Adega - Edição 173 (2020-03)

(Antfer) #1

MUNDOVINO |^


EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

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Coquetel de Sauternes
Uso do famoso vinho doce bordalês em drinques tem gerado polêmica

O uso de Sauternes para fazer
coquetéis tem dividido as opiniões
entre os produtores e gerou fortes
críticas do ex-proprietário do
Château d’Yquem. “Os coquetéis
de Sauternes não são o caminho
para criar novos fãs dos melhores
vinhos doces de Bordeaux”, apontou
o conde Alexandre de Lur Saluces,
ex-proprietário do Château d’Yquem
e cuja família é dona do Château
de Fargues, também na região, há
vários séculos.
As vendas de Sauternes têm
caído nas últimas décadas e há
muito tempo existe um debate
sobre como lidar com isso. Alguns
proprietários experimentaram estilos
de Sauternes que podem ser usados

em coquetéis, com vinho quente,
um “saujito” – uma nova visão do
mojito clássico – ou simplesmente
com água com gás ou raspas de
laranja.
Em uma carta enviada à
publicação francesa Terre de
Vins, Lur Saluces disse que era
“arrogante” pensar que os vinhos de
Sauternes poderiam ser aprimorados
por meio da mixologia. Ele
afirmou que esses métodos foram
tentados no passado, sem sucesso,
e a obstinação de quem procura
melhorar Sauternes com aditivos
“seria melhor usada para promover o
verdadeiro Sauternes”.
Vários proprietários responderam
à carta, incluindo o Château
Lafaurie-Peyraguey, que foi
comprado por Silvio Denz, de
Lalique, em 2014 e lançou um
vinho quente usando Sauternes em
dezembro de 2019 em seu novo
restaurante na propriedade.
Laura Vidal, uma sommelier
que já havia feito um evento de
mixologia com uma marca de
Sauternes e um grupo de barmen
conhecidos, disse: “A doçura natural,
a qualidade trazida pela podridão
nobre e as características minerais
únicas do vinho são componentes
interessantes em um coquetel”.
Sobre os comentários de Lur
Saluce, ela disse: “Eu entendo a
perspectiva dele de que apenas
Sauternes é suficiente por si só, mas
talvez também possa ser apreciado
ocasionalmente como um produto
de luxo associado a outros produtos
deliciosos na coqueteleira de um
especialista”.

Chablis


permanece


na Borgonha
Projeto que pretendia tirar
Chablis da denominação
foi colocado de lado

Por pouco Chablis não deixou
a Borgonha. Pois é, devido aos
protestos de mais de 450 vinicultores
em frente aos escritórios do órgão
nacional de denominação da
França, o INAO, os planos de
remover o acesso ao nome genérico
de denominação Borgonha em 64
comunas, incluindo as de Chablis,
foram deixados de lado.
“Não serei o presidente que
tirou Chablis da Borgonha”, disse
Christian Paly, chefe do INAO. Os
planos foram contestados até pelo
conselho de vinhos da Borgonha,
o BIVB, que juntou uma petição
com mais de 6 mil assinaturas.
O assunto, contudo, parece
que não será esquecido, pois
a grande questão refere-se aos
limites da Borgonha e de sua
denominação regional. Acredita-
se que o movimento para tirar
essas comunas satélites tenha a ver
com a pressão dos produtores de
Beaujolais em recuperar acesso ao
nome da denominação Borgonha.
Tanto o BIVB quanto o INAO
trabalharão em um novo plano. O
acesso ao nome da Borgonha pode
ter um valor comercial importante
para vinhos mais abaixo na
hierarquia, por isso a preocupação.
Para o BIVB, o objetivo é um
cuidadoso equilíbrio entre
impedir a “diluição” do nome da
Borgonha, mas também proteger o
acesso a ele.
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