62 |^ MAGAZINE^308AVIAÇÃO REGULAR
CLIMA
INSTÁVEL
Iata ensaia resposta a movimentos antiaéreos liderados
por ativistas ambientais enquanto espera fechar a
década com todos os anos no azul na média mundialPOR | GIULIANO AGMONT, DE GENEBRA
A
Associação Interna-
cional do Transporte
Aéreo (Iata, na sigla
em inglês) completa
75 anos de existência
em 2020, mais precisamente no
mês de abril. Fundada em Havana,
capital de Cuba, a entidade surgiu
na esteira da Convenção de Chica-
go, o tratado global que estabele-
ceu as bases da aviação civil como
a conhecemos hoje. Sem cerimô-
nia, a Iata lembrou da data durante
a reunião que promove todo fim
de ano com jornalistas do mundo
inteiro em sua sede de Genebra, na
Suíça, para apresentar balanços e
perspectivas da indústria.O evento aconteceu em
um momento delicado para
o transporte aéreo mundial,
não só pela crise envolvendo
o Boeing 737 MAX, mas, tam-
bém, e principalmente, porque
a alguns quilômetros dali, em
Madri, na Espanha, ocorria a
Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas,
a COP 25, com a presença da
ativista sueca Greta Thunberg,
que estava na capa da revista
Time como personalidade do
ano e havia cruzado o oceano
Atlântico em um barco a vela
para protestar justamente con-
tra as viagens aéreas.CARBONO
Apesar de as teses em torno
das mudanças climáticas ainda
dividirem opiniões, o lobby
do movimento ambiental já se
mostrou poderoso o suficiente
para interferir nos negócios,
sobretudo nos de uma indústria
com atuação global como é o caso
da aviação. O diretor-geral e CEO
da Iata, o francês Alexandre de
Juniac, sabe disso. Representante
de 290 empresas que respondem
por 82% do tráfego aéreo mun-
dial, ele dedicou grande parte de
seu discurso de abertura para a
questão ambiental. “O carbono é
o inimigo, não o voo”, enfatizou