O Estado de São Paulo (2020-03-17)

(Antfer) #1

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B8 Economia TERÇA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


PEDRO


FERNANDO NERY


E


le foi responsável por


10% da redução de desi-


gualdade entre 2001 e


2015, e por tornar menos insu-


portável a pobreza de milhões



  • segundo estudo do Ipea e do


Programa das Nações Unidas


para o Desenvolvimento. É


um feito notável para um pro-


grama que custa menos de


0,5% do PIB. Principal meca-


nismo de proteção de renda


de informais e desemprega-


dos, o Bolsa Família chega já


em crise para atender à crise


do coronavírus.


Ele custa um décimo do gas-


to com funcionários públicos,


e cerca da metade da isenção


de lucros e dividendos que be-


neficia a elite que não paga im-


posto de renda na pessoa físi-


ca. Mas tem enfrentado cor-


tes. As filas são antigas: Temer


conseguiu zerar, mas já à cus-


ta de exclusões. Elas volta-


ram, em meio à recuperação


econômica desigual.


No atual governo, o Bolsa
Família recebeu um 13.º maldi-

to. Um pagamento adicional,


promessa de campanha, seria


louvável – desde que houves-


se orçamento adicional. Sem


a complementação, o 13.º im-


plicou exclusão: famílias com-


provadamente pobres fica-


ram sem receber nada para


que outras recebessem o paga-


mento adicional.


Para piorar a falta de com-


plementação, os escassos no-


vos pagamentos de 2020 se


centralizaram nas regiões


mais ricas, apesar de filas gi-


gantes no Nordeste. É que o


critério de concessão ignora


completamente as filas, e usa


estimativas de pobreza basea-


das no Censo de 2010. De lá


para cá, o País viveu a recessão


de 2015-16, que afetou mais o


Nordeste, quando a recuperação


favoreceu mais o Centro-Sul.


Por isso, dos 100 mil novos be-
nefícios concedidos em janeiro,

Santa Catarina – com o menor


desemprego do País – recebeu 6


mil, o dobro de toda a Região Nor-


deste. O Piauí recebeu 86. Se 12%


da fila catarinense foi atendida,


somente 0,1% da fila piauiense o


foi. Três milhões e meio de brasi-


leiros esperam para receber os


benefícios: já estão habilitados, o


que quer dizer que são reconheci-


damente pobres.


Fisicamente, a fila do Bolsa po-


deria ocupar a distância entre


Brasília e São Paulo. Ela vem de-


pois da renda dos 5% mais po-


bres ter caído 40% entre 2014 e
2018 – segundo a FGV Social. É

um risco político desnecessário


à agenda de reformas.


Já passou da hora da fila ser ze-


rada: é inclusive questionável


que haja discricionariedade na


concessão do benefício para


quem já está habilitado. Nos ter-


mos da Constituição, é priorida-


de absoluta assegurar o direito à


alimentação e à saúde das crian-


ças – principais destinatárias do


programa.


Mesmo zerar a fila é pouco ago-


ra, porque o Bolsa é o instrumen-


to mais efetivo para repor a per-


da de renda da quarentena da epi-


demia. Primeiro, porque não exi-


ge carteira assinada, podendo


ser recebido pelos informais. Até


por essa focalização, é a despesa


pública com maior multiplica-


dor conhecido em curto prazo


sobre o consumo e o PIB. Se-


gundo, porque atende a crian-


ças, um público que fica em in-
segurança alimentar quando

as escolas fecham.


Em terceiro lugar, porque


dado o grau de incerteza da


evolução da epidemia, a res-


posta econômica à covid-


precisa ser desejável por si.


Boas propostas de reforma do


Bolsa Família já tramitavam


desde o ano passado. Elas mi-


ram a constitucionalização an-


tifilas e o combate à pobreza


intermitente, flexibilizando


as linhas duras para acesso ao


programa (que também desin-


centivam portas de saída).


O debate da sustentação da


renda dos informais durante a


pandemia vai apresentar a


muitos brasileiros a modéstia


dessa rede de proteção. O Bol-


sa Família paga benefícios de


R$ 89 por mês, para as famílias


que vivem com menos de R$


89 por pessoa (extrema pobre-
za). As famílias que estão “só”

na pobreza (menos de R$ 178


por pessoa) apenas recebem


se tiverem crianças ou grávi-


das. O valor é de R$ 41 por de-


pendente, um milésimo do te-


to remuneratório no serviço


público.


O programa conta com capi-


laridade e expertise para ser


usado como instrumento im-


portante contra a crise: só o


seu estigma pode explicar os


que pedem uma nova transfe-


rência de renda para a pande-


mia. Mas ele precisa de recur-


sos. Hoje, de cada real do Orça-


mento, o Bolsa leva só dois


centavos. Defenda.


]


DOUTOR EM ECONOMIA

O Banco Central do Brasil diminuiu nos


últimos meses a taxa Selic para um piso histórico


de 4,25%. Assim, conforme levantamento


realizado pela Capital Advisors, o país ficou atrás


apenas da Turquia entre os que mais reduziram seus


juros básicos no período de um ano. Mesmo neste


cenário, são os europeus os que mais chamaram a


atenção da economia global devido aos índices de


juros básicos que passaram a praticar.


A política monetária expansionista do Banco


Central Europeu fez com que alguns países do


bloco adotassem taxas de juros negativas. Em


Portugal, por exemplo, um dos objetivos do


governo foi recuperar o mercado imobiliário


nacional, cujo setor enfrentara uma forte crise


entre 2009 e 2013.


Dentre os programas de incentivo desenvolvidos


pelo governo português, o “visto


gold” (visto de ouro) concedia um


visto de residência de dez anos


aos cidadãos não europeus que


adquirissem um imóvel no valor de


500 mil euros. A iniciativa forçou


um aumento natural nos valores de residências que


custavam entre 350 mil e 450 mil euros.


Em cenários de taxas básicas de juros


negativas, outras capitais europeias adotaram


medidas para movimentar a economia, causando


no mercado imobiliário um aumento considerável


nos preços dos imóveis. Agora, o temor está


atrelado a uma possível bolha imobiliária


(supervalorização financeira), que poderá ser


criada por este movimento no continente.


Segundo informações do índice anual Real


Estate Bubble, do UBS Group, Munique é a cidade


mais vulnerável a uma bolha imobiliária na zona do


euro, enquanto Frankfurt e Paris correm sérios riscos


de verem os preços se tornarem insustentáveis. Foi


a primeira vez desde 2011 que nenhuma cidade


dos Estados Unidos apresentou crescente risco de


sobrevalorização de imóveis.


A principal dificuldade dos governos neste mo-


mento é, justamente, equilibrar esse cenário, no


qual se buscam medidas para alimentar a economia,


ao mesmo tempo em que se deve evitar um boom


imobiliário insustentável. A tensão entre os merca-


dos dos Estados Unidos e da China, bem como a


pandemia do novo Coronavírus, contribuem para


fortalecer o mbiente de incertezas.


Os dados mais atuais indicam


que os preços dos imóveis


registraram, nos últimos cinco


anos, aumento de 30% em


Frankfurt, Amsterdã, Estocolmo


e Madrid. Países como Portugal, Luxemburgo,


Eslováquia e Irlanda tiveram altas superiores a


40%, provocando sensível redução no número


de famílias preparadas para morar nos grandes


centros urbanos. Opta-se por afastar-se cada


vez mais rumo às periferias das cidades, já que


os centros aparecem dominados por espaços


destinados à locação via aplicativos.


Em recente estudo, a Deloitte & Touche


alertou que os preços médios dos imóveis na


zona do euro irão superar os patamares anteriores


à última crise (2008/2011), caso o Banco


Central Europeu mantenha os juros a zero. E


não há qualquer indicação que a autoridade


econômica optará por algo fora desse caminho.


No caso do Brasil, o mercado imobiliário está


numa fase boa, de avanço, e o sonho da casa própria


voltou a morar no imaginário da população.


COLUNA FIABCI-BRASIL INFORME PUBLICITÁRIO


Taxas básicas de juros
negativas ou próximas
do zero têm contribuído
para alta dos preços
dos imóveis

SÃO PAULO, 17/03/

Coluna publicada às terças-feiras sob responsabilidade da


FIABCI-BRASIL (Federação Internacional Imobiliária)


Rua Dr. Bacelar, 1.043 - CEP: 04026-002 - São Paulo/SP


Tel: (11) 5078-7778 - http://www.fiabci.com.br


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Europa em alerta contra


possível bolha da habitação


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