O Estado de São Paulo (2020-03-18)

(Antfer) #1

SONIA RACY


DIRETO DA FONTE


‘NENHUM SER HUMANO É CAPAZ DE PREVER O IMPONDERÁVEL’


RELATO


Depoimento do velejador


Beto Pandiani.


Talvez o que melhor aprendi


nestes últimos anos foi viver


com o estritamente necessá-


rio em um espaço confina-


do. A experiência a bordo do


meu catamarã me deu muita


vivência para poder compar-


tilhar algumas ideias e situa-


ções que passei.


A princípio um barco a vela


no meio do mar é uma mi-


núscula ilha cercada de água


por todos os lados. No nosso


caso, ainda estamos expos-


tos ao sol, ao frio e a chuva.


Existe uma postura funda-


mental para diferenciar a ex-


periência em meu barco. Ela


poderia ser traumática, se


fosse imposta, pois seria co-


mo viver em uma prisão flu-


tuante, privado de tudo. Ami-


gos, cama, conforto, geladei-


ra, caminhada, alimentação


adequada, etc. Por outro la-


do, por ter sido uma escolha,


as viagens foram experiên-


cias inigualáveis, mesmo


com todas as dificuldades e


apuros que passamos.


Mas qual é a postura que


transforma um castigo em


um prêmio? A vontade de se


lançar em uma vivência no-


va, sem precedentes, onde


não sabíamos como seria


mesmo com um excelente


planejamento. Desde a pri-


meira viagem percebi que


tão legal quanto viajar é


aprender, se desenvolver e


voltar para casa muito me-


lhor do que quando sai. Sou


fascinado pelo novo, pelo


inédito, pois creio que não


experimentamos nada que


não somos capazes de lidar.


Vou enumerar o que consi-


dero elementos chaves em


uma travessia.


Equipe: Tudo começa com


quem você vai viajar. Este item


traz uma complexidade enor-


me, e certamente, é o maior


desafio. O que percebi? O me-


lhor jeito de fazer uma grande


viagem com o meu companhei-


ro foi focando nas necessida-


des dele. Assim eu estava sem-


pre atento ao seu comporta-


mento e vice-versa, desta for-


ma criamos uma sintonia e


uma extraordinária confiança


que foi fundamental nos mo-


mentos de mau tempo. Ou se-


ja, criar confiança e companhei-


rismo é imprescindível.


Como vamos viajar? Vamos


em uma embarcação limitada,


onde viveremos restritos e limi-


tados aos recursos. Sabemos


que no barco teremos o básico,


essencial e nenhum desejo terá


espaço. Qual a chave deste as-


pecto? Aceitação. Não tem ne-


nhuma situação que possa


acontecer que mude esta condi-


ção, ou seja, não vamos nos


frustrar pois não criamos ex-


pectativas.


O que fazer com o tempo? Na


vida da cidade todo mundo re-


clama que não tem tempo, eu


mesmo já me queixei muitas


vezes. Ai de repente você tem


todo o tempo do mundo, e não


sabe o que fazer com ele. Sim,


isso aconteceu comigo várias


vezes. Na verdade, a pergunta é


outra. O que faço comigo dian-


te do tempo? Foram muitas se-


manas de catarse. Vieram cho-


ros, risadas, e uma sensação


muito boa de alívio, de não le-


var as coisas de maneira tão


séria e rígida. Conclusão, perde-


mos muito tempo em enredos


emocionais que poderiam


ser resolvidos com muito


mais rapidez. Somos perdulá-


rios do tempo.


Mau tempo. Em toda via-


gem vamos ter períodos difí-


ceis, vento favorável, calma-


ria, vento contra, exatamen-


te como na vida. Neste mo-


mento aparece uma força


dentro de da gente que se


chama resiliência. A resiliên-


cia só pode continuar a exis-


tir se você sabe aonde quer


chegar, e tudo passa a ter


sentido, pois esta experiên-


cia te dá a noção do que é


um propósito. Caso contrá-


rio não é possível buscar mo-


tivação para ir além.


Planejamento. Sem se pla-


nejar uma viagem se torna


um inferno. Deve se ter bem


claro onde vamos chegar e o


que vamos precisar levar e o


que devemos deixar em ter-


ra. Os apegos nesta hora vão


aparecer. Quem não tem


apegos? Todos nós temos. O


bom planejador olha o futu-


ro na tela da sua mente e faz


um exercício imaginativo


tentando prever todas as


situações. Mas tem algo que


nenhum ser humano é ca-


paz de fazer. Prever o impon-


derável. E quando ele acon-


tece, o que fazer? Ah, esta é


a questão fundamental des-


te texto, pois o que estamos


vivendo é exatamente isto.


O imponderável. Pela mi-


nha experiência e depois de


sete grandes viagens, apren-


di que o imponderável é


uma constante. A vida é


uma jornada imprevisível


com alguns momentos de


constância. Criar uma expec-


tativa diferente desta afirma-


ção gera muito sofrimento.


É assim que vejo. Depois de


cada crise vencida, de cada


situação resolvida, soluções


criadas, fomos ganhando o


principal atributo que um


ser humano precisa ter na


vida: CONFIANÇA.


Conclusão: Bem, gente, es-


tamos literalmente no mes-


mo barco, e isso é muito posi-


tivo. Este barco que me refi-


ro é a nossa vida aqui no pla-


neta, e esta travessia será fei-


ta por milhões de pequenos


barcos, onde todas estas


equipes terão que enfrentar


todo tipo de turbulência,


mas nunca se afastem do ob-


jetivo, do propósito e do en-


tendimento que o mar que


vamos cruzar é fruto de um


merecimento. Como disse


no início, se ele será um apri-


sionamento ou uma oportu-


nidade de desenvolvimento,


depende da sua escolha.


Colaboração


Cecília Ramos [email protected]


Marcela Paes [email protected]


Sofia Patsch [email protected]


NA FRENTE


lUm dos únicos eventos man-


tidos essa semana, Ricardo Ca-


margo decidiu não adiar a aber-


tura da mostra coletiva Coleção


de um Artista, marcada para ho-


je, em sua galeria, nos Jardins.


Do total de trabalhos da ex-


posição, 8 já foram vendidas,


5 para Alfredo Setubal.


lOs tradicionais clubes Har-


monia, Paulistano, Pinheiros


e Monte Líbano fecharam


suas portas, ontem, sem data


para reabrir.


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  1. Paula Ferber celebrou 20 anos de marca com abertura de


nova loja. 2. Otto. 3. Kalina Bourgeois. Sábado, nos Jardins.






5ª vítima


Em quarentena em casa, Sér-


gio Lima, publicitário do Alian-


ça – partido em criação por Bol-


sonaro – acha que pegou coro-


navírus com Fábio Wajngar-


ten, na viagem em que acompa-


nharam Bolsonaro aos EUA.


Os dois jantaram juntos e divi-


diram o mesmo carro. Confina-


dos, falam por WhatsApp. “Es-


tamos bem. Já já posso até fa-


zer exercícios físicos em casa”.


Os dois integram lista de 13 in-


fectados da comitiva presiden-


cial. Do ‘capitão’, Sérgio ouviu:


“Combatente, descanse e de-


pois volte com força total”.


O céu é o limite


O cearense Carlos Vale, do-


no da CVPAR, levou susto on-


tem em Trancoso. Sua mulher


Renata, com de coronavírus,


foi a razão pela qual a PM qua-


se levou preso um dos funcio-


nários que trabalham na casa


do casal em Itapororoca. A


PM justificou: ninguém pode


sair da casa. O caso tomou tal


proporção que até o governa-


dor Rui Costa, da Bahia, se


pronunciou contra Vale.


Explicação


Diante disso, o casal escreveu


carta a todos trancosenses. Tre-


chos: “Os signatários, por esta-


rem totalmente assintomáti-


cos e sem confirmação de con-


taminação, deslocaram-se de


São Paulo para sua residência


em Itapororoca, na quinta-fei-


ra. Dia seguinte, um dos signa-


tários (Carlos) recebeu o resul-


tado “negativo”. No sábado,


porém, o outro signatário (Re-


nata) testou positivo”.


“Tomamos todos procedimen-


tos e protocolos recomenda-


dos pelos órgãos de saúde pú-


blica, inclusive contato com o


secretário da Saúde do Municí-


pio e acesso da Anvisa à casa”.


Registram também que teste


feitos, descobriu-se “dois fun-


cionários contaminados”.


Liquidez corona


O Santander decidiu ontem


pagar o 13º salário de seus fun-


cionários no fim de abril.


Pandora


Grandes comemorações no


Itaú. O seu fundo Itaú Hedge


Plus registrou rentabilida-


de de 10,42% entre 1 e 12 de


março. O benchmark desse


tipo de fundo, medido pela


Andima, no mesmo perío-


do, foi de 7,66% negativos...


Desafinados


Professores e alunos das es-


colas do Theatro Municipal


são contra o projeto de Lei –


que extingue a Fundação Mu-


nicipal – ser votado hoje na


Câmara. “Isso é revoltante,


bem no meio a crise do co-


vid-19”, diz o regente da or-


questra infantojuvenil, Da-


niel Cornejo. Grupo é con-


tra as mudanças propostas


pela secretaria de Cultura.


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C2 Caderno 2 QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

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