O Estado de São Paulo (2020-03-14)

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A30 Esportes SÁBADO, 14 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


ENTREVISTA


Marcius Azevedo


Eleito em março de 2017, o pre-
sidente Guy Peixoto entrou no
último ano de mandato na
Confederação Brasileira de
Basketball. Apontado como sal-
vador da pátria ao assumir
com o esporte no fundo do po-
ço, suspenso pela Federação
Internacional de Basquete (Fi-
ba) das competições e com
dívida de R$ 40 milhões, ele
reafirmou que não vai buscar a
reeleição e que promete seguir
trabalhando para entregar a en-
tidade com boa saúde financei-
ra para o sucessor em 2021.
Guy afirmou ao Estado que
se sentirá triste se o basquete
brasileiro não conseguir ir aos
Jogos Olímpicos de Tóquio, já
que conquistar uma medalha
olímpica era um dos seus dese-
jos no início da gestão, mas cul-
pa os desmandos da adminis-
tração anterior. O masculino
ainda briga por vaga no 5x5 e
no 3x3. Ele confirma também
que Petrovic e José Neto conti-
nuam para o ciclo de Paris-
2024.


lO senhor entra no quarto e últi-
mo ano do mandato na CBB.
Qual o seu maior objetivo até
março de 2021?
Dentro de quadra, conquistar
as classificações olímpicas do
basquete masculino 5x5 e 3x3
para Tóquio-2020. Continuar
o trabalho de renovação da se-
leção feminina, para que possa-
mos voltar a ter um time vito-
rioso. Na base, manter a hege-
monia no continente. Além da
realização do Campeonato Bra-
sileiro de seleções estaduais.
Extraquadra, quero continuar
o processo de reestruturação
administrativa e financeira do
basquete brasileiro, dentro das
mais sólidas normas de Com-
pliance Internacional.

lQual será o tamanho da sua
frustração se o Brasil não levar
nenhuma equipe para Tóquio?
Frustração nenhuma. Tristeza,
sim. Mas não podemos ser ime-
diatistas. Foram quase nove
anos de desmandos na CBB,
que não serão resolvidos do
dia para a noite. O orçamento
da Federação Francesa é 25 ve-
zes maior do que o nosso. O da
Austrália é 15 vezes maior. O al-
tíssimo nível que o basquete in-
ternacional vive hoje não per-
mite planos imediatistas. Nos-
sa gestão está à frente da CBB
há três anos, sendo que, em
quase metade dela, estivemos

suspensos pela Fiba, herança
da gestão anterior, sem poder
participar de qualquer compe-
tição internacional. Todo esse
episódio aconteceu justamen-
te no atual ciclo.

lO Petrovic continua na seleção
masculina, independentemente
do resultado do Pré-Olímpico?
Como avalia o trabalho dele até o
momento?
Avaliamos da melhor forma
possível. É um técnico Top 10
no mercado mundial, que sou-
be mesclar a juventude e a ex-
periência, sempre unidas e
com ambiente ótimo de grupo.
Também acreditou na nossa vi-
são de renovação. Em 2017, co-
locou em quadra o Yago como
titular nas Eliminatórias aos 17
anos. Depois, trouxe Didi, e
agora dois jovens de 17 anos, o
Guilherme e o Márcio. É o nos-
so projeto que ele faça o ciclo
de renovação para a próxima
Olimpíada, em Paris-2024.

lE o José Neto continua na sele-
ção feminina? O senhor conver-
sou com ele sobre o trabalho que
em apenas sete meses trouxe
uma resposta bastante positiva?
O José Neto fez um grande tra-
balho nesses últimos sete me-
ses. E o trabalho continua nor-
malmente. Foi notável a evolu-
ção tática do time. O relaciona-
mento dele com as meninas. O

título do Pan de Lima. O bron-
ze na AmeriCup. Além dos
bons jogos contra Estados Uni-
dos e Canadá, duas seleções
top. Há 12 meses, havia um
grande descrédito. Perdemos a
vaga olímpica em apenas um
jogo em que comprovadamen-
te estivemos abaixo do que
apresentamos nos últimos me-
ses, tanto é que você mesmo,
na sua pergunta, corrobora o
bom trabalho desenvolvido.

lO senhor enfrentou muitas frus-
trações neste caminho de recons-
trução da CBB?
Sim. Muitas. O buraco em que

a CBB se encontrava era muito
maior do que imaginávamos. A
administração anterior ma-
quiava o balanço financeiro,
omitindo dados e débitos. Só
conseguimos entender todo o
contexto da entidade após a
contratação da BDO Consulto-
ria, que nos auxiliou no docu-
mento que mais tarde se trans-
formou no processo judicial
que movemos contra o ex-pre-
sidente (Carlos Nunes), pedin-
do que ele seja responsabiliza-
do pelas ações. Esse processo
já está no âmbito federal. Ain-
da conseguimos, em assem-
bleia, puni-lo com a suspensão

por dez anos dos seus direitos
esportivos, a maior punição
possível pelo atual estatuto.

lA dívida da CBB, que era de R$
40 milhões quando o senhor as-
sumiu, está sanada?
Claro que não. É impossível
ser sanada com os volumes de
recursos que a CBB conseguiu
obter depois da situação em
que a encontramos. Mas, só
em negociações das ações
mais significativas, consegui-
mos reduzir em quase 65% o
montante. Um dos exemplos é
ação do ex-técnico Rubén Mag-
nano, que foi extinta.

BREVE LANÇAMENTO – A SUA MELHOR


TERRAÇO COM


CHURRASQUEIRA


2 VAGAS DETERMINADAS


+BICICLETÁRIO PRIVATIVO*


3 SUÍTES


FINAL 04 - 5OAO 26OPAV.

Os móveis são de dimensões comerciais e não fazem parte do contrato.
Medidas internas de face a face das paredes.
3 suítes - Final 04.

RUA ELÓI CERQUEIRA, 180


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FUTURA INTERMEDIAÇÃO:

Dirigente entra no último


ano de seu mandato ainda


buscando sanar dívidas e


com o basquete sob


ameaça de não ir a Tóquio


GIOVANNI KLEINBURG/CBB–24/10/2017

Esperança. Guy Peixoto ainda torce para o basquete 3x3 e o 5x5 conseguirem vaga nos Jogos

Guy Peixoto, presidente da Confederação Brasileira de Basketball


‘Não se resolvem do


dia para a noite 9


anos de desmandos’

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