%HermesFileInfo:B-2:20200317:
B2 Economia TERÇA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Os saques líquidos nas
cadernetas do Sistema
Brasileiro de Poupança
e Empréstimo (SBPE)
atingiram R$ 12,1 bi-
lhões no primeiro bi-
mestre de 2020, prati-
camente repetindo o valor retirado
dessas aplicações em igual período do
ano passado (R$ 12,2 bilhões). O com-
portamento é usual nessa época do
ano, quando as famílias sacam recur-
sos dos investimentos com menor
remuneração para enfrentar as despe-
sas com tributos e educação próprias
do período.
A intensidade das retiradas foi ain-
da maior quando incluídos os dados
da poupança verde, operada principal-
mente pelo Banco do Brasil. Neste
caso, os saques líquidos alcançaram
R$ 15,9 bilhões no bimestre e supera-
ram os saques de R$ 15,3 bilhões regis-
trados em igual período de 2019.
Para explicar o volume de saques,
ao comportamento sazonal do perío-
do deve-se acrescer a remuneração
pequena dos depósitos de poupança,
hoje da ordem de 0,24% ao mês. Esta
poderá ser insuficiente até para co-
brir a inflação esperada para este ano,
de 3,2%, segundo o boletim Focus do
Banco Central (BC) com dados de 6
de março e que se baseia em proje-
ções de um conjunto de consultorias
econômicas privadas.
O que cabe observar é o impacto
das retiradas nas cadernetas do SBPE
sobre o crédito imobiliário. Os finan-
ciamentos lastreados nas cadernetas
somente têm uma das menores taxas
de juros cobradas no mercado por
causa dos juros baixos pagos aos apli-
cadores. Mas as cadernetas são a prin-
cipal fonte de recursos para a aquisi-
ção da casa própria. Numa hora de
pressões globais desfavoráveis à eco-
nomia, a oferta de recursos das cader-
netas a incorporadores e a famílias
tem papel relevante na manutenção
do ritmo da atividade econômica.
Mas, se os juros baixos pagos pelas
cadernetas representavam empeci-
lho para os depósitos de poupança,
empurrando aplicadores para a Bolsa
e outras aplicações de risco, agora,
em razão da queda dos preços das
ações, é possível que a situação se al-
tere, porque a segurança passou a ser
o atributo mais desejado numa aplica-
ção financeira.
Após os grandes saques de 2015 e
de 2016, as cadernetas registraram
captação positiva em 2017 e, sobretu-
do, em 2018. Em 2019 ainda houve
entradas líquidas. A preservação do
capital é o objetivo mínimo dos aplica-
dores. Se isso ocorrer, parece prová-
vel que os saques tendam a cair.
Editorial Econômico
Repetem-se em
2020 saques da
poupança de 2019
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TWITTER: @COLUNADOBROAD
A
lguns bancos de investimento estão propondo às companhias com
títulos de dívida emitidos no exterior que aproveitem o momento
de forte queda nos preços de seus papéis para recomprá-los. Para
isso, porém, elas teriam de usar o próprio caixa. Motivo: com a turbulên-
cia gerada nos mercados globais pela pandemia do coronavírus, o custo
para emitir novas dívidas ficou muito alto. No entanto, o que as institui-
ções estão ouvindo das companhias é que, neste momento, é preferível
preservar caixa. Elas temem o impacto da desaceleração econômica em
seus negócios e a restrição ao crédito, mesmo com as medidas anunciadas
ontem pelo Banco Central e pela Federação Brasileira de Bancos (Febra-
ban), prometendo “bancos abertos a vencimentos de dívidas”.
»Elite. Vale lembrar que normal-
mente são grandes companhias e de
melhor qualidade de crédito aque-
las que acessam o mercado de dívi-
da externa para captar recursos.
»Já era. Muitas companhias vi-
nham fazendo esse exercício de re-
compra de papéis nos últimos dias,
para melhorar seu endividamento.
Antes da pandemia colocar todo o
mercado em alerta, a expectativa
era de que várias empresas fizes-
sem novas emissões no exterior,
para recomprar papéis de maior cus-
to. Também estava prevista a anteci-
pação de operações do segundo se-
mestre, por conta das eleições nos
Estados Unidos. Especialistas consi-
deram que, dada a gravidade da cri-
se, o montante de novas captações
deve ficar abaixo dos US$ 30 bi-
lhões de 2019. Esperava-se que o
volume fosse repetido esse ano.
»Quase o dobro. Para se ter uma
ideia da alta no custo de uma nova
emissão, o contrato de proteção
contra o calote do Brasil, o chama-
do CDS, superou ontem o patamar
da greve dos caminhoneiros em
2018, de 300 pontos-base. O título
de dívida com vencimento em 10
anos da Petrobrás, afetado também
pela queda do petróleo, caiu 21,7%
desde 21 de fevereiro, dia em que os
temores de recessão global por con-
ta do coronavírus começaram a der-
rubar os mercados financeiros.
Com a queda, o retorno desse pa-
pel, indicador de custo para uma
nova emissão, aumentou 87%, para
perto de 6%. No dia 21 era 3,665%.
»Jogo da estátua. Depois de uma
semana sangrenta para o mercado
financeiro – e diante da percepção
de que dias mais amenos ainda es-
tão distantes –, agentes de mercado
pedem o fechamento das Bolsas de
Valores, para “esperar o pânico pas-
sar”. Detalhe: não são apenas os pe-
quenos que estão se sentindo perdi-
dos e defendem a ideia. A proposta
é não só suspender as operações na
B3, mas organizar uma operação
conjunta de todas as Bolsas no mun-
do, de forma a conter as retiradas
de recursos que estão afundando os
índices globalmente.
»Só se parar geral. Os pedidos não
vêm sendo feitos apenas nas redes
sociais. Eles já bateram inclusive no
alto escalão da B3. No entanto, essa
não é uma possibilidade aventada
oficialmente. Nos bastidores, existe
a possibilidade de reduzir horários,
caso os mercados tenham dificulda-
des operacionais, o que não é uma
realidade no momento. Uma parada
total só ocorreria mesmo caso fosse
decretado feriado bancário.
»Crise. O pedido não é à toa. Gran-
de parte dos fundos de investimento
foram pegos no contrapé e não ti-
nham proteção contra uma virada
do mercado. A queda de muitos fun-
dos, que passaram o ano passado
atraindo cotistas, ultrapassa os 40%.
»Cuidado. Membros da diretoria da
Oi, incluindo o presidente Rodrigo
Abreu, entraram em quarentena co-
mo medida preventiva, após terem
contato com um profissional de
uma consultoria contaminado pelo
coronavírus. Os executivos da tele
ficaram um período preventivo em
casa, passaram por exames e todos
os testes tiveram resultado negativo.
No momento, todos da direção es-
tão bem, sem sintomas, e retorna-
ram ao trabalho.
»Sem pânico. A Oi informou que
não há nenhum caso de Covid-19 re-
portado até aqui entre seus funcioná-
rios. A companhia adotou medidas
preventivas, como adiamento de
eventos e incentivo ao home office.
»Ajuda ao mundo. No fim de sema-
na, a Oi decidiu abrir o sinal de al-
guns canais para todos os clientes
de TV por assinatura, em apoio à re-
comendação dos governos de que a
população permaneça em casa para
conter a disseminação do coronaví-
rus. A liberação da programação está
prevista para acontecer de 14 a 28 de
março. Entre os sinais abertos estão
Nick, Nick Jr, E!, AXN, A&E, H2, Li-
fetime, Cinemax, Sony, Canais Tele-
cine, Comedy Central, VH1 Mega-
hits e Paramount.
FERNANDA GUIMARÃES, CYNTHIA
DECLOEDT, CIRCE BONATELLI E
MARIANA DURÃO
N
a semana passada, o senador
José Serra publicou artigo
neste jornal ( O que é essencial
ficou de fora ) criticando as propos-
tas de reforma tributária em discus-
são na Comissão Mista do Congres-
so Nacional. Respeito muito o sena-
dor Serra por sua contribuição para
o debate público e por sua trajetória
política, mas neste caso entendo
que sua posição está equivocada. A
seguir, analiso as principais críticas
apresentadas no artigo.
Uma primeira crítica é de que a
reforma aumentaria a carga tributá-
ria do setor de serviços, o que preju-
dicaria a classe média e as classes
mais baixas, que prestam esses servi-
ços. Tal crítica carece de fundamen-
to, por várias razões. Por um lado, a
maior parte dos prestadores de ser-
viços de baixa renda trabalha em em-
presas do Simples, que não serão afe-
tadas pela reforma tributária.
Por outro lado, o IBS – imposto
que, pelas propostas em discussão
no Congresso, substituiria cinco tri-
butos atuais – incide sobre o consu-
mo, e as famílias ricas consomem
muito mais serviços que as famílias
pobres. Ou seja, se a harmonização
da tributação sobre bens e serviços
tem algum efeito, é o de melhorar a
distribuição de renda. Pode-se dis-
cutir um tratamento diferenciado
para saúde e educação, pois seu for-
necimento pelo setor privado reduz
a demanda por serviços públicos,
mas não para todos os serviços.
Por fim, mesmo supondo que o
aumento do imposto não seria re-
passado aos consumidores, ou seja,
que os prestadores de serviços que
não estão no Simples seriam afeta-
dos por um aumento de tributação,
estes estão bem longe de serem pes-
soas de baixa renda. Para entender
este ponto, vamos considerar duas
situações: a de um consultor do regi-
me de lucro presumido com renda
mensal de R$ 200 mil e que recolhe
ISS pelo regime uniprofissional; e a
de um empregado de uma rede de
supermercados que recebe R$ 2 mil
por mês. Pelo regime atual, os tribu-
tos indiretos incidentes sobre a ren-
da gerada pelo primeiro são de
3,65% e sobre a renda gerada pelo
segundo, de 27,25%. Acho difícil de
acreditar que o senador Serra defen-
da que o trabalho de uma pessoa que
ganha R$ 2 mil/mês sofra a incidên-
cia de um imposto 7,4 vezes maior
que o trabalho de uma pessoa que
ganha 100 vezes mais. Antes de criti-
car a proposta em discussão no Con-
gresso, é essencial avaliar se o siste-
ma atual é equilibrado.
Uma segunda crítica do senador
diz respeito ao aumento do risco de
sonegação fiscal com a adoção do
princípio de destino. Neste caso, ca-
be destacar que, no modelo do IBS,
o imposto pertence ao Estado de
destino, mas é cobrado no Estado
de origem, por meio de um sistema
de arrecadação centralizada, mini-
mizando o risco de sonegação. Ao
contrário, a adoção de regras e
alíquota uniformes dificulta muito
a sonegação do IBS.
Uma terceira crítica diz respeito
ao aumento da complexidade do sis-
tema tributário durante a transição,
período em que os tributos atuais
conviveriam com o IBS para permi-
tir um ajuste suave ao novo sistema.
Na verdade, o IBS é um imposto tão
simples que a única obrigação aces-
sória será emitir nota fiscal eletrôni-
ca nas vendas e registrar o recebi-
mento dos bens e serviços adquiri-
dos – que já são obrigações do siste-
ma atual.
Por fim, o senador alega que as
propostas de reforma tributária não
atacam a irresponsabilidade fiscal
dos governos subnacionais. Embo-
ra o objetivo da reforma tributária
não seja o controle de gastos (que é
uma agenda muito importante),
mas sim a racionalização dos impos-
tos, ao tornar transparente para os
consumidores o custo da tributação
do consumo, a reforma tende a ge-
rar uma pressão social pelo uso mais
eficiente dos recursos arrecadados.
A solução para os problemas tribu-
tários do País exige, sim, um debate
técnico e fundamentado – como res-
salta o senador Serra em seu artigo.
Mas este debate tem de partir da
compreensão dos problemas do sis-
tema atual e de uma avaliação sem
preconceitos das propostas em dis-
cussão no Congresso Nacional.
]
DIRETOR DO CENTRO DE CIDADANIA FISCAL
Debate sobre a reforma
tributária tem de partir da
compreensão do atual
sistema, sem preconceitos
Opinião
l]
BERNARD
APPY
DIVYAKANT SOLANKI/EFE
coluna do
O essencial
incompreendido
Papéis caem, mas empresas
preferem preservar caixa
NELSON ALMEIDA / AFP
MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO-10/9/
mercados
US$ 1/NY1 Euro/EuropaLondres1 Libra/ BrasilR$ 1/
Dólar americano 1,000 1,1183 1,2257 0,
Euro 0,894 1,0000 1,0959 0,
Franco suíço 0,946 1,0574 1,1589 0,
Libra esterlina 0,816 0,9124 1,0000 0,
Iene 105,938 118,4715129,8380 21,
Venc. Aju. C. Abe. Min. Máx.Var.%
Açúcar NY* MAI/20 11,09 347.757 10,95 11,62 -5,
Café NY* MAI/20 103,90 89.037 103,65 107,40 -2,
Soja CBOT** MAI/208,22312.623 8,210 8,548 -3,
Milho CBOT** JUL/20 3,59360.777 3,5803,708-2,
AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS FONTE: IDC
Trabalhador assalariado e doméstica*
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA
Até R$ 1.045,00 7,5%
De 1.045,01 até R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,061 14%
Maiores altas do Ibovespa INSS - Competência (Março)
*NÃO HOUVE AÇÕES COM VARIAÇÃO POSITIVA
Maiores baixas do Ibovespa
R$Var. % Neg.
AZUL PN N2 15,60 -36,87 53.
CVC BRASIL ON NM 10,40 -32,25 33.
SMILES ON NM 17,95 -28,20 16.
GOL PN N2 8,04 -28,02 42.
YDUQS PART ON 25,74 -25,17 34.
No mundo Pontos Dia%Mês% Ano%
(^1) Nova York DJIA 20.188,52 -12,93 -20,55 -29,
(^1) Frankfurt - DAX 8.742,25 -5,31 -26,48 -34,
(^1) Londres - FTSE 5.151,08 -4,01-21,72 -31,
(^1) Tóquio - NIKKEI 17.002,04 -2,46 -19,59 -28,
IBOVESPA: 71.168,05 PONTOS 1 DIA -13,92 (%) MÊS -31,68 (%) ANO -38,46 (%)
Tesouro Direto (*)
Venda Dia % Mês % Ano %
Dólar Comercial 5,0523 4,90 12,81 25,
Dólar Turismo 5,2170 4,34 12,51 25,
Euro 5,6440 5,46 14,16 25,
Ouro 242,000 -1,63 5,68 19,
WTI US$/barril 28,6000 -13,98 -36,81 -53,
IBrentUS$/barril 29,5200 -5,19 -41,08 -55,
IGP-M (FGV) 1,0682 IPCA (IBGE)1,
IGP-DI (FGV) 1,0640 INPC (IBGE)1,
IPC-FIPE 1,0364 ICV-DIEESE1,
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE OCOR-
REU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR
DATA TAXA ANOTAXA DIA MÊS% ANO%
CDB (21/30) 3,70 -7,73 -10,63 -16,
CDI 4,15 0,00 0,00 -5,
TR/TBF/Poupança/Poupança Selic (%) CDB - CDI
11/3 a 11/4 0,0000 0,3191 0,5000 0,
12/3 a 12/4 0,0000 0,3119 0,5000 0,
13/3 a 13/4 0,0000 0,2965 0,5000 0,
Índice Janeiro FevereiroNo ano12 Meses
INPC (IBGE) 0,19 0,17 0,36 3,
IGPM (FGV) 0,48 -0,04 0,44 6,
IGP-DI (FGV) 0,09 0,01 0,11 6,
IPC (FIPE) 0,29 0,11 0,39 3,
IPCA (IBGE) 0,21 0,25 0,46 4,
CUB (Sinduscon) 0,34 -0,01 0,33 3,
FIPEZAP-SP (FIPE) 0,33 0,15 0,49 2,
Inflação (%) Moedas e Commodities
AUTÔNOMO (BASE EM R$) ALÍQUOTA A PAGAR (R$)
De 1.039,00 a 6.101,06 20% De 207,80 a 1.220,
Vencimento 7/4. O porcentual de multa a ser aplicado fica
limitado a 20%, mais taxa Selic.
Agrícolas - Mercado Futuro
VENCIMENTO (*)ANO (%) R$*
Tesouro IPCA 15/8/2026 3,49 2.657,
15/5/2035 4,05 1.817,
Com Juros Semestrais 15/8/2030 3,66 3.982,
Tesouro Prefixado 1º/1/2023 5,92 851,
1º/1/2026 7,49 658,
Tesouro Selic 1º/3/2025 0,0310.545,
()TÍTULOS A VENDA
Agrícolas - Mercado Físico
Índices de reajuste do aluguel (Março)*
() Em cents por libra-peso () Em US$ por bushel
Ult. Var. (%)Var. 1 ano(%)
Soja
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 93,18 1,08 18,
Boi
CEPEA/ESALQ, R$/@ 204,70 0,00 34,
Milho
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 58,16 1,00 46,
Café
CEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 543,26 0,53 36,
SERVIÇOS COM
APROVAÇÃO ISO 9001
TERCEIRIZAÇÃO
√ LIMPEZA √ PORTARIA √ RECEPÇÃO √ MOTORISTA
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SÃO PAULO - 11 3803-8853 CAMPINAS - 19 3396-
GUARULHOS - 11 4574-7970 SANTOS - 13 3288-**