- Mas... O general Calderari? Secretário-geral...
A minha surpresa não foi menor, todavia, controlando-me, disse-lhes:
- Ele foi... porém o Argus não irá...
Infelizmente, também foi...
ALGUNS CONTATOS TELEFÔNICOS E PESSOAIS
Beirávamos as três horas da tarde e compreendi que se frustrara a reunião do Alto Comando por mim
pretendida, dado que os generais não se apresentariam. No meu gabinete o afã era grande no sentido
de "limpar as gavetas" dos documentos inúteis, uma vez que a surpresa tinha sido geral. Havia
necessidade de deixar o gabinete arrumado.
Resolvi, pois, cumprir uma tarefa, mais sentimental do que obrigatória, de despedir-me dos
oficiais do Centro de Informações do Exército, do qual fora, na gestão Lyra Tavares, o organizador.
Órgão de extremos sacrifícios no cumprimento de sua difícil missão de bem informar, merecera de
mim todo o apoio. Fora alvo de contínua e intensa campanha difamatória por parte dos elementos de
esquerda e de seus "companheiros de viagem"; beneficiários permanentes do enfraquecimento das
instituições que defendem o regime democrático.
Dirigi-me, portanto, ao CIE e o que ali se passou já tive oportunidade de narrar em item anterior.
Encontrava-me falando aos oficiais quando o general Chefe do CIE avisou-me de um chamado
telefônico do general Bethlem, que acabara de assumir no Planalto o cargo de Ministro do Exército.
Atendi-o no gabinete do Chefe do Centro, presentes o general Campos e os coronéis Nilson Mello e
Mendonça, o primeiro meu assistente e o segundo subchefe do CIE:
- Pronto! Quem fala?
- É o Bethlem, Frota. Você deve estar muito deprimido com tudo isto...
- Deprimido por quê? Estou tranqüilo com a minha consciência, mas estou surpreendido com
você, meu amigo, que conhecia os meus pensamentos e que no momento de ficar com a Revolução
ficou com a TRAIÇÃO... - Não diga isto Frota...
- É isto mesmo...
- Quando é que você vai passar a função?
- Mais tarde! Agora não é possível, pois estão arrumando o gabinete. Eu fui surpreendido...