O Estado de São Paulo (2020-03-15)

(Antfer) #1

Eliana Silva de Souza


VIDA LOUCA
Estreia neste domingo, às 22h,
no Film & Arts, o filme Kids in
Love. Dirigido por Chris Fog-
gin, drama conta a história do
jovem Jack (Will Poulter), que
sempre suspeitou que havia
algo mais na vida além do tra-
balho e faculdade. Mas tudo
muda quando ele encontra a
interessante Evelyn (Alma Jo-
dorowsky) e seu grupo de ami-
gos, passando a viver a vida
mais loucamente, incluindo
em sua agenda festas e bala-
das nas ruas de Londres. Kids
in Love será reapresentado na
segunda, 16, às 2h40 e 11h20.


DISPUTA MUSICAL
Neste domingo, 15, chega à
tela da Record TV o segundo
episódio do reality musical
The Four, que é comandado


por Xuxa Meneghel. Logo na
abertura da atração, os finalis-
tas Jezrrel, Marina Araújo, Vic-
tor Mota e Alma Thomas can-
tam juntos um mix de Born to
Be Wild, de Steppenwolf, e
Born This Way, de Lady Gaga.
No júri, cantora Aline Wirley,
o produtor musical João Mar-
cello Bôscoli e Paulo Miklos.
Em cada programa, desafian-
tes precisam da aprovação
unânime dos jurados, sendo
desafiados por quatro concor-
rentes a cada semana.

PAPO RETO
O entrevistado desta segunda-
feira, 16, do Roda Viva será o
ex-ministro e ex-governador
do Ceará Ciro Gomes. Coman-
dado pela jornalista Vera Maga-
lhães, programa vai ao ar ao
vivo a partir das 22h, na TV
Cultura, e conta com a tradi-
cional participação do cartu-
nista Paulo Caruso. Atração
também pode ser acompanha-
da pelo site da emissora e ain-
da por suas redes sociais Twit-
ter, Facebook e YouTube.

PONTA DOS PÉS
Documentário sobre a traje-
tória da bailarina Angel Vian-
na será exibido nesta terça,
17, às 22h25, no Canal Cur-
ta!, que tem uma história
que se confunde com a da
dança contemporânea brasi-
leira. Aos 91 anos, a coreógra-
fa, bailarina e pesquisadora
do movimento corporal é o
centro do documentário An-
gel Vianna: Voando Com os
Pés no Chão, que conta com
direção de Cristina Leal.

AMIGOS REUNIDOS
A nova temporada da série
adolescente Disney Bia (foto)
estreia nesta segunda, 16, às
19h, no Disney Channel. Va-
mos continuar acompanhan-
do a história dessa turma e
saber como continua a emo-
cionante trajetória de Bia,
Manuel e todos os integran-
tes do Fundom. E para os fãs
da atração, está disponível o
álbum da nova temporada,
Grita, nas principais platafor-
mas de áudio.

HORA DA NOTÍCIA
Chegou o dia de conhecer a
CNN Brasil, que estreia nes-
te domingo, 15, às 18h, em
todas as plataformas, e terá
programação com telejornais
ao vivo, além de programas
de documentários.

‘Simples Assim’. O novo programa da Angélica tem direção-geral
de Geninho Simonetti e, a cada sábado, atrações provocam refle-
xão e convidam o espectador a olhar o outro com mais empatia.

Revelações


O Olho
e a Faca
(Brasil, 2018.) Dir. de Paulo Sacra-
mento, roteiro de Eduardo Benaim,
com Rodrigo Lombardi, Maria Luisa
Mendonça, Caco Ciocler.

Dente Canino/
Kynodontas
(Grécia, 2009). Dir. de Yorgos
Lanthimos, com Angeliki Pa-
poulia, Mary Tsonia, Christos
Passalis, Christos Stergioglu,
Michelle Valley.

Homem que trabalha numa
estação petrolífera, em alto-
mar, vive conflitos familiares e
profissionais. É casado, e tem
uma amante. É promovido e os
colegas duvidam de sua integri-
dade. Com formação de monta-
dor, Sacramento fez um filme
preciso com um ator podero-
so, Rodrigo Lombardi.

HBO, 16,40. COLORIDO, 99 MIN.

Luiz Carlos Merten

De certa forma, Lanthimos
havia sido o Bong Joon-ho
do ano passado, quando Oli-
via Colman derrotou a favo-
rita Glenn Close no Oscar
de atriz, por A Favorita, que
ele dirigiu. Dez anos antes
Lanthimos fizera sensação
em Cannes com essa inusita-
da crônica em que pai, mãe e
os filhos são criados sem con-
tato com o mundo externo.
A chegada de uma estranha
vai subverter esse mundo.

TEL. CULT, 22H. COL., 97 MIN.

Bróder
(Brasil, 2011.) Dir. e roteiro (com
Newton Cannito) de Jeferson De,
com Caio Blat, Jonathan Haagen-
sen, Cássia Kiss, Ailton Graça, Síl-
vio Guindane.

Leandro Nunes


Aos 22 anos, a Companhia do
Feijão nunca deixou de fazer
perguntas. A seu modo, são
questões que não mudam tanto
com o tempo, mas que ganham
sentido conforme os anos pas-
sam. Quando estreou DaTchau



  • Rumo à Estação Grande Aveni-
    da, em 2017, o grupo conside-
    rou na cena a Avenida Paulista
    como grande termômetro dos
    movimentos sociais e políticos.
    O que havia de divertido nas ce-
    nas de trabalhadores espremi-
    dos no transporte público apon-
    tava para um final trágico com


uma mensagem pela defesa da
liberdade, em qualquer época.
Essa busca prossegue. Ago-
ra de modo mais íntimo, na no-
va montagem A Mãe – Canções
para Acordar Bertolt Brecht,
que faz curta temporada no
Itaú Cultural, até domingo, 14.
A peça mantém o interesse te-
mático da companhia, mas
concede outro rumo estético
e criativo ao grupo, marcado
pela estreia da atriz Vera
Lamy na direção. Ela também
assina a dramaturgia.
É preciso assinalar essas
transformações. Companhias
do porte da Cia do Feijão, com

mais de duas, três décadas de
existência, mantêm um modo
de trabalho estável, mas que
precisa atravessar o tempo.
Não se trata de agora se apaixo-
nar pela novidade, mas de se
continuar relevante no debate
atual e futuro. “Antes de es-
trear, eu não queria que disses-
sem sobre a peça: ‘Lá vêm eles,
os artistas, querendo dizer co-
mo o mundo deve ser’”, Vera
manifesta sua preocupação em
entrevista ao Estado, na sede
da companhia.
Enquanto fuma um charuto,
criando uma “brasa de ideias
vermelhas”, o personagem do
texto poético da autora prepa-
ra a plateia para um cabaré re-
pleto de música. Na trama, o
Feijão investe em demonstrar
os bastidores da adaptação que
Brecht fez do romance A Mãe,
de Máximo Gorki. A versão do
dramaturgo alemão dispõe na
cena a luta dos trabalhadores
russos contra a opressão czaris-
ta, até a vitoriosa revolução de
1917, que uniu o conselho popu-
lar de operário, os soldados e
camponeses.
O trabalho de Brecht nessa
adaptação escrita em 1931 não
deixou de servir como um exer-
cício de esperança, já que nesse
período, a Alemanha, assim
com a Europa, estavam afunda-
das em uma profunda crise.
“Ele tentava entender como o
passado poderia esclarecer as
coisas e assim, conseguir rea-
gir, além de experimentar for-
matos. Essa peça é considerada

a mais híbrida de sua obra, por
conter elementos do épico e do
dramático”, conta Vera.
Trata-se de um tipo de mate-
rial que, na atualidade, pode-
ria despertar paixões para mui-
tos paralelos simplistas – do
contra e do a favor – pela visão
política do autor, mas a ence-
nação do Feijão filtra os tem-
pos sombrios e possível polari-
zação em um palco alegre.
“Apelamos para a poesia, em
que as palavras e as expressões
políticas não sumiram. Estão
nos versos, mas envolvidas nas
canções”, explica a diretora.
Em cena estão Bruno Miotto,
Clara Kok, Eduardo Sch-
lindwein, Eugenia Cecchini,
João Attuy, Lincoln Antonio,
Luiz Viola, Pedro Semeghini e
Zernesto Pessoa, além de Vera.
O teatro épico, um dos pila-
res investigados pelo Feijão,
ajuda a reconstruir a intimida-
de criativa de Brecht, da leitura
de obras fundamentais, da po-
lítica à religião, para desvendar
a figura sagrada e social da revo-
lução, no romance de Gorki.
“Ele empreendeu estudos com
a Bíblia, O Capital, de Marx, pa-
ra entender como se forma essa
mulher, capaz de gerar a trans-
formação”, explica a diretora.

Viúva de um operário, Vlas-
sova é envolvida na luta de clas-
ses sem querer, pelo próprio
filho. No ensaio acompanhado
pela reportagem, enquanto os
filhos preparam panfletos po-
líticos, a mãe inventa um mo-
do de distribuí-los. Na cena, o
Feijão gravou cenas inspiradas
no cinema mudo, abusando
das pantomimas.
Em vídeo, durante o almoço
na fábrica, a mãe distribui sopa
com uma panela e oferece guar-
danapos suspeitos em que os
trabalhadores leem o chama-
do à luta. “Percebemos que a
linguagem chapliniana nos ins-
pirou a narrar trechos da histó-
ria sem recorrer aos textos.
Além de estabelecer outros pla-
nos para a peça”, continua.
“Além de ser parte do distan-
ciamento do teatro épico, que
coloca a plateia para desfrutar
diferentes modos de se contar
uma história.”
E funciona. Dos policiais che-
gando à casa para investigar a
família, ao encontros às escon-
didas para reunir os trabalha-
dores, os filmes curtos re-
cheiam a história de humor. “É
o encantamento pela forma”,
completa Vera.
A direção musical, a cargo de
Lincoln Antonio (leia ao lado),
tem papel importante no rit-
mo das cenas e na construção
do espetáculo. Para Vera, as
canções épicas atravessam a
função de acompanhamento
da cena. “É mais do que isso, é
um comentário.”

Três amigos de infância que
seguiram rumos diversos na
vida se reúnem para festejar o
aniversário de um deles. O pri-
meiro longa de Jefferson De
prosseguiu com questões de
diferença social e racial do seu
belíssimo curta, Carolina. Óti-
mo elenco, cenas fortes, foi
multipremiado em Gramado.

CANAL BRASIL, 13H30. COL., 93 MIN.

MILENA MEDEIROS

DESTAQUE

Serviço

Teatro. Em peça, Cia do Feijão revê história


de Brecht com a ajuda do cinema mudo


Sem Intervalo Filmes na TV

Do clássico ao


coco para chamar


a revolução


DISNEY

A MÃE – CANÇÕES PARA ACORDAR
BERTOLT BRECHT. ITAÚ CULTURAL
AV PAULISTA, 149. TEL. 2168-1777.
SÁB., 20H, DOM., 19H. GRÁTIS. ATÉ 15/3

Música, um


antídoto


para tempos


sombrios


Épico. ‘A Mãe –
Canções para
Acordar Brecht’
marca versão do
autor alemão para
obra de Gorki

l Parceiro da Cia do Feijão, o
diretor musical Lincoln Antonio
constrói a direção de encena-
ções singelas, como foi no solo
Manuela, com Vera Lamy, a en-
cenações mais grupais como A
Mãe – Canções para Acordar
Bertolt Brecht.
Coautor das canções da mon-
tagem, ao lado da atriz e diretora,
Antonio assinala que o espetácu-
lo transita entre diferentes esti-
los. “Começamos com algo mais
clássico até chegarmos ao que é
popular como o coco.” Essa dan-
ça de roda da Região Nordeste
guiará as personagens na festa
coletiva da revolução.
Outro elemento de som vem
da linguagem proposta pelo ci-
nema mudo, explica ele. “É algo
diverso, mais voltado aos baru-
lhos de passos, portas que se
abrem, sons produzidos por ob-
jetos, feito por Pedro Semeghini
e conforme os atores trabalham
na cena”, afirma ainda Lincoln
Antonio.
Amante da experimentação, a
companhia fez testes e mais tes-
tes com as letras criadas. “É um
bate-volta que a gente já conhece.
Precisa caber na cena, caso con-
trário voltamos para mudar o que
precisa”, completa Antonio. / L.N.

BOO PRODUCTIONS

JOÃO MIGUEL JR./GLOBO

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 15 DE MARÇO DE 2020 Caderno 2 C5

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