IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

conquanto tenha como argumento decisivo a força material. Entretanto, o emprego deste instrumento
só será legítimo se assentado em bases morais.


Um chefe valoroso e digno não se pode deixar atordoar pela ambição, diluindo princípios na
complacência com a bajulação, numa subserviência de agrado aos mantenedores do poder.


O colega que assim procedia teve a sua recompensa, pois foi promovido por serviços prestados
em duas situações muito difíceis, modificando, segundo se dizia, propósito anterior do governo de
não promovê-lo.


Deter-me-ei ainda sobre este assunto, não somente para trazer mais uma comprovação da solerte
conduta palaciana, como também para repor a verdade sobre uma citação feita pelo general Hugo
Abreu às folhas 127 de seu livro O outro lado do poder.


Faz ali o general Hugo referência a uma reunião havida no Rio de janeiro, da qual teríamos
participado eu e o filho do ex-senador Vitorino Freire, suplente de senador pela Arena do Maranhão.
Acrescentava, sob forma de esclarecimento, no sentido de dá-la como verdadeira, que o próprio
filho do ex-senador fizera o relato do ocorrido ao então Comandante Militar do Planalto, general
Heitor Arnizaut Furtado.


Trata-se de uma descarada impostura levada pelo general Arnizaut ao Chefe da Casa Militar, ao
qual não estava subordinado, ultrapassando desta maneira o Ministro do Exército, seu comandante
direto.


Esta atitude manchou o conceito que o general Arnizaut conquistara nos campos de batalha da
Itália e evidenciou ligações espúrias entre os dois generais, comportamento que não honrou nenhum
dos dois.


Outra inverdade, levada ao Planalto pelo general Arnizaut, foi a de que o filho de Vitorino Freire


  • o ex-suplente de senador Luiz Fernando Freire - denunciara a hipotética confabulação, atribuindo a
    este o infame papel de delator.


Torna-se, portanto, indispensável a elucidação dos acontecimentos.

O ex-senador Vitorino Freire criara como filho o indivíduo Henrique Soares, a quem apoiara e
introduzira na política. Acompanhava-o o sr. Henrique em suas visitas, beneficiando-se do prestígio
e relações do velho cacique maranhense. Penetrou, assim, nos gabinetes ministeriais, lugares em que,
por insinuante, era complacentemente aceito. Nunca me inspirou confiança, no entanto, o meu
Chefede-Gabinete, general Bento, atendia-o com muita atenção e com ele palestrava longamente.
Freqüentava, consoante informações seguras, o ambiente palaciano, tendo acesso ao presidente
Geisel.


Um informe, nos meados do ano de 1977, dava-o como espião da Presidência da República, para
Free download pdf