Sabor Club - Edição 38 (2020-03)

(Antfer) #1
Sabor. club [ ed. 38 ] | 19

“Quando não havia luar,
dizíamos que a candeia
de Nossa Senhora não tinha
azeite”. A frase está nas Memórias
da Irmã Lúcia, a freira que foi a última
vidente das aparições da Virgem Maria
no Santuário de Fátima. Pois é num raio
de 30 quilômetros do local sagrado, na
pequena cidade portuguesa, que nascem
há séculos as azeitonas transformadas em
óleo de qualidade elevada pela Coperativa


Oleicultores de Fátima.
Se o misticismo gera
encanto sobre os ingredientes
locais, o Museu do Azeite recebe mais
turistas a cada dia na região, interessados
na origem do produto. E a fabricação
atual segue os mesmos parâmetros
da realizada nos antigos lagares em
exposição, com a extração mecânica
realizada logo após a colheita, sem a
utilização de nenhum produto químico,
ou alteração da temperatura.
É dessa forma que as variedades
locais de oliva Galega, Verdeal e
Lentisca, colhidas em diferentes estágios
de maturação para o equlíbrio do
‘blend’, têm preservados os compostos
voláteis que trazem na polpa, levando sabores
e aromas frescos às garrafas do azeite Fátima,
um extra virgem com acidez de 0,4% que
encantou o português Manuel Chicau, dono
da importadora Adega Alentejana, hoje
especializada também em azeite.
“Conheci na mesa do Tia Alice, um
restaurante mágico em Fátima (veja quadro).
A dona tem 85 anos e toca o lugar com
a família. Provei o azeite e procurei os
produtores para fechar negócio, e trazê-lo
para o Brasil”, diz Manuel. E avalia: “É um
azeite bem frutado, que lembra maçã verde,
com aquela sensação da grama recém-cortada.
As notas amargas e picantes estão bem
equilibradas na boca”.

Santo azeite
Ele vem de Fátima, em Portugal, e é uma joia
produzida em antigos lagares, como sempre foi

Mesa dos deuses
Tia Alice é parada obrigatópia para
quem vai à Fátima
A enorme população de visitantes que
passam por Fátima, vão até lá para conhecer o
Santuário da Virgem milagreira, certo?
Não exatamente. Pertinho dele, o Tia Alice,
onde a D. Alice Marto cozinha há mais de 30
anos, é parada obrigatório para quem gosta
da boa mesa. Tão boa que há quem diga que
é o melhor restaurante de Portugal.
Não é exagero. Seja pelo ambiente
elegante, pelo serviço impecável,
pela notável carta de vinhos e,
claro, pelos pratos da D. Alice. Eles
são pecaminosos de tão bons,
todos seguindo a mais pura tradição
da culinária lusa, preparados com
enorme distinção. Fazem sucesso o bacalhau
gratinado com camarão, o arroz de pato do
campo ou o de robalo e tamboril. Além do bolo
do convento, com os clássicos ovos e açúcar,
crocante por fora e macio por dentro.
Tia Alice – Av. Irmã Lúcia de Jesus, 152, Fátima, Portugal

O que você
precisa saber
sobre azeite

Da mesma forma
que o vinho, o bom
azeite exibe variada
paleta de aromas, e
merece ser degustado
puro para avaliação. Há
notas frutadas como
maçã, banana e tomate,
e sensações do amargo
ao picante, com maior ou
menor complexidade e
harmonia.

Azeites distintos
pedem pratos diferentes,
seja durante o preparo
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os sabores do óleo
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A harmonia ocorre
principalmente quando
as notas do azeite
complementam as do
prato.

A acidez não
é parâmetro sensorial,
percebido na degustação.
É aferida no laboratório.
Ou seja: podemos gostar
de azeites com a acidez
um pouco mais alta. Nos
extra virgens ela é menor
que 0,8%, indicando
produto mais puro, livre
de oxidação e saudável.

O azeite deve ser
mantido em lugar fresco e
protegido de fontes de luz
como a do sol. É um erro
comum deixá-lo perto
do fogão, porque o calor
acelera a oxidação e a
deteriorização do produto.

Assim como
um suco de fruta, o
bom azeite precisa ser
fresco, e o ideal é que
seja consumido até um
ano após a fabricação,
para que suas melhores
propriedades sejam
aproveitadas.

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