malogrados.
O general Afonso de Albuquerque Lima, militar de grande conceito no Exército, possuidor de um
passado de idealista, estivera sempre ao lado de Costa e Silva, e não lhe negara irrestrito apoio em
todas as circunstâncias. Foi nomeado Ministro do Interior, cargo dos mais espinhosos, mas adequado
à sua capacidade de trabalho e aos seus invulgares conhecimentos sobre o Nordeste, área em que se
acumulavam os problemas daquela pasta.
Dois anos passados começaram a surgir especulações sobre a sucessão de Costa e Silva, e entre
os nomes citados com insistência estava o do general Afonso. Ocorreu, todavia, que se esgotara o
tempo de permanência - de acordo com a lei - de Afonso, como general da ativa, nas funções de
ministro. Poderia continuar e esse, parece-me, era o desejo do presidente, porém deveria em vista
disso solicitar transferência para a reserva do Exército.
Esta situação não conviria ao generalAfonso, pois, na possível hipótese de sua candidatura ser
consolidada, preferiria concorrer à eleição como oficial-general da ativa.
As pressões no sentido de o presidente modificar a lei foram muitas, contudo, agindo com
firmeza, ele não cedeu e o general Afonso de Albuquerque Lima, praticamente rompido com Costa e
Silva, deixou o Ministério, pretextando razões administrativas.
Abria-se mais uma fenda na muralha da Revolução. Cindia-se o grupo do presidente, visto que o
general Afonso, que gozava de considerável prestígio entre a oficialidade mais jovem, ao afastar-se,
arrastou também seus admiradores e amigos, que foram ocupar uma área de opinião divergente do
governo.
E do valor e da consistência desse grupo podem dizer os que assistiram aos acontecimentos
abrangentes da eleição do general Emílio Garrastazu Médici.
Chegava, assim, a Revolução a 1969 fracionada pela ojeriza entre alguns de seus chefes,
debilitada pela ausência de ideais e convicções de outros e desprestigiada pelas insaciáveis
ambições de muitos.
Três grandes grupos já estavam nitidamente definidos naquela época: o do marechal Costa e
Silva; aquele que seguia o general Albuquerque Lima; e o denominado castelista, concentrado em
torno dos generais Geisel e Golbery, após a morte do marechal Castelo Branco.
A primeira destas correntes políticas, depois do falecimento do presidente Costa e Silva,
aglutinou-se em torno do general Médici, que passou a liderá-la.
Essa é uma esquematização de caráter geral, porque havia os ajuntamentos menores, que, sem
unidade de vistas, penduleavam de um lado para outro conforme os impactos conjunturais, como os
ditos "nacionalistas'; sempre preocupados com as multinacionais, a exploração do petróleo, o