O Estado de São Paulo (2020-03-15)

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 15 DE MARÇO DE 2020 NotaseInformações A


A

Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarou que a dissemina-
ção do coronavírus atingiu a pro-
porção de pandemia global. A de-
signação é, na prática, pouco
mais que simbólica, mas com ela
a OMS pretende chamar a atenção de todo o
planeta para os graves riscos econômicos e de
saúde pública associados à expansão desenfrea-
da da doença. “Estamos profundamente preo-
cupados tanto com os alarmantes níveis de dis-
seminação e de severidade da pandemia como
com os alarmantes níveis de inação”, disse o di-
retor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Assim, a OMS torna oficial o que já era a con-
clusão de epidemiologistas de várias partes do
mundo, inclusive do Brasil. A crise do coronaví-
rus é concreta, não uma “fantasia” criada pela
“grande mídia”, como disse o presidente Jair
Bolsonaro. Preocupa sobremaneira que o gover-
no brasileiro, a julgar pelas declarações inconse-
quentes do presidente, esteja propenso a consi-
derar a pandemia como sendo apenas uma “pe-
quena crise”. Isso é “brincar com fogo”, como
comentou o biólogo Fernando Reinach em sua
coluna no Estado. “E provavelmente vamos


nos queimar”, completou ele, ao lembrar que o
sistema de saúde da Itália já entrou em colapso
e que tal perspectiva levou diversos países a
adotar medidas drásticas para tentar frear a ex-
pansão do vírus. No Brasil, contudo, as autori-
dades nem sequer decidiram
quais são os cenários possíveis
e, como escreveu Reinach, pare-
cem preferir “esperar para ver”.
É assim que Bolsonaro encara
crises verdadeiras: menospreza
seus riscos e as considera cria-
ções da imprensa. Tem sido as-
sim também no trato da crise
econômica: enquanto milhões
de cidadãos continuam a enfren-
tar a dura realidade do desem-
prego graças ao crescimento pí-
fio do PIB sob Bolsonaro, o go-
verno tenta convencer o distin-
to público de que tudo vai bem.
No caso dos efeitos da pandemia do coronaví-
rus sobre a economia global, com óbvias conse-
quências negativas sobre o já claudicante cres-
cimento do Brasil, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, chegou a dizer que estava “abso-

lutamente tranquilo”. Esse estado de negação,
a exemplo do que acontece no caso do corona-
vírus, atrasa a adoção de medidas que pode-
riam ajudar o País a enfrentar a crise.
Enquanto trata problemas reais e graves co-
mo pouco relevantes, o presiden-
te da República despende a ener-
gia que extrai de seu cargo com
crises inventadas pela inesgotá-
vel imaginação dos bolsonaris-
tas. O mais recente delírio mani-
festado pelo presidente foi a de-
núncia de que a eleição de 2018
foi “fraudada”.
“Eu acredito que, pelas provas
que tenho em minhas mãos, que
vou mostrar brevemente, eu ti-
nha sido, eu fui eleito no primei-
ro turno, mas no meu entender
teve fraude. E nós temos não ape-
nas palavra, nós temos comprovado, breve-
mente eu quero mostrar”, disse Bolsonaro,
com sintaxe muito peculiar. Mais tarde, ques-
tionado sobre quando mostraria as tais “pro-
vas”, o presidente desconversou: “Eu quero
que você me ache um brasileiro que confia no

sistema eleitoral brasileiro”.
É evidente que uma declaração dessa gravida-
de merecia o repúdio imediato das instituições
democráticas, como fez o Tribunal Superior
Eleitoral ao reafirmar a lisura das eleições de
2018 e das anteriores. E é espantoso que o presi-
dente da República, no auge de uma combina-
ção de turbulências que ameaçam seriamente o
futuro imediato do País, prefira mobilizar a opi-
nião pública e as instituições em torno de seus
devaneios persecutórios e conspirativos. Isso
talvez indique que ele acha que o mundo gira
em torno de sua excelsa figura.
Infelizmente, esse tem sido o padrão de
comportamento do presidente Bolsonaro an-
te os inúmeros desafios que se lhe apresen-
tam desde que tomou posse, e nada indica que
será diferente até o final do mandato, especial-
mente à medida que fica mais clara a sua inca-
pacidade de governar, qualquer que sejam as
circunstâncias.
Ou seja, hoje já é possível dizer que a grande
crise que o Brasil enfrenta não é a economia tra-
vada ou a ameaça epidêmica do coronavírus; a
verdadeira crise do País é não ter governo justa-
mente quando ele é mais necessário.

N


ão há dúvida de
que o País pagou
um altíssimo
preço institucio-
nal, político e
econômico pela
inépcia da denúncia oferecida
pelo ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot con-
tra o ex-presidente Michel Te-
mer em setembro de 2017. Ja-
not, convém lembrar, acusou
Temer de impedir ou tentar
embaraçar a assinatura de um
acordo de colaboração premia-
da entre o ex-presidente da
Câmara dos Deputados Eduar-
do Cunha, o doleiro Lúcio Fu-
naro e o Ministério Público Fe-
deral (MPF). Nunca houve o
tal impedimento ou embara-
ço, haja vista que Funaro já ha-
via celebrado um acordo com
o MPF em 2016 e Cunha ja-
mais o assinou, embora tenha
tentado. Mas, para Rodrigo Ja-
not, a tentativa de silenciar os
dois teria sido urdida pelo en-
tão presidente da República e
o empresário Joesley Batista,
controlador do Grupo J&F,
em conversa à sorrelfa no Palá-
cio do Jaburu.
Em outubro do ano passa-
do, o juiz federal Marcus Vini-
cius Reis Bastos, da 12.ª Vara
Federal Criminal do Distrito
Federal, decidiu absolver su-
mariamente o ex-presidente
Michel Temer, determinando
que o processo fosse “imedia-
tamente arquivado”. O magis-
trado entendeu que a prova so-
bre a qual se fiava a acusação
era “frágil, não suportando se-
quer o peso da justa causa pa-
ra inauguração da instrução
criminal”. Vale dizer que, no
entender do juiz federal Reis
Bastos, o que a Procuradoria-


Geral da República (PGR)
apresentou como “prova” pa-
ra consubstanciar a denúncia
contra o ex-presidente Michel
Temer, entre outros denuncia-
dos, não valia sequer a instau-
ração de um processo crimi-
nal, que dirá a condenação
dos acusados.
O MPF que atua na primei-
ra instância recorreu da sen-
tença absolutória, alegando
que o fato atribuído aos acusa-
dos era “típico”, ou seja, pre-
visto em lei como crime, e ha-
via “prova suficiente do delito
imputado”, razões pelas quais
o processo deveria prosseguir
com a instrução e julgamento.
Pois este não foi o entendi-

mento da Procuradoria da Re-
pública da 1.ª Região, que emi-
tiu parecer contrário ao provi-
mento da apelação feita pelo
próprio MPF.
Para o procurador regional
Paulo Queiroz, que assina o
parecer, “o recurso de apela-
ção não merece provimento”
porque “os fatos descritos na
denúncia não constituem cri-
me de impedimento ou emba-
raço de investigação criminal
envolvendo uma organização
criminosa”. O procurador re-
gional salienta ainda, com ra-
zão, que uma investigação cri-
minal pode se dar com ou
sem a colaboração dos inves-
tigados. Durante o mandato
de Rodrigo Janot à frente da
PGR, o instituto da colabora-
ção premiada, trazido ao or-

denamento jurídico pela Lei
12.850/2013, tornou-se, na
prática, prova em si mesmo,
o que é um absurdo. A chama-
da delação premiada é apenas
uma entre várias técnicas pa-
ra obtenção de prova, não
prova nada.
Em um dos trechos mais
contundentes de seu parecer
contrário à revisão da senten-
ça absolutória do juiz federal
Reis Bastos, o procurador re-
gional Paulo Queiroz afirma
que “o diálogo gravado (por
Joesley Batista) era, em última
análise, um diálogo ficcional,
provocado a fim de produzir
prova contra Michel Temer e
incriminá-lo”. Paulo Queiroz
conclui que a acusação contra
Temer é atípica também por
esta razão. A ser verdadeira a
alegação, não só a gravação da
conversa entre Michel Temer
e Joesley Batista foi ardilosa,
como mal feita.
Tantas inconsistências na
acusação feita pelo ex-procura-
dor-geral Rodrigo Janot, que
se mostra débil a cada novo an-
damento processual, levaram
o País a um estado de paralisia
legislativa – afinal, o Congres-
so teve de sustar sua agenda,
incluindo a apreciação da re-
forma da Previdência, para de-
liberar sobre o afastamento
do então presidente da Repú-
blica denunciado – e ao recru-
descimento da nefasta polari-
zação política que ainda hoje
cinde a sociedade ao meio e in-
terdita o bom debate público.
Resta esperar que esta ação
penal originada por denúncia
inepta seja, enfim, arquivada e
sirva de exemplo de como não
deve agir um procurador-ge-
ral da República.

N


ão é incomum
que se criti-
quem as Comis-
sões Parlamenta-
res de Inquérito
(CPIs) por se-
rem ineficientes. Segundo es-
sa avaliação, elas serviriam
mais para criar factoides políti-
cos do que para elucidar os as-
suntos investigados. Tal gene-
ralização, no entanto, não cor-
responde aos fatos. Houve vá-
rias comissões que realizaram
importantes investigações, co-
mo a CPI das ONGs, instaura-
da no primeiro mandato de
Lula. Agora, está em curso a
Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) sobre as
fake news, que tem trazido in-
formações relevantes a respei-
to desse fenômeno que causa
tantos danos às instituições e
fragiliza o debate público. Se-
ria um erro ignorar as revela-
ções da CPMI.
Por exemplo, em dezembro
do ano passado, a deputada
Joice Hasselmann (PSL-SP)
prestou um longo depoimen-
to na CPMI das fake news. Na
ocasião, a deputada confir-
mou a existência de um grupo
de pessoas dentro do governo
Bolsonaro, o chamado “gabi-
nete do ódio”, formado por as-
sessores especiais da Presi-
dência da República, cujo obje-
tivo era a propagação de notí-
cias falsas e difamações. “Es-
tou mostrando o modus ope-
randi, estou mostrando pes-
soas ganhando dinheiro públi-
co para atacar pessoas”, disse
a deputada.
Ela mostrou que a difusão
de notícias falsas não é uma
atividade barata. Segundo Has-
selmann, um disparo feito por

robôs custa, em média, R$ 20
mil. “De maneira, digamos, le-
gal, comprovável imediata-
mente, (são destinados) pratica-
mente R$ 500 mil, de dinheiro
público, para perseguir desafe-
tos. Essa é a função do ‘gabine-
te do ódio’. Nós estamos falan-
do de crime. Caluniar, difamar
e injuriar são crimes previstos
no Código Penal”, afirmou a
deputada. Ela sugeriu à CPMI
que “siga o rastro do dinheiro
porque estamos falando de mi-
lhões (de reais)”.
No depoimento, também fo-
ram indicados perfis nas redes
sociais usados para dissemi-
nar fake news e atacar adversá-
rios do presidente Bolsonaro.

Segundo a deputada, boa par-
te da fonte das notícias falsas
e campanhas difamatórias
tem origem em gabinetes de
políticos aliados ao governo.
Após o depoimento, a CPMI
aprovou requerimentos da
quebra de sigilo das contas in-
dicadas pela deputada, solici-
tando informações às empre-
sas sobre os autores desses
perfis na rede.
Em resposta aos pedidos da
comissão, o Facebook trouxe
informações que confirmam
o relato da deputada Joice
Hasselmann.
A empresa proprietária do
Instagram comunicou à CPMI
que o perfil “snapnaro”, que di-
vulgava notícias de blogs elo-
giosos ao presidente Bolsona-
ro e atacava políticos adversá-

rios, foi editado a partir de
uma rede de computadores do
Senado entre fevereiro e maio
de 2019. Ao longo do período,
foram feitos 95 acessos pela re-
de do Senado. No mesmo dia
do depoimento de Joice Has-
selmann, o perfil “snapnaro”,
que existia desde maio de
2017, foi apagado. As informa-
ções são do jornal O Globo.
O Facebook também trouxe
elementos que ligam o deputa-
do Eduardo Bolsonaro (PSL-
SP) ao site “Bolsofeios”, usa-
do para desferir ataques vir-
tuais contra o STF, Rodrigo
Maia, jornalistas e adversários
do presidente. A página “Bol-
sofeios” foi registrada a partir
de um telefone utilizado por
Eduardo Guimarães, secretá-
rio parlamentar de Eduardo
Bolsonaro. A conta ligada ao
site foi criada no IP de um
computador localizado den-
tro na Câmara. Após o site
UOL ter revelado a ligação
com o filho do presidente, a
página foi retirada do ar.
O prazo final para a CPMI
das fake news é 13 de abril. Se o
desejarem, Senado e Câmara
podem prorrogar a comissão
por mais 180 dias. É de funda-
mental importância descobrir
quem são os promotores e os
financiadores das fake news e
dos ataques contra autorida-
des e instituições públicas. A
calúnia, a difamação e a injúria
são crimes, segundo a lei brasi-
leira. Não cabe tolerância com
uma atuação tão danosa à hon-
ra das pessoas, às instituições
e à própria democracia. Ainda
mais quando são numerosos
os indícios de que criminosos
se valem do aparato estatal pa-
ra suas atividades ilegais.

As falsas crises, e a verdadeira


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Não cabe tolerância com
atuação tão danosa às
pessoas, às instituições
e à democracia

Notas & Informações


A incúria de Rodrigo Janot


A incúria do
ex-procurador-geral
da República
custou caro ao País

A CPMI das ‘fake news’


lPandemia
Socorro da OMS
Tenho acompanhado atenta-
mente pela mídia o avanço dos
casos de covid-19 e todos os
países estão adotando medidas
severas para contenção do coro-
navírus, como suspensão de
aulas, de eventos, até restrição
de pessoas nas ruas, fechamen-
to de museus, atrações turísti-
cas e toda atividade em que ha-
ja acúmulo de pessoas. No Bra-
sil, até agora, apenas algumas
escolas particulares suspende-
ram as aulas. Considerando nos-
so deficiente sistema de saúde,
que atua à beira do colapso por
falta de equipamentos, agentes
e leitos, a Organização Mundial
da Saúde (OMC) deveria orien-
tar o Ministério da Saúde, pois
podemos estar a caminho de
mais uma tragédia evitável, sem
precedentes na nossa História.
DANIEL MARQUES
[email protected]
VIRGINÓPOLIS (MG)


Muita calma nessa hora
O fato é que a covid-19 chegou
ao Brasil, como era esperado, e
inexoravelmente seguirá o seu
ciclo em progressão geométri-


ca, já plenamente previsto pelas
autoridades sanitárias. Mas dia-
riamente recebemos uma enxur-
rada de informações, principal-
mente por aplicativos, atormen-
tando nossa vida, que nem sem-
pre são precisas e não raro têm
origem duvidosa. No meu mo-
do de ver, essas mensagens des-
cabidas só se prestam a dissemi-
nar medo, tumulto, preocupa-
ção, terror, pânico. Enfim, fo-
mentar uma histeria coletiva,
que não nos levará a lugar ne-
nhum. O Brasil dispõe de uma
plêiade de médicos infectologis-
tas e virologistas de altíssima
qualidade que estão profunda-
mente envolvidos em todo esse
processo, informando e educan-
do a população no sentido de
evitar contaminação e contágio,
discutindo e aperfeiçoando o
melhor tipo de tratamento clíni-
co a ser ministrado, em especial
dirigido aos pacientes idosos,
os mais vulneráveis. Além dis-
so, seguem estudando o com-
portamento do vírus em climas
tropicais. Isto posto, a popula-
ção deve manter a calma e se-
guir com todo o rigor os proto-
colos preventivos e as orienta-
ções dos médicos especialistas

e das autoridades sanitárias –
tudo isso vastamente divulgado
pela mídia responsável.
DAVID ZYLBERGELD NETO
[email protected]
SÃO PAULO

lEconomia
Contágio do vírus
O coronavírus, em geral, repre-
senta risco de vida basicamente
para idosos ou pessoas com saú-
de debilitada. Levando em con-
ta as medidas internacionais
para evitar a propagação, é bem
possível que ainda neste ano a
humanidade vença a luta con-
tra a doença. Mas a crise econô-
mica decorrente do combate à
epidemia está pegando a econo-
mia mundial em estado vulnerá-
vel, endividada e com juros mui-
to reduzidos. Diversos segmen-
tos estão sendo diretamente
afetados e não têm pulmão pa-
ra aguentar a privação a que es-
tão sendo submetidos. Se come-
çarem a quebrar, o mal econô-
mico pode se propagar com
mais velocidade e virulência do
que o vírus. E seus efeitos amea-
çam se estender por um bom
prazo. Ações coordenadas das
grandes economias seriam capa-

zes de impedir um risco sistêmi-
co, mas, dada a conjuntura, não
deve ser fácil. Se cada qual se
preocupar tão somente em sal-
var o que puder da própria pele,
o Brasil vai precisar que os po-
líticos comecem a se preocupar
com o País e agir rapidamente,
fazendo muito do que se têm
recusado a fazer por falta de
interesse. Quais as nossas chan-
ces de sucesso nesse cenário?
JORGE A. NURKIN
[email protected]
SÃO PAULO

Temos estadistas?
Enquanto no Congresso Nacio-
nal se pensar mais no próprio
bolso e na carreira política,
o Brasil continuará estagnado.
Dane-se o País!
MILTON BULACH
[email protected]
CAMPINAS

lGoverno Bolsonaro
Hora de decisão
O momento é de cuidadosas
reflexões e decisões, tanto na
área econômica como na políti-
ca, pois “competência gera con-
fiança”. Portanto, este é o mo-
mento de o governo Bolsonaro

dizer a que veio, e não ficar
com rusgas nas redes sociais.
FRANCISCO JOSÉ SIDOTI
[email protected]
SÃO PAULO

lReforma tributária
Grito de alerta
Em épocas críticas, políticos
ligados a lobbies articulados
procuram colocar jabuticabas
em medidas de outras nature-
zas ou fazer aprovar de afogadi-
lho programas e reformas que
os favoreçam. É o que se passa
com o texto da reforma tributá-
ria ora em processo de análise
pelo Congresso Nacional. A
omissão do Estado, ao não apre-
sentar projeto de sua autoria,
decerto para não se incompati-
bilizar com importantes parcei-
ros, avaliza a ação dessas rapo-
sas. Assim sendo, resta aos po-
bres mortais, como nós, que
pagaremos o pato caso essas
espertezas se tornem realidade,
acompanhar e protestar se ex-
cessos forem anunciados. O ar-
tigo do senador José Serra O
que é essencial ficou de fora (12/3,
A2) explica didaticamente abu-
sos dessa natureza: uma refor-
ma que aumenta tributos das

famílias, tributa excessivamen-
te serviços, educação (!), taxis-
tas e profissionais autônomos,
entre outros; afora pouco con-
tribuir para a simplificação do
sistema tributário. Não é essa a
reforma pretendida pela Nação.
Por isso nunca será demais es-
tarmos alertas, acompanhar
atentamente a evolução do tex-
to da dita reforma, além de ana-
lisar possíveis motivos que le-
vam políticos a defender a apro-
vação a toque de caixa num con-
texto descalibrado. Tenhamos
em conta que a covid-19 passa-
rá, já as leis tributárias ficarão
ad aeternum.
SÉRGIO HOLL LARA
[email protected]
INDAIATUBA

Imposto sobre dividendos
E quanto ao imposto sobre divi-
dendos e consequente redução
do Imposto de Renda das em-
presas, ninguém fala mais na-
da? Só os bancos e financeiras
distribuíram R$ 52 bilhões em
dividendos em 2019, grande par-
te para poucos privilegiados.
RADOICO CÂMARA GUIMARÃES
[email protected]
SÃO PAULO

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]

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