Sabor Club - Edição 38 (2020-03)

(Antfer) #1

50 | Sabor. club [ ed. 38 ]


Você sabia?
O roteiro do filme
foi baseado em
conto da escritora
dinamarquesa Karen
Blixen, de 1950. Na
época de acentuado
machismo, ela
assinava seus textos
como um autor
masculino: Isak
Dinensen.


  • O papel de Babette,
    interpretada
    por Stéphane
    Audren, havia sido
    oferecido
    a Catherine
    Deneuve. Ela o
    recusou por
    falta de sex appeal.

  • O uniforme de
    Babette foi feito
    pelo lendário
    estilista Karl
    Lagerfeld

  • É o filme preferido
    do Papa Francisco


“Ela era capaz de transformar um jantar numa espécie de caso de amor, numa
relação de paixão onde era difícil diferenciar o apetite físico do espiritual”. Assim
o personagem do general define, durante uma das refeições mais famosas da
história do cinema, a cozinheira que o havia encantado no mítico Café Anglais, em
Paris, e se tornara criada de duas irmãs em comunidade religiosa de península na
Dinamarca, em 1871.
Cinéfilos e gourmets se ouriçam pelo mundo afora desde que o site Deadline
revelou que a mesa será posta novamente para a Festa de Babette. Produção norte-
americana dirigida por Alexander Payne, do premiado Sideways – Entre Umas e
Outras, a refilmagem do clássico dinamarquês de 1987, que arrancou lágrimas dos
espectadores sobre o poder transformador e afetivo da gastronomia, vai levar menu
renovado à cozinha da protagonista.
A trama original, onde uma comunidade extremamente religiosa é desafiada (e
deliciada) pelo menu ‘pecaminoso’ preparado por uma fugitiva da guerra civil na

França, será transposta para uma comunidade rural de Minnesota, nos EUA. E a
protagonista será uma refugiada, num dos estados americanos onde são mais tensas
as questões envolvendo imigrantes.
A responsabilidade da nova produção é grande na recriação da refeição triunfal
que desata os nós repressores, porque a imaginação voa lembrando de pratos como
a Codorna no Sarcófago (recheada com trufas negras e foie gras, em ninho de massa
folhada), ou a sopa de tartaruga gigante, no jantar regado a champagne Veuve
Clicquot 1860, e tinto Clos Vougeot 1845, entre outras pérolas.
“Um artista nunca é pobre”, é a frase de Babette que alimentou cozinheiros
pelo mundo afora, dita após a revelação de que havia gasto todo o dinheiro ganho
na loteria com o jantar de 10 mil francos. Enquanto isso, na tela grande, todos
cantavam de mãos dadas sob as estrelas. E não é assim que deveríamos encerrar
nossos jantares inesquecíveis?

Produção norte-americana dirigida por Alexander Payne, de Sideways –
Entre Umas e Outras vai levar menu renovado à cozinha da protagonista
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