National Geographic - Portugal - Edição 227 (2020-02)

(Antfer) #1

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Amigos reúnem-se
no velório de Henry
Galloway, residente em
Africatown a vida inteira
e que morreu aos
64 anos de doença
pulmonar crónica.
A sua irmã, Mattie
Galloway, afirma que
ele estava prestes a
reformar-se quando
morreu. “Achei que ele
merecia viver mais um
bocadinho, mas Deus
não comete erros.”

urbanização construída na década de 1960, a que
os moradores chamavam Happy Hills, apresenta-
-se entaipada e com demolição anunciada. Edifí-
cios da indústria pesada (incluindo indústrias
químicas, um parque de tanques de petróleo e a
única fábrica de papel restante) ladeiam a zona
ribeirinha e cercam a comunidade. A ponte de Afri-
catown, de quatro faixas de rodagem, finalizada
em 1991, foi construída sobre o coração do centro
de negócios da cidade. A congestionada Bay Bridge
Road divide agora a comunidade ao meio, sepa-
rando a histórica Igreja Baptista de Union Missio-
nary do cemitério onde se encontram enterrados
vários dos seus fundadores africanos.

Os estudantes andavam de uniforme três vezes
por semana e eram treinados nos “cinco bens”:
“Vestir bem, falar bem, ler bem, viajar bem,
ser bem equilibrado”, conta o meu interlocu-
tor, que hoje dirige a associação de antigos
alunos da escola.


HOJE, AFRICATOWN É UMA SOMBRA do que foi
antigamente: são quarteirões de pequenas casas
dilapidadas, polvilhados, aqui e além, por mora-
dias de tijolo com flores no jardim. Cerca de
metade das casas encontram-se ocupadas: o
estado das restantes oscila entre o desocupado e
o condenado à demolição. Uma grande

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