Aero Magazine - Edição 308 (2020-01)

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potência, eles precisam de baterias
maiores e mais pesadas, o que
interfere no voo. Por isso, a meta é
criar projetos com alcance suficien-
te para cumprir boa parte das rotas
hoje operadas por grandes jatos.

NO AZUL
No âmbito econômico, o econo-
mista-chefe da Iata, Brian Pierce,
anunciou uma revisão para baixo
da expectativa de lucro global do
setor aéreo em 2019, caindo de 28
bilhões de dólares para 25 bilhões
de dólares. Para 2020, a estima-
tiva é de lucro de 29,3 bilhões.
Se se confirmar o resultado, a
década de 2010 terminará com
todos os anos fora do vermelho
para a aviação. A previsão de
receita para o ano que vem é
de 872 bilhões de dólares, um
aumento de 34 bilhões em relação
a 2019, atingindo 7,72 bilhões de
passageiros. As empresas aéreas
empregam quase 30 milhões de
pessoas em todo o mundo.
Segundo a Iata, o PIB global
deve ser de 2,7% neste ano, com
crescimento do comércio de 3,3%
e menos tensões geradas por

guerras comerciais e instabilida-
des políticas. O preço médio do
barril de petróleo ficou em 65 dó-
lares (Brent) em 2019 e deve cair
em 2020 para 63 dólares por bar-
ril, pelo menos em uma estimati-
va anterior à crise entre Estados
Unidos e Irã. Já o querosene de
aviação deve ter uma leve queda,
para 75,6 dólares por barril. “O
gasto do setor com combustível
deve ser de 182 bilhões de dólares
e representará 22,1% das despe-
sas”, informa a Iata.

AMÉRICA LATINA
A Iata apresentou números que
mostram que o desempenho
econômico de uma região tem
relação com sua malha aérea. “A
economia depende de eficiência
em conectividade”, disse Brian
Pierce. Um recado para regiões
menos desenvolvidas como a
América Latina, que ficou no
vermelho em 2019, com déficit
de 400 milhões de dólares. Para
2020, a Iata espera que as com-
panhias aéreas se beneficiem da
recuperação de 1,8% prevista pelo
FMI, com crescimento mais forte

no Brasil e no México e quedas
menos acentuadas na Argentina
e Venezuela. “Isso representa um
balanço positivo de 500 milhões
de dólares”, diz a entidade.
Para Peter Cerdá, vice-presi-
dente regional da Iata, responsável
pelas Américas, o tráfego aéreo
deve dobrar na região nos próxi-
mos 20 anos. “Alguns países como
o Panamá, que tem um governo
pró-aviação, um hub forte como
Tocumen e uma empresa aérea
robusta como a Copa, deve ter um
crescimento médio de 5,5% ao ano
em duas décadas”, diz o executivo.
Para o Brasil, a expectativa é de
acréscimo de 105 milhões de novos
passageiros até 2038. “O Brasil
também tem potencial consideran-
do que o número de viagens per
capita no país é de apenas 0,5 por
habitante. Na Espanha são 4,4 e no
Canadá, 2,6. O Chile tem 1,2 e o
Panamá, 1,3”.

DESAFIOS
Para a Iata, o crescimento da
América Latina depende de cinco
fatores: melhor infraestrutura
aeroportuária e de controle de
tráfego aéreo, menos tarifas, taxas
e impostos, normas mais inteli-
gentes, incremento de segurança
e redução de fraudes. A questão
da infraestrutura é especialmente
crítica em relação aos ambien-
tes de tráfego aéreo de próxima
geração (Next Gen). Segundo a
Iata, a região está bem atrasada
nesse quesito. Já o problema das
taxas recai sobretudo no preço do
combustível, especialmente no
Brasil. Um fenômeno novo que
chama a atenção da entidade diz
respeito às leis e à “judicialização”.
“Nesse quesito, o Brasil é o pior
lugar do mundo para se operar.
Muitas vezes as empresas têm de

NÚMEROS
PAR A 2020^

23.162 CIDADES
com conexões diretas
atendidas pelas
companhias aéreas


US$ 908 BILHÕES
de gastos de
consumidores e
empresas com
transporte aéreo


US$ 7,1 TRILHÕES
transportados pelo
comércio


US$ 968 BILHÕES
gasto com turismo
associado a viagens
aéreas


US$ 136 bilhões
para os cofres
dos governos em
impostos e taxas


O economista-chefe
Brian Pierce: “A
economia depende
de eficiência em
conectividade”
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