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PINGUE-PONGUE
Peter Cerdá, vice-presidente
regional da Iata para as Américas
As low costs vão entrar
no mercado doméstico do Brasil?
O Brasil precisa eliminar barreiras
em termos de custos e regulamentos
para atrair essas novas empresas.
Quando fizer isso, vai crescer. Veja o
que aconteceu com Peru, Colômbia,
Chile e Argentina. A ‘ judicialização’
e a falta de alinhamento a normas
internacionais afugentam as low
costs, porque o custo aumenta muito.
O mesmo vale para impostos, taxas
e tarifas. Isso prejudica o sistema e
penaliza o passageiro, pela falta de
competitividade e preços elevados.
Por favor, explique.
O Brasil tem plenas condições de se tornar
um líder global. São 200 milhões de
pessoas fazendo milhares de voos. Só que
os canadenses voam três vezes mais do
que os brasileiros. Para crescer, a aviação
brasileira precisa de custos competitivos,
regulação global e o governo trabalhando
próximo da indústria. Há oportunidades
de surgimento de novos hubs, além de
São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso de
Fortaleza, Recife, Natal e outros. Há
oportunidades no futuro. Mas é preciso
parar de discutir temas como bagagens
ou novas restrições. Tem de pensar no
passageiro e crescer. Se os preços dos
bilhetes caem, o número de voos sobe e as
conexões também.
Qual o impacto da
saída da Avianca Brasil?
O mercado brasileiro já assimilou a
saída da Avianca e está estável. Deve
crescer 4% em 2020.
E quanto ao 737 MAX?
A expectativa é que volte a voar e as
companhias possam expandir serviços,
com mais conexões. Hoje, estão
limitadas porque não têm a aeronave,
como é o caso da Gol.
pagar por danos
morais sob os quais
não têm controle,
como falhas do
sistema de controle
de tráfego”, critica
Cerdá. Por fim, há a
questão das fraudes na compra e
reserva de passagens, que custam
cerca de 1,4 bilhão de dólares por
ano para a indústria.
O CEO da Iata também
falou sobre o Brasil. Comentou
a falência da Avianca Brasil.
“Falências acontecem no mundo
todo. Somos uma indústria muito
frágil. As pessoas têm dificuldade
de entender isso, especialmente
os políticos. Não temos muito
dinheiro. Temos muito receita,
mas poucas margens, pouco lu-
cro”, diz Juniac. “No Brasil, há um
agravante. O custo de operação é
muito alto. A começar pelo custo
do combustível. Temos também
tarifas elevadas, especialmente as
aeroportuárias. Além disso, é um
país grande. Não é fácil”.
737 MAX
Na conferência sobre seguran-
ça de voo, o tema principal foi
o caso do Boeing 737 MAX. O
vice-presidente sênior Gilberto
López Meyer, responsável pela
área de Segurança e Operação
de Voo da Iata, disse que voou
o simulador do novo jato e está
convencido de que a situação
tende a se resolver da melhor
forma possível. “A ocorrência
de dois acidentes com o mes-
mo modelo de avião em um
intervalo tão curto de tempo é
algo realmente muito raro”, re-
conheceu López. “A confiança
no avião será decisiva para
que volte a voar. Até porque
o processo de certificação é
crítico, e não só para o Boeing
737 MAX, mas para todas as
futuras aeronaves”. A iata tam-
bém destacou a preocupação
com o transporte de baterias
de lítio e a vulnerabilidade
cibernética do sistema
de aviação.
Gilberto López
Meyer: “A
confiança no 737
MAX será decisiva
para que o avião
volte a voar”