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B4 Economia TERÇA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Lançamentos
IMOBILIÁRIOS
GEOEMBRAESP
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(11) 99524-
Eduardo Rodrigues
Adriana Fernandes / BRASÍLIA
O Conselho Monetário Nacio-
nal (CMN) aprovou ontem,
em reunião extraordinária,
duas medidas para facilitar a
renegociação de até R$ 3,2 tri-
lhões em empréstimos por fa-
mílias e empresas e ainda am-
pliar a capacidade de crédito
do sistema financeiro em até
R$ 637 bilhões. Segundo o
Banco Central, as medidas
têm o objetivo de apoiar a eco-
nomia brasileira durante o en-
frentamento da pandemia do
novo coronavírus.
Segundo apurou o Estado , o
foco principal do que foi anun-
ciado são as empresas do setor
de serviços. A preocupação do
presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, com es-
se setor é elevadíssima. Ele já
havia alertado, na semana pas-
sada, para a gravidade do im-
pacto para o segmento, que é
grande empregador no País,
principalmente para as micro,
pequenas e médias empresas
que sofrem com problemas de
falta de caixa para pagar funcio-
nários e fornecedores. A medi-
da, segundo fontes, tem poten-
cial para dar “fôlego” para os
próximos seis meses. O gover-
no quer evitar demissões dos
trabalhadores.
Arsenal. “O BC tem um amplo
arsenal de instrumentos e vai
adotar todas as medidas neces-
sárias para apoiar as empresas e
as famílias contra os efeitos ad-
versos da covid-19 na econo-
mia”, afirmou o BC, em nota.
A primeira medida aprovada
pelo CMN facilita a renegocia-
ção de crédito por famílias e em-
presas que têm boa capacidade
financeira e mantêm regularida-
de e adimplência (ou seja, não
possuem calotes) em opera-
ções com os bancos. Segundo o
BC, a medida ajudará o fluxo de
caixa desses tomadores duran-
te os efeitos temporários da
pandemia.
Na prática, a medida dispen-
sa os bancos de provisionamen-
to (recursos que têm de ser
mantidos em caixa para o caso
de eventuais perdas) no caso de
repactuação de operações de
crédito pelos próximos seis me-
ses. “Estima-se que aproxima-
damente R$ 3,2 trilhões de
créditos sejam qualificáveis a se
beneficiar dessa medida, cuja re-
negociação dependerá, natural-
mente, do interesse e da conve-
niência das partes envolvidas”,
completa o BC.
Já a segunda medida aumen-
ta a capacidade de os bancos uti-
lizarem seu capital para amplia-
rem a concessão de emprésti-
mos e renegociarem créditos.
O CMN ampliou a diferença en-
tre o capital efetivo e o capital
mínimo requerido, dando mais
espaço para que as instituições
possam aumentar o ritmo de
concessões de crédito nos
próximos meses.
A ação do BC reduz os “col-
chões” de recursos exigidos pe-
los bancos por um ano, am-
pliando a folga de capital no sis-
tema financeiro em R$ 56 bi-
lhões, o que permite, ainda de
acordo com o BC, “aumentar a
capacidade de concessão de
crédito em torno de R$ 637 bi-
lhões”. / COLABOROU FERNANDA
GUIMARÃES
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
O
pacote de R$ 150 bilhões do ministro
da Economia, Paulo Guedes, tem ci-
fra elevada, mas é muito, muito tími-
do no socorro à população mais vulnerável,
de baixa renda. Como antecipou o ‘Estado’,
o governo anunciou um reforço de R$ 3,
bilhões ao programa Bolsa Família. Não é
suficiente. O foco terá de ser também nas
famílias que recebem regularmente o di-
nheiro do programa. São os mais pobres
que vão precisar de mais ajuda. Estarão ex-
postos à contaminação, têm menor acesso à
saúde e as crianças e jovens carentes depen-
dem, sobretudo, da merenda escolar.
Esses jovens passarão a ficar em casa
após a suspensão das aulas em diversos Es-
tados. Muitos deles fazem a principal refei-
ção na escola e podem ficar sem acesso a
uma refeição completa. A injeção de recur-
sos terá de ser direta, como um adicional
extra para quem já recebe o benefício assis-
tencial. Segundo o governo, o reforço de
R$3,1 bilhões é para incluir mais 1,2 milhão
de pessoas no programa. Mas a medida não
dá para compensar a fila de espera do Bolsa
Família, que alcança mais de 3 milhões de
pessoas, segundo levantamento feito de for-
ma conservadora pelo ‘Estado’.
Nessa primeira leva do pacote, a estraté-
gia foi acionar medidas com menor impac-
to nas contas públicos, sem adicionar di-
nheiro extra em relação ao que já estava pla-
nejado anteriormente. Boa parte das medi-
das é mera antecipação de algo que já ia
ocorrer nos próximos meses. Não há renún-
cia. As regras fiscais atuais impedem renún-
cia fiscal sem a compensação com corte de
despesas ou aumento de tributo. Essa é
uma dificuldade a mais neste momento.
O governo quer garantir – por enquanto –
uma travessia menos desfavorável para as
empresas nos próximos três meses. Evitar
demissões de trabalhadores em massa.
A engenharia com o dinheiro não sacado
do PIS/Pasep que será transferido para o
FGTS garante o saque emergencial e deve
ajudar muito. Mas o governo ainda vai preci-
sar botar a mão no bolso. A magnitude des-
sa necessidade é uma incógnita. Por isso, a
dificuldade do governo em definir quanto
vai precisar mudar a meta fiscal e aumentar
o endividamento em 2020 As medidas mais
potentes ainda não foram tomadas.
lA Febraban, que reúne ban-
cos, informou que seus associa-
dos estão sensíveis à crise do
coronavírus, e que estão “discu-
tindo propostas para amenizar
os efeitos negativos dessa pande-
mia”. BB, Itaú Unibanco, Brades-
co, Santander e Caixa estão
“abertos e comprometidos”, em
atender a pedidos de prorroga-
ção, por 60 dias, dos vencimen-
tos de dívidas de pessoas físicas
e micro e pequenas empresas.
Bolsa cai 13,92% e dólar fecha acima de R$ 5 pela primeira vez. Pág. B6 }
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ANÁLISE: Adriana Fernandes
Governo ainda vai
precisar colocar
a mão no bolso
BC facilita renegociações de dívidas
Até R$ 3,4 trilhões poderão ser renegociados com medida anunciada ontem; capacidade de crédito será ampliada em R$ 637 bilhões
Bancos prorrogam
débitos por 60 dias
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