Aero Magazine - Edição 309 (2020-02)

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deve criar uma nova categoria
de voos longos e, no momento,
não tem um concorrente que se
equipare nos quesitos capacida-
de, alcance e custo operacional.

LONGO ALCANCE
Apesar de novo, o projeto do
A321neo já recebeu incremen-
tos. O menor consumo dos no-
vos motores do avião gerou um
aumento imediato no alcance do
avião, que pode chegar a 6.000
quilômetros (sem ACTs). Mas,
em sua configuração original,
o A321neo ainda não se iguala
ao Boeing 757, que, apesar de já
estar fora de produção, sempre
foi popular em rotas de longa
distância cuja demanda de pas-
sageiros não viabilizava o uso de
um widebody. Isso mudou com
a nova versão A321LR (Long
Range), que possui provisão para
a instalação de até três novos
ACTs (dois no porão traseiro
e um no dianteiro), elevando a
capacidade máxima de combus-
tível a 32.853 litros. O MTOW
subiu para até 97 toneladas.
Com a versão LR, é possível
voar 7.400 quilômetros com 206
passageiros e suas respectivas
bagagens a um custo por assento

Denominado
A321XLR (Xtra Long
Range), foi lançado
oficialmente durante
a feira aeronáutica de
Le Bourget de 2019


25% inferior ao do Boeing 757.
A Airbus entregou o primeiro
exemplar para a empresa aérea
israelense Arkia em novembro
de 2018. Hoje, Norwegian, TAP
Portugal, Jetblue, Air Transat,
entre outras empresas, preten-
dem operá-lo em rotas sobre o
oceano Atlântico.
O A321LR se provou uma
aeronave bastante versátil, uma
vez que o operador pode ajustar
o alcance e o payload conforme
a demanda de mercado. Em
épocas de alta demanda por
voos curtos, podem ser instala-
dos mais assentos e retirados os
ACTs – uma operação que leva
em média oito horas. Caso haja a
necessidade de voos mais longos,
adicionam-se ACTs depois de
se retirar ou substituir alguns
assentos de classe econômica por
modelos business. Com custos
por viagem muito inferiores
aos de um widebody, o A321LR
cumpre rotas que não seriam
viáveis com aeronaves maiores.
Cidades que antigamen-
te tinham apenas um ou dois
voos semanais para o exterior
puderam ganhar mais frequên-
cias. Como exemplo, a TAP Air
Portugal substituiu os A330 por

A321LR na ligação Lisboa-Be-
lém, passando de dois para três
voos semanais (quatro na alta
temporada). A rota Lisboa-Natal
passou de quatro voos semanais
com o A330 para um voo diário
com o A321LR. Outra cidade
que se beneficiou foi Maceió, que
passará a ter três voos semanais
para a capital portuguesa a partir
de junho.
De fato, o A321LR abriu um
novo mercado ligando cidades
sem que os passageiros tenham
de passar por hubs e permitindo
a criação de voos transatlânti-
cos “low cost”. Além disso, ao
contrário do que se imaginaria,
voar longas distâncias em um
narrowbody pode se revelar
mais confortável do que em um
widebody. Como nesses voos o
payload é limitado pela quanti-
dade necessária de combustível,
as configurações de assentos
acabam sendo mais espaçosas,
mesmo na classe econômica. A
TAP Air Portugal configurou
seus A321LR com 171 assen-
tos, oferecendo acomodações
business iguais às que equipam
os A330. Há até uma empresa
aérea francesa, a La Compagnie,
que voa entre Paris-Orly e Nova
York-Newark com um A321LR
configurado com apenas 76
assentos full flat, em um arranjo
extremamente confortável.

AINDA MAIS LONGE
Desde 2015, a Boeing cogita-
va lançar um novo modelo de
avião. Incialmente chamado de
NMA (New Midsize Aircraft), o
jato cobriria o segmento entre
as menores versões do 787 e as
maiores versões do 737 MAX,
que, por limitações da estrutura
e trem de pouso, nunca foram
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