76 NATIONAL GEOGRAPHIC
A um quilómetro da superfície
do mar, William Beebe descrevia
por telefone aquilo que via a
Gloria Hollister Anable (em cima,
à direita, nas instalações de
comando da batisfera, nas
Bermudas). A bordo do navio,
Jocelyn Crane Griffin (ao centro)
ajudava a identificar os animais
marinhos. Mais tarde, Else
Bostelmann (a mais próxima
da porta) fez desenhos
fantásticos (à esquerda)
das criaturas.
JOHN TEE-VAN (EM CIMA); ELSE
BOSTELMANN (À ESQUERDA)
JOCELYN
CRANE GRIFFIN
1909-1998
Assistente na expedição
da batisfera. Investigou
caranguejos.
ELSE
BOSTELMANN
1882-1961
Pintou animais marinhos
descobertos nas
profundezas oceânicas.
GLORIA
HOLLISTER
ANABLE
1900-1988
Estabeleceu o recorde
mundial para o mergulho
mais profundo realizado
por uma mulher.
Em 1930, os exploradores subaquá-
ticos William Beebe e Otis Barton
foram descidos nas águas do Atlân-
tico, perto das Bermudas, dentro de
uma minúscula esfera de aço. Acima
da água, um grupo de mulheres cien-
tistas assegurava o funcionamento
impecável deste novo e ousado dispo-
sitivo, a batisfera. Foi a primeira in-
cursão séria na exploração tripulada
do mar profundo e não tardaria a ser
notícia a nível internacional.
A partir do convés do navio, a as-
sistente de laboratório Jocelyn Crane
Griffin ajudava a identificar a vida ma-
rinha. Do outro lado do telefone, esta-
va Gloria Hollister Anable, da Wildlife
Conservation Society, que financiava a
missão. Este contacto telefónico, man-
tido através de um cabo entre o enge-
nho e o navio, era a única linha vital que
ligava Beebe ao mundo exterior. Gloria
transcreveu os comentários de Beebe
enquanto este observava os animais
das profundezas do oceano nadarem e
transmitia informações sobre a profun-
didade, as horas e o estado do tempo.
Gloria e Jocelyn também se revezaram
na batisfera. Descendo até 313 metros
num desses mergulhos, Gloria Anable
estabeleceu o recorde da maior profun-
didade alcançada por uma mulher.
Após cada mergulho, os desenhos
e as descrições transcritas de Beebe
eram entregues a Else Bostelmann, no
laboratório das Bermudas, onde ela as
transformava em pinturas dramáticas.
Embora não observasse as cenas a par-
tir do interior da batisfera, ela usava
frequentemente um capacete de mer-
gulho, atava os pincéis a uma paleta de
tintas de óleo e arrastava as telas para
debaixo de água, procurando inspira-
ção para pintar. Os seus desenhos de
animais marinhos fantásticos (peixes