Agatha Christie - Cartas na Mesa

(Antfer) #1

Mrs. Oliver interrompeu-o.
— Pra ser franca, não ligo a mínima bola pra
veracidade. Quem é verídico, hoje em dia?
Ninguém. Se um repórter escreve que uma bela
moça de vinte e dois anos morre acendendo o gás
depois de contemplar o mar e despedir-se de Bob,
seu Labrador favorito, alguém porventura reclama
que na verdade tinha vinte e seis anos, o quarto
dava pro campo, e o cão era um ratoneiro chamado
Boonie? Se um jornalista se permite esse tipo de
coisa, não vejo que importância tenha que eu
confunda a hierarquia policial, diga revólver
quando quero dizer automática, dictógrafo quando
me refiro a fonógrafo. e use um veneno que apenas
deixa a gente balbuciar algumas palavras
moribundas e mais nada.
"O que realmente importa é uma porção de
cadáveres! Quando a coisa começa a ficar
enfadonha, um pouco de sangue anima tudo.
Alguém está prestes a revelar uma coisa... e aí morre
primeiro! Isso sempre causa impacto. Acontece em
todos os meus livros... dissimulado de mil maneiras
diferentes, claro. E os leitores gostam de venenos
indecifráveis, inspetores de polícia burros, moças
amarradas em porões, onde o gás ou a água do
esgoto inunda tudo. sistema positivamente

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