IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Chegamos a 1978, um ano depois dessa medida restritiva, com o panorama político
completamente alterado. O general Figueiredo, sagrado herdeiro da República pelo próprio Geisel,
precisava do ostensivo apoio dos militares seus adeptos a fim de sensibilizar e atemorizar as
correntes políticas e impressionar o povo. Nestas circunstâncias, o papel dos oficiais da reserva seus
endeusadores seria relevante. Tornava-se capital, pois, liberá-los dessas peias incomodativas. O
casuísmo, na sua função atual de cortesã, que atende a todos e a tudo, a qualquer hora, foi chamado às
pressas. Apareceu, então, assinado pelo próprio Geisel, o decreto de 24 de julho de 1978,
suspendendo a aplicação do Regulamento Disciplinar aos inativos das Forças Armadas. Como sói
acontecer nestas ocasiões - à semelhança da multidão que aguarda a abertura do circo e o invade,
com ou sem ingresso - todos os militares acharam-se com direito a opinar sobre a sucessão e a
excelência da escolha, tivessem ou não sido beneficiados pela medida. Militares da ativa falavam, e
falam ainda, prestigiando o general Figueiredo e enaltecendo atos do governo, quando o decreto de
1978 não lhes dava este direito que o decreto subseqüente iria cassar a todos.


Outra reviravolta ocorreu em 1979, com o novo presidente - beneficiário da legislação anterior -
, em face do comportamento dos oficiais da reserva que, não compreendendo a "grandeza" de seu
governo, obstinavam-se em criticá-lo.


Revogam-se os atos anteriores e vem à luz o decreto de 18 de abril de 1979, pegando o general
Hugo Abreu em flagrante delito disciplinar.


Esses são os Homens, essa é a Democracia Relativa.

O grande homem-herói, general Charles de Gaulle, cuja perspicácia e visão políticas marcaram a
História da França, tinha razão quando, segundo se diz e escreve, estigmatizou-nos com o ferrete da
ironia na frase: "O Brasil não é um país sério."

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