Elle - Portugal - Edição 378 (2020-03)

(Antfer) #1

34 ELLE PT


ESTILO


á quase seis anos que Nicolas Ghesquière está à
frente das coleções femininas da Louis Vuitton.
Para assinalar a data, o criador presenteou a ELLE
com um convite para conhecer e partilhar o seu
universo estilístico, pessoal e íntimo, entre as
pessoas que ama e os lugares que lhe são queri-
dos: o bar Hemingway, refúgio sofisticado do Hotel Ritz de
Paris; o seu escritório pessoal, no cais Voltaire; a sua casa no
Marais; ou o edifício-sede da Louis Vuitton, na rue du Pont
Neuf. Um passeio que, de certa forma, simboliza o percurso
do designer, que no ano passado anunciava a renovação do seu
contrato com o grupo LVMH da seguinte forma: «São mo-
mentos que fazem parte da minha realidade, construí relações
e amizades com todas estas pessoas. É a minha família, uma
família da moda, é um facto, mas é verdadeiramente a minha
família. A minha vida e o meu trabalho estão estreitamente
ligados e, aliás, com muita alegria. Todas estas pessoas são
próximas. Tenho diferentes interações com cada uma delas,
mas todas me acompanham. As suas diferenças inspiram-me.
São todos criativos nos seus respetivos domínios. As nossas

histórias entrelaçam-se. Podemos ter discussões acesas, con-
cordar, discordar... É uma grande sorte.»
Quer seja muito conhecida do público ou próxima do criador
porque trabalha no seu estúdio, cada uma das pessoas aqui
presentes faz parte do quadro de Nicolas Ghesquière. «No
fundo, é um apanhado da minha vida», diz o criador. A icónica
Grace Coddington «que conheço há mais de 20 anos e com
quem me encontro sempre que estamos na mesma cidade».
Atrizes como Jennifer Connelly, que conheceu quando criou o
seu vestido para os Óscares em 2002 (em que ganhou o prémio
pelo seu papel em Uma Mente Brilhante) e que, desde então, se
tornou uma verdadeira amiga. A fascinante Alicia Vikander. Léa
Seydoux, «Magnífica! A sua sensibilidade para o meu trabalho
enriquece-me muito. Adoro a ligeireza e o humor dela!» Doona
Bae, a emocionante comediante sul-coreana. Marina Foïs, a
superamiga. Justin Theroux, o grande amigo. Jaden Smith,
adorável. Stacy Martin e Ruth Negga, que descreve com ale-
gria: «Com elas, há algo de natural, uma conversa sem cortes,
sem pensar no que se vai dizer.» O criador evoca igualmente
o artista Woodkid, «que acabou de entrar na minha história
e com quem tenho conversas apaixonantes sobre música».
O jogador de futebol japonês Hidetoshi Nakata: «Quinze anos
de amizade!» E depois há os colaboradores muito próximos,
aqueles que participam de perto no seu trabalho, que conhecem
os segredos da sua criação. Florent Buonomano, que é o seu
precioso braço direito, fornece e organiza todo um conjunto
de ideias, desde a elaboração das coleções à cenografia dos
desfiles: «Começámos a trabalhar juntos quando ele tinha
19 anos. Hoje tem 31.» Marie-Amélie Sauvé, grande escritora
de moda e amiga de sempre. Nicolas Ghesquière garante que
estas longas histórias são elementos essenciais do seu talento:
«Preciso de grande fidelidade, preciso de pactos de amizade.
A moda é uma paixão que devora e que consome muito tem-
po. Por isso, ter a sorte de estar rodeado de pessoas que me
compreendem e com quem posso partilhar dá-me uma grande
qualidade de vida.» E, depois, há ainda Natacha Ramsay-Levi,
hoje diretora criativa da Chloé, e Julien Dossena, designer da
Paco Rabanne, que fizeram a “educação estilística” ao seu lado.
É quase comovente a dificuldade que Nicolas Ghesquière tem
em aceitar ser uma figura tutelar: «Eu admito, tenho dificul-
dade em deixar partir aqueles de quem gosto. Porque eles
cresceram comigo e eu também evoluí com eles. Bebemos da
mesma garrafa. Só agora começo a perceber que, eu próprio,
posso dar origem uma filiação criativa.»
Nicolas Ghesquière fala-nos sobre o seu período na Jean
Paul Gaultier, que foi a sua escola: «Na verdade, é daí que
eu venho, é essa a minha origem. Não fiquei muito tempo na
Jean Paul Gaultier e tive um papel menor, mas reivindico-o
porque tenho muito orgulho de ter passado por essa Maison.
Jean Paul Gaultier foi um pioneiro, e eu reconheço-me nesse
espírito, insiro-me nessa linha de pensamento.»

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