O Estado de São Paulo (2020-03-13)

(Antfer) #1

O


novo coronavírus bo-


tou o turismo em qua-
rentena. O que come-

çou como um surto em


31 de dezembro de


2019 na província de


Wuhan, na China, foi


declarado pandemia pela Organização


Mundial de Saúde (OMS) na quarta-fei-


ra (11). Nesse cenário, muita gente acaba


avaliando se vale seguir viagem ou se é


melhor cancelar o planejado.


A mudança atinge também


quem não estava pensando


em férias, mas havia se pro-


gramado para ir a eventos,


como os jogos remarca-


dos sem torcida e os en-


contros mundiais adiados


em vários setores. Para fi-


car no campo do turismo,


uma das principais feiras anuais


da indústria, ITB de Berlim, pela pri-


meira vez não foi realizada e já está re-


marcada para março de 2021.


Diante desse cenário, como fica a si-


tuação de quem não pôde ou desistiu de


viajar em decorrência do Covid-19? Até


a tarde de ontem, pouco havia de concre-


to. Muitas organizações e empresas con-


sultadas ainda estavam lidando com a


mudança de classificação, anunciada pe-
la OMS na quarta-feira.

“O Procon-SP recomenda que as em-


presas aéreas não fiquem passivas aguar-


dando serem provocadas pelos órgãos


de defesa do consumidor. Elas devem


tomar iniciativa, aumentar os seus servi-


ços de atendimento e discutir caso a ca-


so a melhor solução”, afirmou o diretor


executivo do órgão, Fernando Capez.


“As empresas não têm culpa, mas o


consumidor também não tem e


ele é a parte vulnerável na re-


lação de consumo. Por isso


que o Procon-SP está


orientando as empresas a


não resistirem juridica-


mente, mas com bom sen-


so chegarem a um acordo


com os consumidores.”


O Procon-SP já havia se


reunido com companhias aé-


reas na semana passada para chegar a


um acordo em relação às remarcações.


Antes de a situação se agravar para


quem viaja, com o decreto do governo
italiano em 10 de março que isolou o

país, quinto no ranking mundial dos que


mais recebem turistas estrangeiros.


Depois disso, o Ministério Público Fe-


deral (MPF) recomendou à Agência Na-


cional de Aviação Civil (Anac) que faça


um ato normativo para assegurar aos


consumidores o cancelamento sem


ônus de passagens aéreas nacionais e in-


ternacionais para destinos atingidos pe-


lo Covid-19. Para o MPF, a cobrança de


taxas e multas em situações de emergên-


cia mundial em saúde, como a atual, é


“prática abusiva e proibida pelo Código


de Defesa do Consumidor”.
A Anac informou na quarta-feira que

estava analisando o documento envia-


do pelo MPF e que “tem mantido conta-


to com o Sistema de Defesa do Consumi-


dor e acompanhado as orientações do


Ministério da Saúde e da Organização


Mundial de Saúde sobre o tema”.


Situação atípica. “Os eventos decor-


rentes do Covid-19 se mostraram quase


sem precedentes”, disse o diretor-geral


e CEO da Associação Internacional de


Transporte Aéreo (Iata), Alexandre de


Juniac. “Neste momento, não está claro


como o vírus irá se desenvolver, mas há
uma crise, seja com o impacto restrito a

poucos mercados e uma perda de US$


63 bilhões em receitas ou com um impac-


to mais amplo, chegando a uma perda


de US$ 113 bilhões.” Segundo ele, uma


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Remarcações.


Procon diz que


empresas e


consumidores


devem negociar


O turismo


entra em


quarentena


viagem


Direitos. Com a declaração de pandemia pela OMS,


como fica a situação de quem tinha viagem marcada?


Nathalia Molina


ESPECIAL PARA O ESTADO


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O ESTADO DE S. PAULO
13/3/2020 A 19/3/2020
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