-A Brigada a partir de agora só cumprirá ordens minhas, de mais ninguém! Entendido?...
Estava praticamente revoltado.
O general Muricy sugeriu fosse procurar uma alta patente da Marinha - se não me equivoco o
almirante Rademaker - para que agíssemos de comum acordo. Houve um silêncio de expectativa,
intervalo entre duas ondas na arrebentação.
Falou de súbito o general Moniz de Aragão. Estava no extremo da mesa, próximo ao local em
que me encontrava. Afirmou que sempre defendera a legalidade e citou fases de sua vida para
comprová-lo. Somente em 1964, quando sentira ameaçada a nossa civilização e o regime
democrático pelo marxismo, tornara-se revolucionário. Tinha, portanto, o direito de exigir e de lutar
para que as conquistas daquele Movimento Militar fossem mantidas. Era preciso uma providência
enérgica e imediata, em vista da gravidade do momento. Então, num assomo de indignação,
compelido por seu temperamento emocional, disse:
- E... esta medida sairá, com ou sem o presidente...
Mal proferira esta frase, o ministro Lyra, como se fosse impulsionado por uma mola, levantou-se
e clamou:
- E sem o ministro também!
Esta cena insólita deixou-nos estupefatos. Vozes de todos os lados protestaram, voltando a
serenidade e o bom senso a dominarem o ambiente.
Poucos minutos mais durou a reunião. Autorizados pelo ministro, os generais Muricy e Syseno
saíram para cumprir missões, aquele na Marinha e este último junto a Costa e Silva, que não o
recebeu por já estar recolhido aos seus aposentos.
No dia seguinte, 13 de dezembro, o Conselho de Segurança Nacional, com apenas uma
discordância - do vice-presidente Pedro Aleixo -, aprovou o Ato Institucional n° 5, logo decretado
pelo presidente Costa e Silva.
Ao aproximar-se março de 1969, os militares da ativa que integraram o governo Costa e Silva
estavam obrigados por lei a abandonar os cargos ou a ser transferidos para a reserva do Exército.
Eram exatamente as posições dos ministros general Afonso de Albuquerque Lima e coronel Mario
Andreazza. Este solicitara passagem para a reserva, entretanto, o general Afonso, demonstrando
vontade de retomar sua carreira militar, apresentou ao presidente pedido de exoneração no qual
alegou, também, discordância da política econômico-financeira do governo.
O caso do general Afonso merece análise mais profunda, o que não caberá aqui; todavia, posso
dizer que seus amigos, com maior destaque seu Chefe-de-Gabinete, jornalista Porto Sobrinho,
empenharam-se na defesa da tese de que o cargo de Ministro do Interior fosse considerado de