IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Se foi dado conhecimento, aos oficiais superiores da Base, das razões desta rigorosa
providência e quais foram estas, nunca consegui saber com precisão. Entretanto, assegurou-se,
posteriormente, que o coronel Nelson José de Abreu do O de Almeida, comandante da Base Aérea
de Anápolis, discordou em cumprir aquela ordem, tendo idêntico procedimento seu colega brigadeiro
Alberto Bins Neto, Comandante de Defesa Aérea. Tais sensatas e patrióticas recusas, se realmente
ocorreram, não teriam, na gama de especulações que pode ser feita, motivo mais plausível do que o
de evitar a absurda interferência da Aeronáutica na demissão de um ministro de outra Força,
violentando com medidas prévias e hostis a amizade fraternal e indestrutível que unia e une a
Aeronáutica ao Exército.


Todavia aviões sobrevoaram Goiânia, na manhã de 12, segundo informações, para fazer um
reconhecimento, em vista das notícias de que o 42° BIM estava se deslocando para Brasília.


Judiciosamente não é possível admitir que o tenente-brigadeiro Délio tenha emitido essa ordem,
não obstante afirmações ao contrário. Ele já era Ministro do STM e, agindo desta maneira, invadia a
área do Comando Geral do Ar, exercido àquela época, se não me falha a memória, pelo tenente-
brigadeiro Leonardo Teixeira Collares. Porém, se premido pelo devotamento ao presidente Geisel e
pela amizade do general Figueiredo tomou essa impensada decisão, arriscou-se a repetir o nefando
episódio de novembro de 1955, quando o desvario de um oficial, dominado pela paixão política,
colocou sob fogo da artilharia de costa o poderoso cruzador Tamandaré que, afrontando insólita e
insultuosa proibição, rompera corajosamente a barra do Rio de Janeiro, caturrando forte para o sul
com o Presidente da República a bordo. Os projéteis, graças à sabedoria divina, não atingiram a
soberba nave de guerra, mas o troar dos canhões ainda ressoa na consciência dos verdadeiros
brasileiros, como um dos mais abomináveis atos de insânia e irresponsabilidade que um militar
possa praticar.


Voltando às ocorrências de Anápolis - descritas, como já disse, por fontes fidedignas - tornam-
se imperativas duas indagações:



  • Que hecatombe aconteceria se a situação evoluísse desfavoravelmente ao governo e os Mirages
    entrassem em ação contra o 420 BIM e tropas de Brasília?

  • Como repercutiria no Exército esta intervenção agressiva da Força Aérea contra as Forças
    Terrestres?


Felizmente! Graças a Deus! a coragem moral e o patriotismo daqueles dois brilhantes oficiais da
Aeronáutica mataram no nascedouro essa lamentável possibilidade de choque entre as duas Forças
irmãs.


ALGUMAS POSSÍVEIS REAÇÕES MILITARES


Na manhã do dia 12, em várias guarnições militares, a situação era indefinível e oficiais de minha

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