O Estado de São Paulo (2020-03-15)

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B2 Economia DOMINGO, 15 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


O Índice Nacional de
Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) de feve-
reiro registrou uma
alta de 0,25%, menor
resultado para o mês
desde 2000, embora
acima das estimativas dos analistas.
Em termos absolutos, a taxa deve ser


vista como baixa, além de limitar a
4,01% a inflação oficial dos últimos 12
meses, o que é compatível com o regi-
me de metas.
Mas os maiores responsáveis pela
inflação de fevereiro foram o nível insa-
tisfatório da atividade econômica, que
mantém o consumidor numa política
de rédea curta e em dificuldades a
maioria das empresas – com exceções,
como a de algumas montadoras de veí-
culos – se não podem repassar para os
preços finais a valorização do dólar. É
perigoso, portanto, comemorar a con-
tenção inflacionária observada no pe-

ríodo, pois, se houver demanda, não se
deve excluir o risco de que os custos
sejam incorporados aos produtos, o
que poderá provocar alguns reajustes
relevantes nos próximos meses.
Educação e saúde, com altas de
3,70% e de 0,73% entre janeiro e feve-
reiro, destacaram-se entre os itens que
mais subiram no mês passado. A sazo-
nalidade explica, em parte, as altas,
pois as mensalidades escolares são rea-
justadas no início de ano. Mas os pro-
dutos de higiene pessoal também subi-
ram bastante, o que tem relação com a
epidemia do coronavírus, que fez cres-

cer a demanda de sabonetes e de ál-
cool para limpeza, entre outros itens.
Houve, ainda, ligeira elevação
(0,11%) dos preços de alimentos e bebi-
das, influenciados para cima pelo to-
mate e pela cenoura e para baixo pelas
carnes – cujos preços caíram pelo se-
gundo mês consecutivo.
As dimensões da crise global deve-
rão empurrar para baixo alguns pre-
ços, como o dos derivados de petróleo.
A gasolina tenderá a ser mais competi-
tiva do que o álcool para abastecer os
veículos. O custo dos transportes, um
item importante para medir a inflação,

será mais bem contido. O mesmo po-
derá ocorrer com os preços da eletrici-
dade, beneficiados pelo regime de chu-
vas favorável.
Se os fatores esporádicos de alta e
de baixa se anularem, torna-se mais
provável que a inflação permaneça con-
tida, o que ajudará as famílias a supe-
rar as dificuldades decorrentes da re-
muneração insatisfatória da atividade
informal e das limitações dos reajustes
salariais no caso dos empregos com
carteira assinada. No geral, não são
bons os motivos que justificam a infla-
ção contida.

Alto Escalão


Editorial Econômico


Chamam a atenção


os detalhes do


IPCA de fevereiro


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C


om a avanço da pandemia de coronavírus e a perspectiva de um
crescimento menor do que o previsto para o Produto Interno Bruto
(PIB), os investidores de fundos imobiliário (FIIs) já estão penali-
zando aqueles com imóveis mais vulneráveis à desaceleração da econo-
mia. As três maiores quedas em março, até o fechamento do pregão de
quinta-feira, 12, são dos fundos Anhanguera Educacional (-27,43%), Gene-
ral Shopping e Outlet (-22,93%) e o XP Corporate Macaé (-22,15%), enquan-
to o Índice de Fundos Imobiliários (Ifix) recuou 10,20% no mesmo perío-
do, segundo levantamento da Toro Investimentos. No primeiro caso, me-
tade dos contratos de locação dos imóveis ocupados pela rede de universi-
dades expiram neste ano, e não há informação se serão renovados.


N


ão há ainda um mínimo de clare-
za a respeito dos desdobramen-
tos do duplo choque, do corona-
vírus e do petróleo. Mas já se esboçam
impactos sobre as relações de poder,
no exterior e por aqui.
O mais importante deles sugere en-
fraquecimento da força do presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump,
porque seu jogo unilateralista ficou dis-
funcional e, por isso, passou a ser forte-
mente questionado diante da maior ne-
cessidade de coordenação global de po-
líticas entre as grandes potências. E,
também, porque algumas áreas que o
apoiam estão agora prostradas e mais
propensas a mudar de lado.
O setor da economia dos Estados
Unidos mais atingido pela derrubada
dos preços do petróleo é o do óleo e gás
de xisto, responsável pela produção de
aproximadamente 10 milhões de bar-
ris ou equivalentes por dia, mais do
que as exportações da Arábia Saudita
até agora. Se os preços do barril persis-
tirem à altura dos US$ 30, grande parte
dos produtores desse segmento que-
brará ou será obrigada a suspender a
produção por tempo indeterminado,
porque opera a custos bem mais altos.
Isso implicaria perda de renda e enfra-
quecimento fiscal de importantes Esta-
dos do Sul do país e de municípios que
vinham apoiando Trump. O vigor da
economia, apontado como grande
trunfo eleitoral do presidente, pode
deixar de ser tão estratégico, como foi
até agora.
A ação da Rússia, crucial na decisão da
Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep) de derrubar os pre-
ços, parece ter sido, também, de represá-
lia ao governo Trump, pelas sanções
por ele impostas a empresas europeias
participantes do projeto de construção
das instalações do gasoduto Nord
Stream 2, desenhado para facilitar as ex-
portações russas para a Europa, princi-
palmente para a Alemanha. Ou seja, a
Rússia, que dizem ter ajudado Trump
nas eleições de 2016, agora parece estar
no lado oposto.
E tem as relações com Pequim. Se
pretendia voltar a acirrar a guerra co-
mercial, Trump também ficou sem jus-
tificativa para isso, diante do impacto
da queda do PIB da China sobre a eco-
nomia mundial e sobre a dos Estados
Unidos. Também nesse caso, a reconfi-
guração geopolítica não ajuda o presi-
dente Trump.
Como lembrado acima, este é um
momento em que é preciso coordena-
ção global contra o alastramento do
coronavírus, empreendimento que exi-
ge aprofundamento das relações de
confiança entre os governantes glo-

bais. Mas a capacidade de inspirar con-
fiança não é qualidade que pode ser
apresentada por um governante que
refuga a defesa dos valores globais e,
em vez disso, trombeteia que os inte-
resses americanos virão sempre em pri-
meiro lugar. E essa peculiaridade deve-
rá ter influência na condução da políti-
ca durante e depois do coronavírus.
Importante será também ver como
se comportam as relações entre os
membros da União Europeia. O sócio
mais vulnerável agora é a Itália. Num
momento em que a solidariedade do
bloco vem sendo questionada, espe-
cialmente pelo Brexit, e em que dentro
dele proliferam movimentos xenófo-
bos e separatistas, será preciso ver até
que ponto a integração entre os países-
membros vai ser atendida.
Aqui no Brasil algumas coisas novas
já acontecem. Uma delas é o acirramen-
to da ação dos congressistas contra o
presidente Bolsonaro. A derrubada do
veto no caso da concessão do Benefí-
cio de Prestação Continuada (BPC),
na semana passada, é indicação disso.
Se o coronavírus se alastrar no Brasil,
as atividades dos congressistas pode-
rão ficar reduzidas e, nessas condi-
ções, a aprovação dos projetos de refor-
ma poderia ficar prejudicada, fator que
poderá, por si só, derrubar a confiança
na condução da política econômica.
A decisão de evitar manifestações
políticas de rua prejudica não só as for-
ças que apoiam Bolsonaro, mas tam-
bém as esquerdas mais radicais, que
sempre apelaram para movimentos de
massas. E, by the way, é também fator
capaz de desmobilizar as manifesta-
ções da direita populista na Europa.
A hora é de unificação de forças aqui
no Brasil, destinada a enfrentar proble-
mas de enorme gravidade. Mas até ago-
ra não apareceram lideranças capazes
de conduzir um processo dessa nature-
za. O clima interno ainda é de forte pola-
rização, de rejeição ao diálogo e de defi-
nição de compromissos.
Os tempos estão a exigir uma econo-
mia de guerra, a ser conduzida num re-
gime democrático. Isso exige sólida
união interna e alta capacidade de supe-
ração de divergências. Mas, por enquan-
to, o Brasil ainda é um país dividido.

»Debandada. No caso do XP Cor-
porate Macaé, o fundo tem um úni-
co prédio comercial no Rio de Janei-
ro, que será desocupado pela Petro-
brás. As incertezas sobre os rumos
do País aumentam o medo de inves-
tidores de que os imóveis ficarão
desocupados, diz a Toro.


»Sem rolezinho. No pódio das
maiores baixas do Ifix, está o FII
General Shopping e Outlets, no
qual investidores preveem provável
queda no movimento dos centros
de compras, devido às restrições
impostas pelo coronavírus.


»Aluga-se. Outros fundos entre as
maiores quedas do Ifix no mês se-
guem a mesma lógica, diz a Toro. O
FII Rio Negro (-18,90%) tem pré-
dios de escritórios em Alphaville,
uma região que demora a achar in-
quilinos em comparação com os
principais polos, como a Faria Li-
ma. O mesmo vale para o FII Edifí-
cio Galeria (-19,45%), com um só
prédio de escritórios, sem estaciona-
mento, no Rio.


»Vale menos. A queda de 37% nas
ações da Braskem das últimas três
semanas complicou a vida da Ode-
brecht, que está em recuperação
judicial e cedeu as ações da petro-


química como garantia para o paga-
mento de dívidas bancárias. Após
os papéis derreterem em meio à cri-
se financeira global, o valor da
Braskem passou a ser suficiente pa-
ra honrar apenas pouco mais da me-
tade dessa dívida. A petroquímica
valia R$ 28,6 bilhões até 21 de feve-
reiro, mas, no encerramento dos
negócios de 13 de março, chegava a
um pouco mais de R$ 19 bilhões.
Os papéis têm sido afetados por vá-
rios outros fatores, entre eles mul-
tas, indenizações e a paralisação em
suas operações de sal-gema em Ala-
goas. Em um ano, as ações já caí-
ram mais de 60%.

»Partilha. A Odebrecht tem
38,32% do total de ações da petro-
química. Se a Braskem fosse vendi-
da hoje, a Odebrecht ficaria com
cerca de R$ 7,5 bilhões, para honrar
uma dívida de aproximadamente R$

13 bilhões com o grupo de bancos
credores, formado por Banco Nacio-
nal de Desenvolvimento (BNDES),
Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e
Santander. Na realidade, a Odebre-
cht teria em mãos um valor líquido
ainda menor, por conta de impacto
tributário decorrente de ajuste con-
tábil. O motivo é que a petroquími-
ca foi marcada nos livros da Odebre-
cht a um valor bastante inferior.

»Distrato. Para os bancos, a desva-
lorização das ações da Braskem já é
favas contadas. Desde que a holande-
sa LyondellBasell desistiu de levar a
fatia da Odebrecht na Braskem, por
conta de sérios problemas em áreas
de exploração de sal-gema em Ala-
goas, as ações só têm caído. A Ode-
brecht chegou a apostar que o negó-
cio poderia trazer cerca de R$ 20
bilhões ao grupo.

»Longa espera. Agora, no plano
que deve ser apresentado para os
credores nas próximas semanas, os
bancos querem ter homologado pelo
juiz o pleno direito de execução das
ações da Braskem, se a venda da pe-
troquímica não acontecer em até
três anos. Procurada a Braskem e a
Odebrecht não comentaram.

»Prorroga. A assembleia de credo-
res do grupo Odebrecht que aconte-
ceria dia 18 deve ser adiada para o
dia 25. O conglomerado deverá pe-
dir mais uma semana aos credores
para concluir as negociações com os
detentores de US$ 3 bilhões em títu-
los de dívidas (bonds) da empresa,
emitidos pelo braço financeiro do
grupo e garantidos pela construtora
OEC, que não está em recuperação
judicial.

»Arestas. Existem questões sendo
alinhadas também nas negociações
com os bancos, que têm as ações da
Braskem e da Atvos, o braço de eta-
nol, em garantia de recursos empres-
tados no passado. No caso da
Braskem, a Petrobrás, que divide o
controle da petroquímica com a
Odebrecht, também tem sentado à
mesa. A assembleia de credores da
Atvos será em 27 de março.

CIRCE BONATELLI E CYNTHIA DECLOEDT

CELSO


MING


DSASDASDASDA

IBM tem novo chefe de laboratório


Entre várias mudanças, foi
anunciada a direção do Labo-
ratório de Pesquisa da IBM
por Bruno Flach.


»Itaú BBA International. Tho-
mas Campion torna-se CEO.


»Febraban. Após nove anos,
Murilo Portugal deixará a
presidência da entidade.


Para substituí-lo, o vice Isaac
Sidney é candidato.

»Citi Brasil. O RH está com
Luciana Holland, que retorna
ao banco no cargo de CHRO.

»Mercado Bitcoin. Antes lí-
der de operações da platafor-
ma, Gleisson Cabral passa a
CEO do projeto Meubank.

»Lenovo. Novas diretoras de

marketing: Bárbara Toscano,
vinda da LG Electronics; e
Valkiria Suzuki (ex-Veritas),
na Lenovo Data Center.

»Capgemini. Natalia Zimer-
feld (ex-Hyper Island) é a VP
de Marketing e Comunicação.

»Boehringer Ingelheim. A
divisão Saúde Animal anuncia
Lucielma Holtz (ex-Polinutri)
como gerente nacional

de vendas para aves.

»Concha Y Toro. O novo
Head de Marketing no Brasil
é Pietro Capuzzi (ex-Gallo,
Pernod Ricard).

»Motul. Para CEO no Brasil
chega Guillaume Pailleret.

»Idemia. Ex-diretora comer-
cial da American Express, Ka-
ren Silva foi contratada para a

diretoria de negócios.

»DMCard. A recém-criada
diretoria de riscos está com
Edna Kohigashi.

»Mindset Ventures. A gesto-
ra de fundos trouxe Nemer
Rahal como sócio executivo.

»PayU. A fintech promoveu
Felipe Gonçalves a Country
Manager.

Impacto político do


coronavírus e do petróleo


Trump. Americano perde força

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| LUANA PAVANI | E-MAIL: [email protected]

coluna do


Desaceleração já reflete


em fundos imobiliários


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NACHO DOCE/REUTERS-17/4/2017

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO–14/9/2016

DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–16/3/2012

Edital de Convocação. O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Aguai - SP, inscrito sob. CNPJ:
67.161.984/0001- 63, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, vem através deste edital, convocar as eleições para
preenchimentos dos cargos da diretoria, conselho fiscal efetivo, conselho de delegados representantes junto à federação efetivos,
bem como a lista de quatro suplentes, para o mandato de três anos com inicio em vinte de julho de dois mil e vinte á dezenove
de julho de dois mil e vinte três. As eleições sindicais serão realizadas no dia vinte três e vinte e quatro de abril de dois mil e vinte,
com inicio as oito horas ate às dezessete horas, com uma urna fixa na sede do sindicato, e três urnas itinerantes, que percorrerão
todos os locais de trabalho dos funcionários públicos municipais associados e aptos a votar de Aguai – SP. Desde já fica aberto
prazo de inscrição de chapa, que será de cinco dias, ou seja, nos dias dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove e vinte de março
de dois mil e vinte, onde haverá pessoa habilitada para fazer a inscrição de chapa, na secretaria eleitoral do sindicato, que
atenderá das oito horas ás quatorze horas, endereço sito á Rua: Marechal Deodoro, nº 205, Jardim Primavera, Aguai - SP. Em
conformidade com o estatuto social da entidade, bem como seus parágrafos, Incisos e alíneas todos do estatuto e regulamento
eleitoral, fica desde já aberto o prazo de cinco dias para propositura de impugnação contra candidatos ou chapas, a contar da
publicação das chapas neste mesmo jornal. O quórum previsto para o primeiro escrutínio é cinquenta por cento mais um dos
associados em condições de votar de conformidade com o Processo Eleitoral, capitulo único, não atingindo o quórum, será de
acordo com o artigo vinte e seis, bem como seus parágrafos, realizar-se novas eleições de acordo com o capitulo eleitoral, nos
dias um e dois de maio de dois mil e vinte, nos mesmos moldes do primeiro escrutínio, com o quórum de um terço, ainda mesmo
assim se não obter o quórum, será realizado o terceiro escrutínio nos dias sete e oito de maio de dois mil e vinte, com o quórum
simples, em caso de empate nova eleição nos dias quinze e dezesseis de maio de dois mil e vinte, onde só concorrendo as
duas chapas mais votadas. quórum simples. Presidente: Antônio Carlos de Moraes Rangel. Aguai - SP, 15 de março de 2020.

PEDRO PAVANATO
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