LINCE-IB ́ÉRICO 57
conhecer os oito grandes felinos do planeta.
Como é óbvio, sendo o línce-iberico o maior da
península, não poderia ficar de fora.
Durante a década de 1990, não se sabia, ao certo,
quantos linces existiam. Manipulavam-se estima-
tivas, mas só quando chegaram os primeiros fun-
dos europeus do Programa LIFE para salvaguar-
dar a espécie, em 1999, é que se iniciaram censos
mais minuciosos, que viriam a suportar depois a
estimativa assustadoramente baixa anunciada
em 2002: 94 exemplares, todos restritos a Doña-
na e Sierra de Andújar, na Andaluzia, muitíssimo
menos do que se pensava. No século XIX a espécie
ocupava territórios em toda a Península Ibérica e
até no Sul de França. Segundo dados do Iberlince,
o terceiro programa LIFE dedicado à conservação
do felino, na década de 1910 os linces ainda abun-
davam no Centro e no Sudoeste e estavam pratica-
mente extintos no Norte e no Leste da península.
Apesar disso, até 1937 continuaram a comer-
cializar-se cerca de quinhentas peles de lince-
-ibérico por ano no mercado de peles espanhol.
A perseguição em todas as frentes, que fez sofrer o
lince e muitos outros predadores, foi incentivada
e recompensada pelas Juntas Provinciais de Ali-
mañas, sinistras instituições governamentais que
estiveram em vigor entre 1953 e 1968 (e previa-
mente sob outras denominações, tal como relata-
do numa notícia de 1861 intitulada Apontamentos
Relativos ao Aparecimento e Extinção de Animais
Daninhos do Reino, publicada pelo Ministério
do Fomento), que puseramfimà vidademilhares
de animais selvagens consideradosnocivospara
a caça e o gado. (Continua na pg. 62)