Gigante.
O ‘piscinão’ se
estende até os
prédios, no lado
direito da foto; à
esquerda, o pôr
do sol em
Algarrobo, visto
do condomínio
onde nos
hospedamos
E
u conheci a maior pisci-
na do mundo. Nunca
ouviu falar? Ela está
até no Livro dos Recor-
des e fica no Chile, a
uma hora e meia de
Santiago. A piscina
tem 1 quilômetro de extensão e o único
jeito de chegar perto dela é alugar um
apartamento no condomínio San Al-
fonso del Mar, um complexo de uns 10
prédios em estilo de pirâmide. Ok, não
são necessariamente bonitos. Mas co-
nhecer a piscina vale a pena, principal-
mente se você tem crianças.
Os meus filhos estavam alvoroçados
desde que ouviram falar que iríamos à
maior piscina do mundo. Resolvemos
conhecer o piscinão no verão, obvia-
mente, e imaginávamos que as crian-
ças não sairiam da água. Mas aí começa
o problema. Verão no litoral chileno
não é como o nosso. No dia em que
chegamos a Algarrobo, a cidade de ve-
raneio onde fica o condomínio e a pisci-
na, fazia 20 graus e era perto do meio-
dia. Perguntei para o garçom do restau-
rante se tínhamos dado azar com o cli-
ma. Ele, que havia nascido na cidade,
disse: “Não, isso é verão aqui, chega-
mos no máximo a 25 graus. 30 graus,
nunca”. À noite caiu para 10 graus.
Guarujá com sotaque chileno. O con-
domínio San Alfonso lembra prédios
antigos do Guarujá. Sem charme ou re-
quinte. Grandes corredores com piso
frio levam aos apartamentos de diver-
sos tamanhos. O porteiro nos indicou
o nosso, que estava no primeiro andar
e, mesmo assim, tinha uma vista linda
da piscina e da praia.
Portanto, apesar do que algumas
pesquisas no Google indicam: o local
não é um resort. Trata-se de um prédio
de apartamentos usados por morado-
res durante o verão e outros, alugados
(o nosso foi pelo Booking.com). Há
um restaurante no condomínio, muito
bom, por sinal, mas um pouco caro.
Também tem parquinhos simples, aca-
demia, campinhos de futebol, um tobo-
gã e uma área de piscina aquecida fe-
chada, para a qual é preciso pagar cerca
de R$ 100 por pessoa para entrar. Inclu-
sive crianças.
Você deve estar pensando: piscina
aquecida e fechada no verão? Pois é.
Isso porque a tal piscina maior do mun-
do é bem fria. Confesso que entrei só
até a altura da barriga, mesmo nos dias
de mais calor. As crianças até nadam e
brincam, mas não aguentam muito
tempo. A temperatura é baixa por uma
questão simples: a água da piscina vem
do mar, ou seja, do Oceano Pacífico,
normalmente gelado.
Bom para esportistas. Mas mesmo se
você adorar uma água gelada, não dá
para nadar em toda a piscina. A maior
parte dela é destinada a esportes náuti-
cos. Nada muito radical, os mais usa-
dos são pedalinhos e stand up paddle,
disponíveis para aluguel. As áreas de
banho são as mais rasas, perto da bor-
da, e já são grandes o suficiente.
O legal é que em volta da piscina
também há areia de praia – e isso as
crianças adoram. Cada apartamento
tem sua cadeira e guarda-sol, tudo
bem organizado. Não é permitido co-
mer, ouvir música alta, entrar com ani-
mais na praia da piscina. Então, é um
ambiente gostoso para descansar, ler
um livro, apreciar a vista, ficar em famí-
lia. Logo atrás da piscina está uma das
praias de Algarrobo, muito bonita e va-
zia (além do mar gelado, tem muitas
pedras e ondas).
Nos arredores. A cidadezinha é sim-
ples, vale um passeio rápido. Mas tem
um restaurante imperdível, que fica
bem pertinho da piscina, o Bora Bora.
As empanadas gigantescas, de sabores
que vão de queijo a polvo e camarão,
fazem o lugar lotar. É possível que te-
nha de esperar pela mesa, mas vale mui-
to a pena. Há também ensopados de
frutos do mar e mariscos, tudo muito
fresco, e que ajudam a esquentar no
verão frio de Algarrobo. Acredite se
quiser, mas o restaurante tem coberto-
res para os clientes. E nós usamos!
E um jeitinho chileno no Bora Bora:
eles servem vinho branco em caneca de
chá – e é como está no cardápio – por-
que é proibido vender bebida alcoólica
na praia (o restaurante é à beira-mar).
Um passeio legal é conhecer duas
lindas praias, de águas claras, que fi-
cam a 20 minutos de carro: Canelo e
Canelillo. São pequenas, uma do lado
da outra, e ficam dentro de uma reser-
va natural. O mar lembra o do Caribe,
mas gelado e com rochas. A praia en-
che, mas eu não deixaria de conhecer.
Só vi chilenos pelo piscinão, pela ci-
dade e arredores. No máximo, encon-
trei uruguaios que moravam no Chile.
Ouvi uma única vez uma pessoa passar
por mim falando português. Apesar de
ter aparecido em alguns lugares e estar
lá desde 2012, a maior piscina do mun-
do ainda vive do turismo local.
A maior
do mundo
Visitamos a piscina que está no Livro dos Recordes
em Algarrobo, no Chile, com 1 km de extensão
FOTOS RENATA CAFARDO/ESTADÃO
Renata Cafardo / ALGARROBO
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O ESTADO DE S. PAULO
13/3/2020 A 19/3/2020 viagem