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A4 QUARTA-FEIRA, 4 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
COLUNA DO
ESTADÃO
Política
»Custos. Mandetta admite
preocupação com um even-
tual aumento nos preços
dos remédios por causa do
surto de coronavírus: a
questão será monitorada.
»Custos 2. Para o minis-
tro, o fim do inverno no he-
misfério norte deverá aju-
dar na retomada do ritmo
normal de produção desses
países e a situação tende a
se normalizar. O ministério
ainda não tem o cálculo do
impacto que tais aumentos
podem ter no Brasil.
»Stand by. Um hospital de
clínicas, em Porto Alegre,
com 150 leitos, com previ-
são de estar pronto em
maio, deve ficar de “reser-
va” para o inverno. Na esta-
ção fria, o vírus tem mais
chances de se espalhar.
»Contos... Drauzio Varella,
que nesta semana emocio-
nou o País em reportagem
com presas trans e tem se
destacado nos esclarecimen-
tos sobre o coronavírus, é o
sonho dourado de vários
partidos há décadas.
»...clássicos. O médico e
escritor seria eleito para o
cargo que escolhesse, diz
um marqueteiro. O doutor,
porém, refuta as sonda-
gens. Como seu ídolo na
literatura, Anton Tchekhov,
Drauzio, por enquanto, pre-
fere usar a sensibilidade so-
cial de outras formas.
»Diálogo. O comando da
comissão da PEC da prisão
após segunda instância na
Câmara procura se enten-
der com o Muda Senado.
Marcelo Ramos (PL-AM)
esteve com senadores do
grupo e pediu um encontro
com todos para apelar pelo
consenso entre as Casas.
»No azul. Ramos, presiden-
te da comissão, promete
manter em dia o calendário
na Câmara: a proposta deve
ser votada em abril.
»Corre. Enquanto isso, os
senadores colhem assinatu-
ras para pedir urgência e
atropelar os deputados. No
Senado, o tema está forma-
tado em um projeto de lei
bem menos abrangente,
porém mais palatável.
»Prazo. A CGU tem até
sexta para julgar o pedido
de reconsideração de inido-
neidade da Queiroz Galvão.
A decisão, assinada pelo mi-
nistro Wagner Rosário, foi
publicada no D.O. da União
do dia 30 de janeiro.
»Prazo 2. A construtora
não poderá assinar contra-
tos com o poder público e
deve perder um contrato
ainda não assinado com o
governo de São Paulo.
»Já... O processo de con-
cessão da zona azul de São
Paulo antecipou nos basti-
dores parte da disputa elei-
toral deste ano. Nomeado
pela ex-prefeita Marta Su-
plicy, o conselheiro Maurí-
cio Faria, do Tribunal de
Contas do Município, pediu
vista em parecer favorável
ao prefeito Bruno Covas.
»...rolando. Entre os inte-
ressados em travar o pro-
cesso está a Global Park,
que tem ligações com o In-
terbanc de Marcio Toledo,
marido de Marta.
COM MARIANA HAUBERT
E MARIANNA HOLANDA.
O
Ministério da Saúde estuda alteração da estratégia
de contenção do avanço do coronavírus no Brasil.
Ela deverá ser baseada no fluxo de entrada no País
de viajantes que apresentarem sinais da doença, como fe-
bre e sintomas gripais, independentemente do destino e
origem deles. Hoje, a avaliação de casos suspeitos se dá de
acordo com lista de, pelo menos, 26 países. Para o minis-
tro Luiz Henrique Mandetta, o aumento dos casos da
doença na Europa e nos EUA (principais destinos turísti-
cos, de negócios e hubs de escalas) justifica a mudança.
Avanço do coronavírus
faz Brasil rever triagem
ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
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POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
Assembleia de SP
aprova reforma da
Previdência. Pág. A
Votação
BRASÍLIA
A desconfiança nas relações
entre a Câmara, o Senado e o
Palácio do Planalto travou a
discussão sobre quem irá de-
cidir o destino de R$ 30 bi-
lhões do Orçamento deste
ano. Na tentativa de encerrar
o impasse sobre a obrigatorie-
dade de seguir a destinação
deste valor, definida pelo rela-
tor do Orçamento, o governo
enviou ontem ao Legislativo
o três projetos de lei sobre o
assunto. Após quase quatro
horas de sessão, porém, o
Congresso adiou para hoje a
decisão sobre o tema.
Os projetos chegaram ao Con-
gresso por volta de 17h, e nem
senadores nem deputados qui-
seram dar um “cheque em bran-
co” ao presidente Jair Bolsona-
ro. O argumento era o de que
poderia haver uma “pegadi-
nha” nas entrelinhas das pro-
postas que nem técnicos mais
experientes haviam consegui-
do identificar.
O receio aumentou depois
que Bolsonaro foi ao Twitter di-
zer que não havia feito nenhum
acordo com o Congresso. “Não
houve qualquer negociação em
cima dos R$ 30 bilhões”, escre-
veu ele, numa referência ao va-
lor de emendas parlamentares
que a Câmara quer manter sob
o controle do relator do Orça-
mento, deputado Domingos Ne-
to (PSD-CE). “Com a manuten-
ção dos vetos está garantida a
autonomia orçamentária do Po-
der Executivo. O PL (projeto de
lei) encaminhado hoje (ontem)
preserva a programação origi-
nal formulada pelo governo.”
O post de Bolsonaro irritou
os senadores, que estavam pro-
pensos a votar a favor do gover-
no. A avaliação é que o presiden-
te quis capitalizar o episódio
com o seu eleitorado, em vez de
aproveitar a oportunidade para
anunciar o acordo com o Con-
gresso. A informação, revelada
pelo site BR Político, do Grupo
Estado, de que o ministro da
Economia, Paulo Guedes, havia
almoçado ontem com represen-
tantes dos movimentos de rua
foi outro fator que azedou o hu-
mor no Congresso. No encon-
tro, Guedes pediu que as mani-
festações do próximo dia 15 se
transformassem em atos a fa-
vor das reformas. Esses atos es-
tão sendo convocados para criti-
car o Congresso e o Supremo
Tribunal Federal (STF).
Na prática, a proposta do go-
verno garante a obrigação de pa-
gamento de todas as emendas
parlamentares, mas o ritmo da
liberação ficará a cargo do Exe-
cutivo, e não do Congresso. Pe-
lo acordo, metade dos R$ 30 bi-
lhões previstos como emendas
de relator seria “devolvida” ao
governo, que ficaria responsá-
vel por definir como e onde in-
vestir os recursos. No diagnósti-
co do Planalto, a proposta ante-
rior concedia poder excessivo
ao relator do Orçamento.
O presidente do Senado, Da-
vi Alcolumbre (DEM-AP), ce-
deu ao apelo de colegas que pe-
diram mais tempo para análise
das propostas. “Em uma hora
não dá para analisar um texto
encaminhado pelo Executivo
sobre a regulamentação do Or-
çamento impositivo”, justifi-
cou ele. O senador Randolfe Ro-
drigues (Rede-AP) disse que o
grupo Muda Senado, composto
por 22 parlamentares, vai traba-
lhar para obstruir a votação do
projeto e criticou Alcolumbre
pelas tratativas com Bolsonaro.
“Não se defende a democracia e
as instituições com distribui-
ção de dinheiro”, protestou.
Em conversa com Bolsonaro,
anteontem, Alcolumbre che-
gou a citar a insatisfação com o
vídeo sobre as manifestações
compartilhado por WhatsApp
pelo presidente. Com temor de
que o impasse contaminasse a
votação dos vetos, o Ministério
da Economia proibiu explica-
ções oficiais sobre o acordo. A
preocupação era tamanha en-
tre os principais auxiliares de
Guedes que a ordem foi manter
silêncio absoluto.
Depois de ter sido criticado
por Bolsonaro, Guedes mos-
trou a ele que o custo seria
maior, inclusive para a agenda
de reformas, caso não houvesse
qualquer acerto com o Congres-
so. O ministro tem uma lista de
12 projetos que definiu como
prioritários para a retomada do
crescimento. A divisão dos R$
30 bilhões de emendas de rela-
tor foi considerada pela equipe
econômica como “um acordo
possível”. / ADRIANA FERNANDES,
VINÍCIUS VALFRÉ, JUSSARA SOARES,
DANIEL WETERMAN. CAMILA
TURTELLI e VERA ROSA
Vinicius Poit
»CLICK. O ministro Luiz
Henrique Mandetta (Saú-
de) ensina procedimen-
tos para a prevenção de
doenças na Câmara dos
Deputados: tossir sem
levar as mãos à boca.
A
ntes mesmo de deputados e senadores decidirem
se mantinham o veto do presidente Jair Bolsonaro
ao orçamento impositivo, a terça-feira começou
com a informação de que o próprio ministro da Econo-
mia, Paulo Guedes, pediu para se livrar de colocar seu
CPF nas decisões sobre ações orçamentárias, como aber-
tura de créditos extras e remanejamento de recursos en-
tre ministérios.
O pedido, que tinha sido feito pelo ministro há duas se-
manas, foi aceito pelo presidente em despacho publicado
no Diário Oficial da União (DOU) justamente no dia em
que o governo negociou um saída para a votação dos vetos
do Orçamento que tratam do poder dado ao relator, depu-
tado Domingos Neto (PSD-CE), o que aumentou os ruí-
dos em torno do tema.
No passado, era o presidente da República que tinha a
competência de pedir a abertura de créditos, por decreto.
A prática foi alterada ainda no governo Dilma Rousseff –
em novembro de 2015, um mês antes de o Congresso abrir
formalmente o processo de impeachment contra ela – e se
manteve no governo de Michel Temer.
Ao longo das últimas semanas, o governo discutiu com
o Tribunal de Contas da União (TCU) e consultorias da
Câmara e do Senado uma forma de sair do impasse jurídi-
co que a aprovação do chamado Orçamento impositivo
deixou para a área econômica. Com as mudanças das re-
gras, os servidores que tocam o dia a dia do Orçamento
estão com medo de dar autorizações que depois possam
ser interpretadas como ilegais, como mostrou em feverei-
ro o Estado. Jogaram a batata quente para Bolsonaro.
A preocupação agora é com o bloqueio do Orçamento
que tem que ser anunciado no próximo dia 22. Da forma
como foi aprovado pelo Congresso, Guedes e equipe não
sabem exatamente qual parte do bolo orçamentário pode
ser contingenciada. A expectativa da equipe econômica é
que os dois projetos enviados ainda ontem deem seguran-
ça jurídica para o manejo dos recursos.
PRONTO, FALEI!
Deputado federal (Novo-SP)
COLUNA DO ESTADÃO
Congresso adia definição
sobre R$ 30 bi de emendas
CRONOLOGIA
6
KLEBER SALES/ESTADÃO
Guedes pediu para tirar
digitais do Orçamento
]
BASTIDORES: Adriana Fernandes
“O dinheiro tem que estar onde o povo precisa. Não
é razoável concentrar todo esse Orçamento do paga-
dor de impostos nas mãos de uma única pessoa.”
BETO BARATA/AGÊNCIA SENADO
Poderes. Executivo quer acesso a metade deste valor e controle do ritmo de pagamento;
Parlamento deve votar hoje proposta enviada pelo Governo sobre orçamento impositivo
Reunião. Deputados e senadores participam de sessão conjunta do Congresso Nacional para discutir orçamento deste ano
NA WEB
Portal. Como
funciona o veto
presidencial
estadao.com.br/e/vetopresidencial
Dezembro de 2019
Orçamento
Na proposta de Orçamento
para 2020, o governo reser-
va R$ 6,9 bi para atender as
demandas do Congresso.
Janeiro
Veto
Bolsonaro veta os dispositi-
vos que dão mais controle
orçamentário ao relator.
Fevereiro
‘Chantagem’
A crise aumenta depois de o
ministro Augusto Heleno
(GSI) acusar parlamentares
de “chantagem”.
Março
Análise
Congresso Nacional vai
analisar vetos presidenciais
nesta quarta-feira
»SINAIS
PARTICULARES.
Drauzio Varella,
médico e escritor