Adega - Edição 173 (2020-03)

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como recordou o barão. Os Rothschild queriam
renovar a propriedade, mas encontraram uma fe-
roz resistência por parte de Simone.
Ela não queria mudanças (dizem que, basica-
mente, por não concordar com os gastos). Aceitou
apenas iniciar a produção de um segundo vinho, o
Blasson de L’Évangile, mas não deu consentimen-
to para renovações importantes na adega e nos vi-
nhedos sugeridas por Eric e por Charles Chevalier,
então gerente das propriedades de Lafite. Dessa
forma, para poder fazer algumas transformações
imprescindíveis, a equipe precisou ser furtiva, como
quando quase literalmente jogou barricas novas
dentro da adega durante uma noite. “Não consegui-
mos fazê-la replantar os vinhedos”, contou o barão.
Michel Rolland, consultor do château duran-
te a época dos Ducasse, confirmou a casmurrice

de Simone Ducasse e chegou a afirmar que vivia
discutindo com ela depois que Louis faleceu, não
sem antes, em seu leito de morte, pedir a Rolland
que cuidasse dos vinhos da propriedade.

Renovação
O tempo, todavia, fez com que Madame Ducasse
fosse se tornando mais maleável. Em 1999, já com
mais de 80 anos, ela vendeu o restante de sua par-
ticipação em L’Évangile, mas continuou a viver no
Château até abril de 2000, quando faleceu. O ba-
rão se tornou um cogerente e trouxe Dominique
Befve (que posteriormente foi para o Château Las-
combes). Ele derrubou a antiga e pequena cantina
para construir uma nova, maior e mais moderna.
Befve foi substituído por Jean Pascal Vazart
(que hoje dá lugar a Eric Kohler, apesar de conti-

Compra de L’Évangile
pelo barão Eric de
Rothschild teve
momentos “tensos”
com Madame
Ducasse e barricas
novas precisaram ser
“jogadas” dentro da
adega em uma noite
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