O Estado de São Paulo (2020-03-18)

(Antfer) #1

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B4 Economia QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


FÁBIO


ALVES


D


epois de uma segunda-feira


de carnificina nos merca-


dos globais, em reação às


medidas anunciadas pelo Federal


Reserve (Fed) e por vários bancos


centrais no mundo, cresceram as


críticas às ações de estímulo mone-


tário como resposta à severa crise


deflagrada pela pandemia do coro-


navírus.


No domingo à noite, o Fed sur-


preendeu mais uma vez os investido-


res ao anunciar novo corte emergen-


cial de juros, reduzindo a taxa básica


em 1 ponto porcentual para zero, e


retomar seu programa de compras


de ativos no valor de US$ 700 bi-


lhões, num movimento que muitos


tacharam de bazuca monetária. Ou-


tros bancos centrais, como o da No-


va Zelândia, da Coreia do Sul e do Chi-


le, também fizeram cortes extraordiná-


rios de juros de maneira agressiva.


Em vez de acalmar, essas ações cau-


saram pânico nos investidores. Afinal,


quão ruim caminha a situação da eco-


nomia mundial para levar o presidente


do Fed, Jerome Powell, a dar uma en-


trevista à imprensa em pleno domingo


à noite para justificar a decisão de inje-


tar uma tonelada de estímulo monetá-


rio na economia americana?


A dúvida agora é se as ações de estí-


mulo monetário neste momento mais


atrapalham do que ajudam, ou seja, se


corte de juros e injeção de liquidez via


compra de ativos são a resposta adequa-


da para uma crise que atinge em cheio


os canais de produção e o setor de servi-


ços, em particular o de turismo.


Apesar das críticas, a ação coordena-


da global dos bancos centrais, lidera-


das pela decisão do Fed, é, de fato, ne-


cessária como parte do remédio para


aliviar o impacto na economia mun-


dial da pandemia do coronavírus. O pâ-


nico dos investidores no dia seguinte à


decisão do BC americano é compreen-


sível, uma vez que os mercados estão


operando de forma completamente


disfuncional e com excessiva volatili-


dade, mas não justificado.


O choque nos mercados é tamanho,


com a aguda aversão a risco, que leva


necessariamente algum tempo para


que as medidas dos bancos centrais co-


mecem a surtir efeito e suavizar as ele-


vadas perdas durante o período de tur-


bulência. Não é razoável esperar que a


injeção de liquidez pelo Fed teria im-


pacto do dia para noite. Não foi assim


durante a crise financeira mundial de



  1. Não o será agora. Portanto, não é


possível dizer, com base na reação dos


mercados, que as medidas do Fed não


funcionaram.


Além do mais, o Fed corrigiu ontem


uma falha no seu pacote inicial de estí-


mulo que dizia respeito à diferença en-


tre a crise atual e a de 2008. Naquela


ocasião, o que ocorreu foi uma crise do


sistema bancário. Assim, fez-se neces-


sário injetar liquidez e retirar ativos po-


dres dos balanços dos bancos.


Desta vez, a saúde dos bancos está


relativamente boa e a maior vítima da


crise são as empresas, cujas receitas


serão fortemente afetadas pela parali-


sação da economia global em meio às


medidas de restrição de circulação de


pessoas e de produtos. Uma empresa


pode até ter uma boa perspectiva de


lucro no médio prazo, mas, em razão


do impacto do coronavírus, pode ser


estrangulada, no curto prazo, se ficar


dois ou três meses sem dinheiro no cai-


xa por conta da paralisação da econo-


mia para conter a disseminação do ví-


rus. E ainda terão de seguir arcando


com os custos fixos. As companhias


aéreas são exemplo disso.


Assim, o Fed anunciou compras de


“commercial papers”, que são títulos


de curto prazo emitidos pelas empre-


sas para obter capital de giro, os


quais não foram contemplados ini-


cialmente no pacote de US$ 700 bi-


lhões. Com a crise de liquidez, essas


companhias ficaram sem comprado-


res para seus papéis. Ontem, o Fed


disse que destinará US$ 10 bilhões


para comprar “commercial papers”.


Outro elemento crucial é de natu-


reza de expansão fiscal, quer seja pa-


ra socorrer as empresas dos setores


mais afetados pela pandemia do co-


ronavírus, quer seja para dar um estí-


mulo e ajudar o consumo na hora de


a economia retomar a atividade nor-


mal quando sair da quarentena. Os


países desenvolvidos precisam agir


mais energicamente e elevar o gasto


público a fim de evitar uma recessão


da economia global.


Os bancos centrais agiram corre-


tamente ao intervir preventivamen-


te. Só que os mercados estão agindo


como criança histérica que não con-


segue ouvir o adulto na sala, pois a


volta à normalidade levará alguns


meses e não uma semana apenas.


]


É COLUNISTA DO BROADCAST

E-MAIL: [email protected]
TWITTER: @COLUNAFABIOALVE
FÁBIO ALVES ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS

Idiana Tomazelli/ BRASÍLIA


O Conselho Nacional de Pre-


vidência Social (CNPS) apro-


vou ontem a redução do limi-


te de taxa de juros nas opera-


ções de empréstimo consig-


nado para aposentados e pen-


sionistas do INSS de 2,08% pa-


ra 1,80% ao mês.


A medida faz parte do conjun-


to de ações elaboradas pela


equipe econômica para tentar


conter os efeitos do avanço do


novo coronavírus no País. A de-


cisão foi tomada em reunião ex-


traordinária do órgão que reú-


ne representantes do governo,


de empregadores, empregados


e aposentados.


“Essa é uma medida bastante


fundamental”, disse o secretá-


rio especial de Previdência e


Trabalho, Bruno Bianco. Segun-


do ele, é importante que os be-


neficiários do INSS possam


acessar mais facilmente o crédi-


to e com menor taxa de juros.


“É uma situação difícil, o crédi-


to pode ajudá-los”, afirmou.


Em seu perfil no Twitter, ele dis-


se que as projeções apontam pa-


ra uma injeção de R$ 25 bilhões


na economia com as medidas.


O governo argumentou tam-


bém que a taxa de juros básica


está no seu piso histórico, a


4,25% ao mês. “Enquanto a taxa


Selic caiu praticamente pela


metade entre final de 2017 e


março de 2020, não houve alte-


ração do teto do juros do em-


préstimo consignado do INSS,


havendo um descompasso”,


diz a apresentação do governo.


O CNPS aprovou ainda a am-


pliação do prazo máximo dos


contratos, de 72 meses (seis


anos) para 84 meses (sete


anos). Outra medida é a redu-


ção da taxa máxima de juros do


cartão de crédito consignado


de 3% ao mês para 2,7% ao mês.


Na reunião, um representan-


te do Departamento de Monito-


ramento do Sistema Financei-


ro do Banco Central ponderou


que 34% do volume de conces-


sões de empréstimos consigna-


dos no 4.º trimestre de 2019 ti-


veram uma taxa média acima


do teto proposto pelo governo.


Apenas em janeiro de 2020, es-


se porcentual foi de 35%.


O representante da Federa-


ção Brasileira dos Bancos (Fe-


braban), por sua vez, alertou


que o aumento do prazo da li-


nha poderia elevar a inadim-


plência. Além disso, a entida-


de advertiu que pode haver


“risco de falta de oferta de


crédito” para o público que re-


cebe até dois salários mínimos


(R$ 2.090), caso seja estabele-


cido um teto incompatível


com o custo da operação. A Fe-


braban propôs que o teto da


taxa de juros nos empréstimos


seja de 1,98% ao mês. No car-


tão de crédito, a sugestão da


entidade era de que fosse redu-


zida a 2,90% ao mês.


O governo prometeu ainda


ampliar o porcentual do benefí-


cio que pode ser comprometi-


do com os pagamentos. Hoje,


esse limite é de 30% no caso da


parcela do financiamento e 5%


no cartão de crédito. Os novos


valores ainda estão em estudo e


precisarão de aprovação do


Congresso para entrar em vi-


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Taxa foi de 2,08% para 1,80% ao mês e governo promete ampliar parcela do benefício que pode ser comprometida com pagamento


Analistas já preveem retração da atividade econômica. Pág. B6}


Daniela Amorim / RIO


A pandemia de coronavírus fez


o Instituto Brasileiro de Geogra-


fia e Estatística (IBGE) adiar a


realização do Censo Demográfi-


co de 2020 para 2021. A coleta


de dados do levantamento cen-


sitário em todos os lares brasi-


leiros, que começaria no dia 1.º


de agosto deste ano, agora terá


início em 1.º de agosto de 2021,


com duração de três meses.


O órgão cancelou o processo


seletivo já aberto para a contra-


tação de mais de 200 mil traba-


lhadores temporários, que te-


ria provas nos dias 17 e 24 de


maio para as vagas de recensea-


dores e supervisores. O IBGE


previa atrair mais de dois mi-


lhões de candidatos ao concur-


so público. Os candidatos que


fizeram o pagamento da inscri-


ção no concurso serão reembol-


sados, conforme orientações


que serão publicadas nos próxi-


mos dias.


“A decisão leva em considera-


ção a natureza de coleta da pes-


quisa, domiciliar e predominan-


temente presencial, com esti-


mativa de visitas de mais de 180


mil recenseadores a cerca de 71


milhões de domicílios em todo


o território nacional”, argumen-


tou o IBGE, em nota oficial.


O órgão também considerou


a impossibilidade de realização


de toda a cadeia de treinamen-


tos para a operação censitária


em tempo hábil para ir a campo.


A primeira etapa começaria de


forma centralizada em abril de


2020, para depois ser replicada


em polos regionais até julho.


O orçamento para o Censo


Demográfico de 2020 era de R$


2,3 bilhões. O IBGE garantiu


que estabeleceu formalmente


com o Ministério da Saúde o


compromisso de realocar o or-


çamento do Censo 2020 para a


pasta, para que os recursos se-


jam aplicados em ações de en-


frentamento ao coronavírus.


“Em contrapartida, no próxi-


mo ano, o Ministério da Saúde


realocará orçamento no mes-


mo montante com vistas a asse-


gurar a realização do Censo pe-


lo IBGE”, informou o instituto.


Pnad Contínua. Mais cedo, o


IBGE divulgou que suspendeu


também a coleta domiciliar da


Pesquisa Nacional por Amostra


de Domicílios Contínua (Pnad


Contínua). A pesquisa divulga


dados sobre o mercado de traba-


lho e a taxa de desemprego no


País. A decisão também levou


em consideração “o quadro de


emergência da saúde pública


causado pela covid-19 e as orien-


tações do Ministério da Saúde”.


O adulto na sala


BCs agiram certo, mas


os mercados estão agindo


como criança histérica


EDU ANDRADE/ASCOM/MINISTÉRIO DA ECONOMIA – 22/8/

Cai juro do consignado para aposentado


“Essa é uma medida


bastante fundamental (...)


É uma situação difícil, o


crédito pode ajudá-los.”


Bruno Bianco


SECRETÁRIO ESPECIAL DE


PREVIDÊNCIA E TRABALHO


Objetivo. Para Bianco, é importante que beneficiário do INSS tenha fácil acesso ao crédito


Instituto assumiu o


compromisso de realocar


o orçamento de


R$ 2,3 bi para o


Ministério da Saúde


Pandemia leva


IBGE a adiar para


2021 o Censo 2020

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