Agatha Christie - Cartas na Mesa

(Antfer) #1

— Ah! se eu tivesse um pouco de Brasso e um
pedaço de pano — murmurou consigo mesmo.
Transida de emoção, a criada reapareceu,
convidando Poirot a entrar.
Conduziu-o a uma sala no primeiro andar — uma
sala meio escura, cheirando a flores murchas e
cinzeiros não esvaziados. Havia farta quantidade de
almofadas de seda de cores exóticas, todas
necessitando de limpeza. As paredes eram de um
verde esmeralda e o teto de uma imitação de cobre.
Uma mulher alta, bastante bonita, estava parada
junto à lareira. Adiantou-se e perguntou numa voz
rouca e grossa:
— Monsieur Hercule Poirot?
Poirot fez uma mesura. Adotou um
comportamento que não era bem o seu. Mostrou-se
não só estrangeiro como ostensivamente
estrangeiro. Seus gestos eram positivamente
barrocos. Lembravam de leve, muito de leve. as
maneiras do falecido Mr. Shaitana.
— Por que o senhor queria falar comigo?
Poirot fez nova mesura.
— Permite que me sente? Vai levar um pouco de
tempo...
Ela indicou-lhe um sofá com impaciência e depois
sentou-se também, na beirada.

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