REVISTA 27

(MARINA MARINO) #1
Crônica do Paulo Mauá

liberdade é uma

calça velha, azul e

desbotada.

liberdade é uma

calça velha, azul e

desbotada.

Oadultoéparvo,masacriança
éingênua.
Existe umadiferença cristalina
entre a estupidez humana e a não
presença da malícia, a ingenuidade
tenaz e a atitude genuína de ser
criança. Os pequenos seres não se
preocupam com o amanhã. Basta o
presente. Resta o momento e a
satisfação atendida. Vamos sorver o
queexiste,oquetemosparaoagora.
Comcertezairemossaborearmelhor
o amanhã, sem ressaca e sem
ressentimentos. Adeus, lembranças
de mágoas carimbadas e firmadas
pelasociedade.
Nãoprecisamosserconfiantes.
Desejemos ser sinceros e
indiscretos.
Quando eu transportava
minhasmeninasaocolégio,amúsica
brindava em alto som a preguiça
matinalfemininaexistentenoveículo.
Eu, que nada canto (nem ouso),
cantarolavaqualquercançãocomose
EmílioSantigovibrassecadamúsculo
do meu corpo. Uma das músicas
memoráveis desse período
encantadorera “ PorVocê ”,autoriade
Frejat,comalgunstrechosjácitados


nacrônica.As meninasdespertavam
efaziamcorocomoresponsávelpelo
volante. Cantávamos durante todo o
trajeto. A repetição das frases
melódicas de atitudes tomadas pela
pessoa amada invadia com um
mantraasalmasdomotoristaadulto
edastripulantes.
Massemprequeeuestacionava
em frente ao portão da escola, uma
daspequenaspassageirasviravapara
mim e afirmava, sem cons-
trangimento e sem pestanejar:
“desculpa, pai, mas eu não tomaria
banhogeladonoinverno”.
Mude seunome, façagreve de
fome e durma de meia para virar
freguês.
Sejainfantil.
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