desagrado pelo vínculo direto com o Comandante do 111 Exército, que ele estabelecera.
Findou-se, assim, num ambiente de incertezas e preocupações, o dia 11 de outubro.
OS SORRATEIROS PREPARATIVOS MILITARES
Justificando este estado de espírito, na calada da noite, graves decisões foram tomadas no campo
militar e movimentos de tropa realizados. Suas repercussões, porém, somente foram sentidas no dia
12.
Não podemos desprezar, portanto, para a exata compreensão da Farsa, em suas montagem e
execução, uma síntese das providências tomadas no campo militar e dos fatos ali ocorridos, antes do
dia 12, na noite de 11 para 12 e na manhã deste dia. Consegui, com este objetivo, fornecido por
oficiais de minha confiança que permaneceram em Brasília, um conjunto de informações - colhidas
pelo CIE e de boas fontes testemunhais - evidenciando a meticulosidade do preparo da operação que
o grupelho do Planalto empreendeu, visando à exoneração do Ministro do Exército. Destas
informações destaco, por confirmadas posteriormente, as mais interessantes.
- O Comandante da 1á Divisão de Exército - atual Ministro do Exército - determinou, talvez
cumprindo ordens do Comandante do I Exército, para a tropa da guarnição da Vila Militar, um
exercício de quadros no dia 12 de outubro. Esta espécie de exercício realiza-se normalmente apenas
com oficiais; desenvolve-se nas cartas topográficas e exige, constantemente, a ida dos participantes
ao campo para verificar o acerto das decisões tomadas e ajustá-las às realidades do terreno.
A tropa - sargentos e soldados - permanece no quartel, podendo esta exigência ser dispensada, a
critério de seu comandante. Quando ocorre esta circunstância os quartéis ficam vazios. Foi
exatamente a situação em que se encontravam as unidades da Vila Militar no dia 12 de outubro.
O exercício foi marcado com antecedência não sei de quantos dias, mas é preciso ser dotado de
ingenuidade virginal para acreditar em mera coincidência numa escolha que trazia a vantagem de
afastar naquela data, dos quartéis, comandantes e oficiais que me eram dedicados. Somente à tarde
soube a oficialidade do que se passara em Brasília. Tal medida, claro está, engastava-se
perfeitamente no plano concebido pelo Planalto.
Não sei até que ponto o general Walter Pires esteve envolvido na conspirata ou mesmo se dela
participou, entretanto, suas afinidades e relações com o general João Figueiredo e seu procedimento
após a Farsa deixam poucas dúvidas de que não estivesse a par, com antecedência, do que iria
acontecer.
Nesta hipótese, nivelo-o ao general Arnizaut, na traição que me fez, agravada pelo rompimento
abrupto dos laços de amizade que há mais de 40 anos mantínhamos - fiadores da confiança imerecida
nele depositada.