Estado Novo.
Ressurgiu, então, o velho oligarca, criado na escola política dos Júlio de Castilhos e Borges de
Medeiros, esboroando os ideais de 1930 na saciação de suas ambições, na primeira infidelidade
pública à Revolução que chefiava.
Nós, os militares - refiro-me aos oficiais até o posto de major -, acreditávamos travar os últimos
combates para a imposição definitiva dos postulados liberais de 1922, reencarnados em 1930,
esmagando as derradeiras e renitentes oligarquias, quando na verdade concorríamos para substituí-
las por um regime mais discricionário, individualista, do mais cínico e despótico egocentrismo.
O golpe de 11 de maio de 1938, que não foi somente integralista como se propala e escreve,
porquanto contava com o apoio de políticos e militares alheios à Ação Integralista Brasileira,
nenhuma repercussão teve no nosso regimento, em Três Corações, tampouco no Exército.
As doutrinas totalitárias alienígenas, por índole de nossa raça e tradição, jamais receberam
guarida dos militares brasileiros.
Abominamos os genocídios eslavos de centenas de milhares de camponeses pobres - exilados e
sacrificados com suas famílias nos paludosos bosques da taiga siberiana - e a destruição de mais de
cinco milhões de granjas dos "Kulaks ,1 mandados realizar por Stalin, em nome da pretensa
supremacia da classe operária, cuja ditadura queria impor à sociedade.
Do mesmo modo execramos o bárbaro morticínio dos judeus nas câmaras de gás do nazismo, sob
o insensato pretexto de preservar a fantasiosa pureza de uma raça de dolicocéfalos louros,
degradante obsessão do paranóico Adolf Hitler.
Tais comportamentos são alucinações ideológicas só explicáveis nos mentecaptos.
Renegamos, pois, essas doutrinas, por paradoxais e inexeqüíveis nos limites de nossa formação
cristã, uma vez que aconselham o caminho da impiedade, da imprudência e do desprezo à condição
humana para alcançar o equilíbrio e a felicidade sociais.
Durante a Segunda Conflagração Mundial, inicialmente servi no 50 Regimento de Cavalaria
Divisionário, onde tive o privilégio de ser comandado por um dos mais nobres oficiais do Exército,
o então coronel João Theodureto Barbosa, grande soldado e não menor brasileiro.
Atividades intensas - em exercícios de emprego da Cavalaria e de serviço em campanha, nos
campos salpicados de pinheirais e nas margens do caudaloso rio Iguaçu - consumiam no
aprimoramento profissional o tempo disponível.
Posteriormente, nomeado instrutor do CPOR, regressei ao Rio de janeiro, na fase mais aguda
daquele conflito armado, quando o torpedeamento de nossos navios levaram-nos à declaração de
guerra às potências do chamado Eixo, no dia 22 de agosto de 1942.