Valor Econômico (2020-03-14, 15 e 16)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 3 da edição"16/03/20201a CADB" ---- Impressa por RCalheiros às 15/03/2020@20:09: 02


Sábado,domingoesegunda-feira, 14,15e16demarçode 2020| Valor|B


Empresas


|
Infraestrutura

SaneamentoEmanoeleitoral,BRKsofrecomcortes


detarifaeIguátentaincluircláusulasdearbitragem


Grupos buscam

saída para disputa

com prefeituras

Ta ís Hirata


De São Paulo


Enquanto o novomarcolegal


do saneamento seguetravadono


Congresso Nacional, compa-


nhiasprivadasdo setortentam


driblaras dezenasdisputas judi-


ciais com municípios e órgãos de


controle—fenômeno que,se-


gundo executivos, se agrava em


anoseleitorais,como2020.


ABRK Ambiental (ex-Odebre-


cht Ambiental)vive umamaré


de embates nesteiníciode ano.


Hoje,háao menostrês conflitos


em abertoda empresa.


Em Palmas (TO),vereadores


aprovaram recentemente uma


lei determinandoa reduçãodos


valores cobradospelaempresa.


EmMauá,naregiãometropolita-


nadeSãoPaulo,alémdocortena


tarifa, oprefeitofez ameaças pú-


blicasde “rever”ocontratoda


companhia. Há ainda ocaso de


Mairinque(SP), ondeaprefeitu-


ra preparauma novaconcorrên-


cia parasubstituira BRK,diante


da possibilidadede anulaçãoda


atual concessão,após questiona-


mentosjudiciaisdo Ministério


PúblicodeSãoPaulo.


Aameaçade prefeitoseasbri-


gas na Justiça já se tornaram


parte do dia a dia para as empre-


sas do setor, afirmaapresidente


da empresa,Teresa Vernaglia. “É


umaenergiaque gastamosde-


fendendoos contratos,que po-


deriaestar sendousada em no-


vos investimentos”, diz.


A executivaafirmaque, em


casos de descumprimentosdo


contrato,aempresairá “até o


fim” para garantirque os termos


sejam seguidos. No caso de


Mauá, ondeaempresa cuidado


esgotamentosanitário, ela afir-


ma que acompanhiajá está pró-


xima de chegar aum acordo


com a prefeitura eaSabesp, que


deverá assumir aoperaçãode


águano município paulista.


A insegurançajurídicaéuma


das principaisreclamações no


setor de saneamento —enãoé


exclusividade da BRK.


AAegea,outrogrande grupo


do setor,teve que rescindir um


contratode aquisiçãoda opera-


ção de Guarulhos,devidoa de-


sentendimentoscom a prefeitu-


ra —que, ao fim, acaboufechan-


docomaestatalSabesp.


Acompanhia tambémpassou


todoo ano de 2018sem conse-


guir cobrar tarifa mínima de


seus usuáriosde Campo Grande


(MS)devido a um decretomuni-


ParaTe resaVernaglia,presidentedaBRKAmbiental,disputascomprefeiturasjá setornarampartedodiaa dia


SILVIA COSTANTI/VALOR

cipal—àépoca,aconcessioná-


ria, Águasde Guariroba, repre-


sentava cercade um quartode


sua receitatotal.A empresadiz


que buscamanterconstantediá-


logocom todosos atoresenvol-


vidos na gestãoregulatória.


AIguá Saneamento(ex- CAB


Ambiental), que herdoudeze-


nas de processosjudiciais,tem


negociado com os municípiosa


inclusãode cláusulasde arbitra-


gem nos contratos, em uma ten-


tativade se blindarda insegu-


rança jurídicado setor, segundo


opresidente da companhia,


Gustavo Guimarães.


“As disputas são comuns,é do


jogo. Acada doisanos,ociclo


eleitoralcria apossibilidadede


interferênciapolítica”,dizoexe-


cutivo. “Temosváriasdiscussões


em andamento para incluiraar-


bitragem,mas não é um proces-


so tão rápido. Avaliamos que éo


caminhomaiságil e maisrazoá-


velpararesolverasquestões.”


A empresa já conseguiu in-


cluir uma cláusulado gêneroem


sua concessãode Cuiabá(MT),


umade suasprincipaisopera-


ções,na qualenfrentadiversas


ações com possibilidadedeper-


da e impacto em suas receitas.


No entanto, nem tudo pode ser


levado a um tribunal arbitral, afir-


ma. “Nemsempre ainsegurança


jurídica é em relaçãoao contrato


em si. Há todo um ambiente regu-


latório, com diversos atores, como


Ministério Público, tribunais de


contas,legisladores,Procon”, diz.


Os embatespolíticosafetam


até mesmoas companhiasesta-


duais. A Sanepar, estatal do Pa-


raná,passouo ano de 2019em


conflitocom o Tribunalde Con-


tas do Estado para conseguir


aplicar seu reajustetarifário. A


Copasa,de MinasGerais,tam-


bémtêm sofrido diversasamea-


ças de rescisõescontratuais.


Para dois advogados que


atuamno setor, que pedirampa-


ra não serem identificados, a


instabilidadepolíticaé pratica-


menteregraem concessões de


águae esgoto hoje.Os casos


maiscomunsenvolvematenta-


tiva de reduzirtarifasou incluir


novosinvestimentossem qual-


querreequilíbrio da concessão.


No casodas empresaspúblicas,


há tambémmuitasqueixasdos


prefeitos por faltade investi-


mentosou índices de qualidade


não atendidos, diz um deles.


Para apresidente da BRK,os


embatesmostramarelevância


da aprovaçãodo novomarcodo


setor,que traz medidaspara dar


maissegurançaao ambiente re-


gulatório.


Guimarães,da Iguá,também


vê um avançono cenáriocom as


novasregras,comoadefinição


da AgênciaNacionalde Águas


(ANA)comoórgãoreguladorfe-


deral.“É parteda solução,mas


não será imediata”, diz ele.


IBS Energy fecha parceria com


PowerChina para montar térmica


LetíciaFucuchima


De São Paulo


Lançadohá quase dois anos,o


projetodo grupoIBS Energyde


ergueruma usinatermelétrica


movidaabiomassaem Lençóis


Paulista(SP)devefinalmentesair


do papel.A empresarevisou al-


gunsdetalhes dessa empreitada,


aprimeirada empresa no seg-


mentode geração, edecidiuins-


creverausinaparaopróximolei-


lão A-4 de energianova,do mer-


cadoregulado,em vez de desti-


ná-laaomercadolivre.Alémdis-


so,paracolocaroprojetodepé,o


grupose aliouàgigantechinesa


PowerChina, que prestaráservi-


ços de engenharia e construção.


No total,oempreendimentode-


veexigirinvestimentosdeR$


milhões,sendoR$ 400 milhões


em construçãoeor estante,para


obtençãodabiomassa.


O projetoda termelétrica Ci-


dadedos Livros, comofoi apeli-


dadaaobra,começouaserestru-


turadopelo IBS Energy em 2015.


O grupo, hoje focadoem comer-


cialização e gestãode energia,


decidiu entrar no segmentode


geraçãonão somente paraaces-


sar umanovaoportunidade de


negócios.Segundoopresidente


da empresa, AntônioBento, ade-


cisão passoutambémpor uma


preocupação,àépoca,de que o


país poderiater problemaspara


atenderàdemandacrescentede


energianumcenáriodecresci-


mentoeconômicoacelerado.


“O governosemprepodelan-


çar mãode térmicas [movidasa


carvão e agás natural], bastante


poluidoras emais caras,mas ain-


da assimconstatamos que apos-


sibilidade de atenderademanda


ficaria comprometida.Não que


tenhamosa pretensãode resol-


ver oproblema do país, mas que-


remoscontribuir”, afirma.


Atérmicado IBS Energyserá


movida a biomassa, principal-


mentede florestasde eucalipto.


Masascaracterísticasdacaldeira,


a vaportipo leito fluidizado, per-


mitema queimade outrosinsu-


mos,comocavaco de madeirae


bagaçodecanadeaçúcar.


A proposta inicialdo projeto


sofreuajustes,com o objetivo de


garantir um retorno adequado


aos investimentos: a capacidade


instaladadefinidapara ausina


passoude 50 megawatts(MW)


para95 MW, oque exigirámais


aportesdoqueosR$350milhões


orçadospreviamente.Hoje,estão


estimadosR$ 400 milhõespara a


construção da usina, que terá


área de 121.000m². Serãoinves-


tidosaindaR$ 200 milhõespara


obtençãoda biomassa, uma ope-


raçãoque ocupará 20.000 hecta-


resjuntoàusina.


Para erguero empreendimen-


to,oIBS Energybuscouse juntar


à PowerChina.A estatalchinesa


participaráatravés da subsidiá-


ria SEPCO1,que prestaráservi-


ços de engenharia econstrução


eentregaráoprojetocompleto.


O iníciodas obrasestá previsto


para julhodesteano.


O direcionamento do projeto


tambémmudou.Antespensada


paraatenderomercadolivre de


energia,ausina já está cadastra-


da parao próximoleilãoA-4 de


energianova, previstopara ser


realizado pela AgênciaNacional


de EnergiaElétrica (Aneel)em


28de maio.Ocertamenegocia-


rá energiade novosempreendi-


mentosdas fonteshidrelétrica,


eólica, solarfotovoltaica e ter-


melétrica a biomassacom início


de fornecimento daqui aquatro


anos (2024).Segundo a Empresa


de PesquisaEnergética(EPE), fo-


ram cadastrados nesseleilão 21


projetosde termelétricasa bio-


massa, somando1.145MWde


capacidadeeespalhadosnos es-


tadosde São Paulo, Paraná,Mi-


nas Gerais, MatoGrosso,Mato


Grossodo Sul e Goiás.


O presidente do IBS Energy


explica que aopçãode reorien-


tar os planos para o mercadore-


gulado veioda perspectivade


obterreceitafixa eumPPA (con-


trato de compra evenda de


energia)de longoprazo,instru-


mentoque ajudana contratação


de financiamento. “Acreditamos


que temosum projetobastante


competitivo”, afirmaoexecuti-


vo. Casoo projetonão seja con-


tratadoem leilão,aideiaéven-


der aenergiaaos clientes da co-


mercializadorado grupo, que


atendemaisde 250 clientes.


Porora, oIBS ainda não tem


planos de desenvolver novos


empreendimentos de geração


termelétrica.“Somosuma em-


presacautelosa.Se der certo, po-


demos pensarem outros”, diz


Bento.Tambémestãona mirada


companhia projetos solares.


Golar anunciouterminal


de gásnaturalemSuape


MarinaFa lcão


Do Recife


AGolar Power Brasil, uma joint


venture formada entreanorue-


guesa GolarLNG eofundoStone-


peakInfrastructurePartners, vai


investir R$ 1,8 bilhão na implanta-


ção de um terminal de gás natural


liquefeito(GNL) no complexo in-


dustrialeportuáriode Suape,em


Ipojuca(PE).Oprotocolodeinten-


ções foi assinado hojecom gover-


no do Estado de Pernambuco. As


operações do terminalestãopre-


vistas paracomeçarem no segun-


do semestre. O projeto, que prevê


uma infraestrutura de suprimento


de gás naturalparageração de


energia elétrica, vai atender ainda


demandas das indústrias, comér-


cio,postoseresidências.


Um navio de GNLda Golar,


com capacidade de 135 mil me-


troscúbicose290metrosdecom-


primento, vai atracar de maneira


permanenteno Porto de Suape.


Esta embarcação abastecerá tan-


ques montados em caminhões,


que farão a distribuição para ci-


dades numraio de até mil quilô-


metros. Oescoamento por cami-


nhão chegará aum volume de


800m3deGNLaodia,oqueequi-


vale a, aproximadamente, 480


milm3degásnaturalpordia.


Por meiode cabotagem, a dis-


tribuiçãode GNLtambém será


feitaapartirde Suapeparaou-


trosestadosdaregiãoNordeste.


Suape já éomaiorhub de gra-


néis líquidosegases do Brasil. Se-


gundo dados do governode Per-


nambuco,em2019oPortoalcan-


çou recorde de movimentação de


cargas,chegandoàmarcade23,


milhões de toneladas, das quais


74%foramlíquidosegases.


Como novoterminal, que de-


ve gerar300 empregosdiretos,a


expectativaéde aumentaramo-


vimentaçãodecargasemmaisde


500 mil toneladas por ano.Sefo-


rem considerados os planosfu-


turosda Golar,de realizar supri-


mentoa projetostermelétricos e


às distribuidoras de gás natural


conectadasa rede de gasodutos,


estevolumepoderátriplicar.


Aestatal de gás de Pernambuco,


aCopergás, vaiatuar em parceria


com a empresapara interiorizar o


gás natural em regiões que ainda


não sãoatendidas pelasredesde


distribuição tradicionais. O forne-


cimento será feito por viarodoviá-


ria em contêineres. Ficará a cargo


da estatal construir aestação de


distribuição eas redes que vão for-


necer o combustível dentro dos


doismunicípios. O investimento


nosprojetosédeR$15,9milhões.

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