."
Estava, na opinião geral, lançada formalmente a candidatura do general Figueiredo. E por quê?
O sr. Humberto Barreto era elemento da intimidade da família Ernesto Geisel, recebendo do
presidente, segundo pessoas que freqüentavam a Granja do Riacho Fundo, tratamento filial. Homem
de sua confiança, sempre atento às suas recomendações, não cometeria a imprudente puerilidade de
fazer uma declaração deste teor se não estivesse bem escudado com a proteção presidencial. A
análise dos fatos posteriores, conduzida com bom senso e lógica, não repele esta ilação. Vejamos.
Por que o presidente, sempre cioso de sua autoridade, não demitiu Humberto Barreto da Caixa
Econômica Federal?
Era, de todos, conhecida a sua determinação de somente abordar o problema sucessório a partir
de 1978. Seu discurso de 22 de dezembro de 1976 e as afirmações de seus assessores davam a
entender que este era seu deliberado propósito.
Por que, então, suas reações limitaram-se, consoante fontes palacianas, a arrufos sentimentais
com o arauto do lançamento, seguidos de rápida reconciliação, por interferência de familiares?
Nos dias imediatos à fala de Humberto Barreto, um grande matutino carioca publicou extenso
noticiário sobre a vida do candidato - adrede preparado - do qual, pelas minúcias, faltou apenas
mencionar a marca do bico de sua mamadeira. Tal documentação - na palavra do diretor daquele
jornal - foi-lhe entregue pelo secretário do Presidente da República, Heitor Aquino Ferreira. Disse-
me ainda esse jornalista que um conceituado periódico paulista recusara-se a divulgá-la.
Por que iria proceder deste modo o secretário do presidente, desgostando e contrariando seu
chefe e amigo, se este não estivesse a par das manobras - e as consentisse - dos politiqueiros do
Planalto?
Seria uma vocação para traidor?
Uma ou duas semanas após estes fatos, um general-de-exército foi ao palácio do Planalto tratar
de assuntos de seu Departamento e ali encontrou o general Figueiredo. Cumprimentaram-se
cordialmente e à pergunta do general ao Chefe do SNI, de como estava passando de saúde, deu o
general Figueiredo a resposta abaixo, que transcrevo no seu exato sentido, embora possa ter