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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2020 Caderno 2 C3
ROBERTO
DAMATTA
A complexidade do mo-
mento não poderia ser
reduzida com pensamentos
positivos. Essa seria uma postu-
ra ingênua. Não é que você de-
va assumir uma atitude preocu-
pada e ansiosa, porém, tampou-
co tentar enganar a si. Isso não.
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Nível Fácil
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SOLUÇÕES
CPA F
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ROL E MV PM
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LITERAL ELBRASA OMS
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APARENCIATOCAIA V
I
R
BESO ALGOZ
Que
trabalha
com
madeira
Polícia
Militar
(sigla)
A tradu-
ção feita
ao pé da
letra
Disputa
Colombi-
na com o
Arlequim
(?)
Salvador,
país
Utilidade;
emprego
Cada
artigo do
contrato
Via
natural
da respi-
ração
Ir e (?):
direito
básico do
cidadão
Carrasco;
torturador
Sem
força
Aspecto
exterior
Armadilha;
emboscada
Beijo, em
espanhol
Carvão da
churras-
queira
Vento;
brisa
Ser propri-
edade de
Tipo de
bife
Acredita
Contar a
história
Lutas
corporais
Garrafa de
refrigerante
1.005, em
romanos
Peça da
louça
Conservante do
cadáver
Doença
sanguínea
Sufixo de
"cloreto"
Relativo
aos rins
Destino
(Espirit.)
Pedaço
de vidro
Tapa, em
inglês
Duas ve-
zes (red.)
Órgão da
ONU
Coletivo
de lobos
Signifi-
cativo
Nele é indicado
oCEP
Ruboriza
as faces
Conso-
antes de
"tina"
Farrapos
Cadernetas
escolares
Acompa-
nhante na
dança
Centro de
Terapia
Intensiva
(sigla)
PAR
3/oms — pet — tap. 4/beso. 5/algoz. 7/fracote.
BANCO
LEÃO 22-7 a 22-8
Cuide para fazer tudo
com estratégia, use a
astúcia, faça planos e não se
importe com as demoras que
os eventos impuserem, porque
o tempo será um aliado impor-
tante para você. Está tudo no
caminho certo. É assim.
À medida que o tempo
da existência corre, é
de se esperar que sua mente se
torne mais ampla e inclusiva.
Se isso não ocorrer é porque
você estacionou em preconcei-
tos e, o pior, não percebeu isso
acontecendo. Cuidado.
TOURO 21-4 a 20-5
Entre o céu e a terra na-
da é simples para o ser
humano, pois, nós temos de
lidar com a complexidade des-
sa relação estranha entre os
mundos interior e exterior. Po-
rém, tudo isso há de ser trata-
do com naturalidade.
O cansaço é enganoso,
porque ele seduz com a
perspectiva de que as melho-
res escolhas que poderiam ser
feitas seriam as que evitassem
as dificuldades que, de toda
maneira, teriam de ser enfren-
tadas. Cuidado com isso.
O nome do jogo é rela-
cionamento, e o tabulei-
ro é tudo que anda acontecen-
do por aí. Este é um momento
de sua vida em que tudo que
você pode e quer fazer depende
de relacionamentos, de víncu-
los trabalhados e consolidados.
Marque seu território,
mas não de uma manei-
ra ofensiva, que provoque rea-
ções negativas das pessoas ao
seu redor. Marque seu territó-
rio com sabedoria, demons-
trando ter domínio sobre seus
atos e palavras.
Ninguém nasce sábio
neste planeta, a sabedo-
ria é conquistada com o apro-
veitamento das circunstâncias
e eventos. Por isso, olhe com
novos olhos os perrengues que
você precisa enfrentar, está aí
a oportunidade da sabedoria.
Em vez de tentar en-
frentar tudo e resolver
com rapidez, procure fazer
uma aliança com o tempo, já
que há assuntos que não são de
sua alçada e, se quisesse entrar
neles, cometeria um ato invasi-
vo e contraproducente.
Muitas coisas interes-
santes acontecem às
pessoas próximas e isso há de
ser motivo de celebração, cui-
dando para você não remoer
ressentimentos, já que seus
assuntos particulares seriam
protelados. Isso é temporário.
É raro acertar na primei-
ra tentativa, por isso,
tenha um pouco de compaixão
consigo, já que neste momento
de fazer escolhas, ampliar a
margem de erro seria a melhor
coisa a fazer. Tudo pode ser
resolvido.
A questão não é contro-
lar tudo e todos, po-
rém, quando os interesses em
jogo são importantes para vo-
cê, vale a pena assumir uma
atitude mais controladora. As-
sim você controlará também
sua ansiedade. É assim.
Quadrinhos
ESCORPIÃO 23-10 a 21-11 AQUÁRIO 21-1 a 19-2
GÊMEOS 21-5 a 20-6 VIRGEM 23-8 a 22-9 SAGITÁRIO 22-11 a 21-12 PEIXES 20-2 a 20-3
ÁRIES 21-3 a 20-4
“Aquele que fala irrefletidamente, assemelha-se ao caçador
que dispara sem apontar”
Pierre Beauchêne
CÂNCER 21-6 a 21-7 LIBRA 23-9 a 22-10 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1
N
ascer não é suficiente para todos teus potenciais serem
desenvolvidos e manifestos da melhor maneira possível.
O nascimento como humano não te garante que, pelas
mãos de uma misteriosa sorte, tu conquistes o que potencial-
mente se encontra em ti. Se garantia procuras para teu destino,
aqui vai uma, quando nasces, tu recebes informações genéti-
cas, psíquicas e históricas que te outorgarão um lugar na com-
plexa arquitetura da civilização. Se gostas ou não desse lugar,
aí começará a tua saga entre o céu e a terra, pois, sobre tua re-
volta ou adequação tu tomarás íntimas decisões e, sobre essas,
começarás a escrever um roteiro próprio, baseado em teus
pressentimentos, nas tuas investigações e, principalmente, no
grau de atrevimento com que te lances a um futuro incerto,
mas que conversa contigo na intimidade de tuas decisões.
Bem pensado
Cruzadas & Sudoku
O melhor de Calvin Bill Watterson
Recruta Zero Mort Walker
Minduim Charles M. Schulz
Frank & Ernest Bob Thaves
Turma da Mônica Mauricio de Sousa
QUIROGA
Nascer humano
Data estelar: Lua míngua
em Capricórnio
Para Renato, que
inspirou essa crônica
O
contato entre sociedades
com culturas diferenciadas
produz um processo comple-
xo. Há o lado terrível da dominação
causado por diferenças tecnológicas,
mas uma dimensão importante ocor-
re implicitamente. Refiro-me, invo-
cando o que aprendi com Darcy Ribei-
ro, ao plano biológico, responsável in-
visível e perturbador por contamina-
ção, porque o povo que se julga supe-
rior, além dos seus navios, canhões, e
missionários, carrega germes desco-
nhecidos do povo contatado.
Muitas dessas sociedades foram
extintas no processo irônico de sua “ci-
vilização”. Temos hoje – sob a égide de
um supercapitalismo global – imensa
comunicabilidade entre países, cultu-
ras e sociedades e o resultado é uma
formidável contaminação. Uma ines-
perada pandemia, a despeito de nos-
sos avanços científicos.
Como um hóspede não convidado, o
coronavírus repete outros surtos mor-
tais que foram uma tática para dizimar
populações “selvagens”. É o feitiço
contra o feiticeiro? Não sei. Apenas re-
marco que há sempre o inesperado.
Hoje, o mortal agente patológico
não é um poder colonial. É muito mais
complicado porque um vírus não tem
ideologia ou propósito: ele atinge paí-
ses ricos e pobres e culturas com os cos-
tumes mais diferenciados. Num nível
crítico, ele desafia a onipotência moder-
na. Se tudo sabemos, como não fomos
capazes de prever algo tão trivial como
uma mera gripe? Uma gripe cujo ponto-
chave para cura é o isolamento o que,
por outro lado, obriga a ver costumes
como um problema. Como mudar hábi-
tos enraizados e automáticos, se a qua-
rentena e o controle do contato físico
são, em muitos lugares, sinônimos de
uma sofrida solidão? Como evitar esten-
der a mão quando “não dar a mão” é um
ato de desprezo e uma ofensa mesmo
em sociedades nas quais os contatos
corporais não são costumeiros?
Aliás, na América dos livres e solitá-
rios o presidente Trump recusou rude-
mente “apertar a mão” de Nancy Pelo-
so, líder dos democratas, em pleno Con-
gresso. O gesto de Trump é um exem-
plo do que nós, brasileiros, chamamos
de “desfeita” ou “má-educação”. Fosse
aqui, tal ato resultaria num oficial bate-
boca. Lá houve um controle completo
por parte da ofendida (um valor da cul-
tura americana) e, como resposta, o seu
gesto recíproco de, em largos gestos,
rasgar (algo impensável no Brasil) o dis-
curso presidencial... Aqui, fizemos a in-
dependência com um grito que afasta
e liga, pois mantivemos tanto a realeza
quanto a escravidão. O bate-boca cons-
trói laços. Ele qualifica pessoas.
Descobrimos as doenças transmissí-
veis, mas até hoje não vemos como so-
mos seres da contaminação. Contamina-
mos por palavras e gestos, com beijos ou
vírus, pois o que nos torna humanos –
nem sempre “sapiens” – é a necessidade
vital de nos comunicarmos uns com os
outros. Comunicar é a chave do huma-
no. Seja para trocar palavras – quando
damos um “bom dia”, um “vá pro infer-
no!” ou um “f...” – ou para trocar dinhei-
ro por objetos, aquilo que os economis-
tas chamam de “bens”. Ou quando con-
tratamos serviços, pois não há hoje no
mundo (exceto em coletividades tri-
bais) quem possa ser caçador, pescador,
agricultor e compadre ao mesmo tempo.
No Brasil, fazemos como o Cristo Re-
dentor: abrimos os braços para quem
nos visita. Abraçar e pegar são atos cons-
titutivos das nossas vidas. Quando rom-
pemos, porém, empurramos. Fica-
mos longe. Nesse conjunto cultural,
é óbvio que o isolamento não é so-
mente questão de prevenção. É um
problema social e psicológico pro-
fundo quando uma doença obriga a
realizar o contrário do que somos e
de como procedemos.
Não deve ser por acaso que na Es-
panha e Itália haja virulência. São
povos que se abraçam e beijam a ca-
da encontro. São sociedades relacio-
nais como a nossa. Nelas, as rela-
ções importam tanto quanto nossas
individualidades.
O vírus obriga a disciplinar mani-
festações “naturais”. Convenha-
mos que essa aparição dos hábitos
costumeiros como um problema
não é pacífica. Contra o vírus não há
lei ou polícia. Há a necessidade de
uma reconsideração das formas de
vida o que, como meu filho biólogo
indicou, é um programa contrário a
hábitos queridos e realizados – co-
mo tudo o que é cultural – sem pen-
sar. Deus nos ajude quando o presi-
dente diz que isso é uma fantasia.
ROBERTO DAMATTA ESCREVE
ÀS QUARTAS-FEIRAS
Contágio e isolamento
JOGUE AS CRUZADAS
estadao.com.br/e/cruzadas
JOGUE O SUDOKU
Na web: estadao.com.br/e/sudoku