Sabor Club - Edição 37 (2020-02)

(Antfer) #1

12 | Sabor. club [ ed. 37 ]


O Mocó foi concebido pelo chef Aluísio Sabino
e pelo sommelier Marcelo Alves (pág. anterior).
Gostoso e descontraído, tem comida boa,
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inferior. Há um burburinho que vem dali.
É o Mocó, bar de tapas e vinhos, com um
balcão com bancos para umas 8 pessoas,
na área meio abaixo dos degraus. Há ainda
uma mesa alta sob um teto de vidro, com
vista para o céu e para uma quantidade de
verde, realmente inesperada. A vegetação
continua num quintal que segue para o fundo
do terreno, charmosamente iluminado com
alguns spots de luz.
E, se o clima é ótimo, não demoro para
descobrir que os tais vinhos e tapas são
melhores ainda. O lugar foi concebido pelo
cozinheiro Aluísio Sabino e pelo sommelier
Marcelo Alves, que buscavam um lugar
pequeno e descontraído, no qual as pessoas
pudessem simplesmente conversar, comer
e beber bem.
Aluísio é paulista mas fez a carreira em
Porto Alegre, cozinhando com gente muito
boa e acabou montando um dos bufês
mais procurados da capital gaúcha. É um
cozinheiro atento aos detalhes, aos tempos
de cocção, a temperos inesperados que dão
um toque no que serve, sem descaracterizar o
prato. A carne assada com um molho denso
e saboroso que como com sourdough de
qualidade, depois ele revela, é finalizado com

molho de ostras, ao final de quase 40 horas
de cocção em fogo baixo.
Há crudos também. Além de bons
embutidos e queijos artesanais brasileiros.
Eles fazem o casamento perfeito com os vinhos
biodinâmicos ou naturais que o Marcelo
apresenta taça por taça – com o maior interesse
e até uma certa empolgação. Os rótulos são
feitos por pequenos produtores que encontram
notas muito especiais em blends inusitados,
como o (bom) espumante com Chardonnay
e Cabernet Sauvignon, e monovarietais que,
por vezes, nos enganam por trazer uma casta e
parecer ser feito de outra.
Escondidinho e muito agradável, no
fim das contas, o Mocó me faz sair de lá,
já lambendo a madrugada, depois de uma
deliciosa degustação de seis ótimas taças.
E tentado a voltar na tarde seguinte, um
sábado, quando terá jazzinho ao vivo.
Na finalização desta edição, o Aluísio
comunicou que o Marcelo não participará
mais da operação, mas que a linha do Mocó
continua a mesma.

Mocó – Rua Mateus Grou, 597, Pinheiros,
São Paulo – SP. Qui. e sex. das 18h às 0h.
Sáb das 11h às 20h

|| Sabor. club [ ed. 37 ]

O que são
os vinhos
naturais?
São aqueles
produzidos com
mínima intervenção
química possível

A frase “vinho natural”
é uma das mais
controversas da
indústria. Todo mundo
gostaria de pensar
que seus vinhos são
naturais, mas alguns
têm mais impressões
digitais do que outros.
Quase que do dia
para noite, parece,
isso se tornou um
ponto crucial das
conversas.
Para os
fundamentalistas,
vinho natural é
simplesmente o
mosto da uva de
vinhas orgânicas que
fermentaram com
leveduras naturais e
sem intervenção de
qualquer tipo.
No entanto,
intervenções
responsáveis,
feitas por grandes
enólogos, continuam
produzindo grandes
vinhos. E aí? O
negócio é não ter
radicalismo e apostar
sempre na qualidade,
com credibilidade.
Se estamos
preocupados com
o que vai dentro do
vinho, vamos ler
rótulos, buscar bons
produtores, sabendo
que há, sim, um novo
caminho a seguir.
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