Fotografe - Edição 281 (2020-02)

(Antfer) #1

64 Fotografe Melhor no 281


MATÉRIA DE CAPA


Trabalhador na colheita
do algodão em Arizona,
Estados Unidos, 1940

POR ÉRICO ELIAS

ocumentar o real para
ajudar a compreendê-lo
e transformá-lo. Essa foi
a grande marca da obra da fotógrafa
Dorothea Lange (1885-1965),
americana nascida em New Jersey
em uma família de origem alemã. Ela
é a protagonista de uma exposição
retrospectiva intitulada “Dorothea
Lange: words and pictures”, prevista
para o Museu de Arte Moderna
(MoMA) de Nova York, de 9 de
fevereiro a 2 de maio de 2020.
Lange deu os primeiros passos
na fotografia em um estúdio que

Retrospectiva da fotógrafa
americana Dorothea Lange
no MoMA de Nova York
resgata a força documental
das fotografias e das
mensagens por ela deixadas

D


Imagens e


palavras


atendia às classes mais abastadas de
São Francisco, Califórnia, costa oeste
do país. Sua abordagem mudou
radicalmente no início da década de
1930, quando passou a se interessar
pelo registro das ruas e se deparou
com as consequências devastadoras
da Grande Depressão, período que se
seguiu ao crash da bolsa de Nova York,
ocorrido em 24 de outubro de 1929.
Uma das imagens mais marcantes
desse período, realizada em 1932,
mostra a fila do pão em White Angel,
São Francisco. Tomada de um ângulo
ligeiramente elevado, sintetiza sua

força em um homem no primeiro
plano, que olha desolado para algum
lugar perdido. Sem retirar a dignidade
do personagem, Lange conseguiu
expressar a aspereza de suas
condições: a fome e o desemprego.
Em 1935, Lange se separou do
primeiro marido, o pintor Maynard
Dixon, com quem teve dois filhos,
e casou com o economista Paul
Schuster Taylor. Essa mudança na
vida privada também se refletiu na
transição da fotografia de estúdio
para a fotografia documental e teve
desdobramentos em sua obra.

Fotos:

Dorothea Lange
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