Nas campanhas para a Presidência do Clube Militar, no biênio de 1950-1952, integrou a
famigerada"Chapa Amarela", reconhecidamente apoiada pelos esquerdistas do Exército, sendo eleito
para o Conselho Fiscal. Graças à Cruzada Democrática foram os esquerdistas derrotados.
Participara eu de toda a luta eleitoral como partidário da corrente oposta, de cunho democrático,
que procurava, por todos os meios, evitar a penetração na nossa sociedade de classe dos
indesejáveis "nacionalistas".
Não cria muito, por isso, nos ardores revolucionários do major Andreazza. Talvez, com o tempo,
tivesse amadurecido e mudado de opinião.
Vencedora a Revolução, formou-se o gabinete Costa e Silva, mas o major Andreazza não foi de
início lembrado. Suas lamúrias, que ouvi, chegaram às salas ministeriais sem resultados imediatos. O
general Clóvis Bandeira Brasil, revolucionário sincero, era, naqueles tempos, meu amigo. Exercendo
a Chefia de Gabinete, falou-me de sua vontade de levar o major Andreazza para aquele setor. Disse-
lhe que faria ótima aquisição.
Conheceu o marechal Costa e Silva, conquistou a sua confiança, fez-se íntimo da família - eu o vi
passeando na praia com netos do marechal - e terminou ministro. Hoje dizem que está rico.
Não chegamos, em momento algum, a ser amigos, embora fôssemos bons companheiros. Nossos
princípios não se identificavam, porque me parecia vislumbrar nele algo de oportunista. Contudo
nunca fomos inimigos.
Entre fatos passados que podiam ser explorados, visando a incompatibilizarnos, estava uma
advertência - já citada páginas atrás - que fizera ao general Walter Pires sobre a suposta ida do
coronel Andreazza a quartéis da Vila Militar. Não acredito, porém, que aquele general, pela amizade
que mantínhamos, tivesse levado o fato ao conhecimento de Andreazza.
O general Figueiredo e o coronel Andreazza eram amigos, sendo que aquele encampara a
permanência deste no governo Médici, segundo ele próprio me disse no meu gabinete de comando, na
1á Região Militar, antes da posse do terceiro presidente da Revolução. Nada de surpreender que o
apoiasse.
O general Costa Cavalcanti tomara posição contrária ao ministro, supondo-o candidato
competidor de seu amigo Figueiredo. Em certa oportunidade teria até falado em lançar tanques nas
ruas para sustentar a situação vigente.
Conhecia-o pouco e mantínhamos relações eventuais e cerimoniosas. Dele guardo, todavia,
recordação muito triste pela atitude que dizem ter tomado, concordando com a cassação de seu
irmão, coronel Francisco Boaventura Cavalcanti Filho, e permanecendo Ministro do Interior do
governo Costa e Silva.