ncontrava-me no cargo de Chefe do Estado-Maior da Divisão Blindada, que assumira logo
após a Revolução, quando fui promovido, em 25 de novembro de 1964, a general-de-brigada e, a
seguir, nomeado para comandar a 4z, Divisão de Cavalaria, retornando ao estado de Mato Grosso,
onde servira vinte anos antes.
O período pós-Revolução era de acentuada turbulência. O Ministério escolhido pelo marechal
não agradou, de modo geral, aos oficiais da corrente de opinião chamada de "linha-dura". Homens de
real valor intelectual e de reconhecidos predicados profissionais ali estavam reunidos; contudo não
possuíam alguns o ardor, o sentimento revolucionário que encoraja os lidadores das grandes
reformas. Vários deles tinham prestado serviços aos governos que, por corruptos e subversivos, nós
condenáramos, não merecendo, por isso, a nossa confiança para executar as árduas tarefas de uma
revolução que exigia, acima da ousadia, pureza de propósitos.
Aparecem nesse tempo, ainda no nascedouro, as primeiras fissuras da Revolução, alargadas por
incompreensíveis arranjos, injustificáveis incertezas na conduta política e imposições de caráter
pessoal.
Uma Revolução que acomodava soluções em torno de simpatias e ódios, que pedia apoio de
elementos da facção expurgada para realizar-se, mostrando-se vacilante, acabaria fatalmente por
transformar as fissuras iniciais em brechas por onde escapariam grupos dissidentes, enfraquecendo-
a.
Os dois principais chefes da Revolução - marechal Castelo Branco e general Costa e Silva - a
par de suas virtudes e relevantes serviços prestados à Pátria, possuíam formação e temperamento
diferentes, o que naturalmente induzia, em muitos casos, a decisões dessemelhantes.
Castelo traçava o seu comportamento rigorosamente dentro dos padrões e normas existentes e
tradicionais, enquanto Costa e Silva manifestava obediência às leis, mas não as tinha como dogmas
nem por indestrutíveis. No conjunto de suas características havia aquelas que os aproximavam e
outras que os afastavam; todavia, as resultantes não deixavam dúvidas sobre seus tipos de liderança.
O marechal Castelo era o modelo de chefe" institucional" talhado para as épocas de estabilidade, dos
frutos sazonados produtos de um plantio feliz. O general Costa e Silva definia-se em todos os seus
atos como chefe "dominante'; destinado a imperar nos períodos de desintegração e violência, em que
a acomodação é ridícula ingenuidade e a persuasão é estéril, durante os quais só a força é argumento