O Estado de São Paulo (2020-03-18)

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A4 QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política


»SINAIS


PARTICULARES.


Antônio Barra


Torres e Jair


Bolsonaro,


diretor-presidente


da Anvisa e


presidente da


República,


respectivamente


»Chega lá? Quem acompa-


nha o mercado de soja afir-


ma que deverá haver de-


manda por parte da China,


que voltou a comprar mais.


A dúvida, no entanto, é so-


bre o escoamento.


»Quem vai. A avaliação é


de que as empresas que ope-


ram as linhas férreas segui-


rão atuando porque seus


trabalhadores têm pouco


contato entre si. Já os cami-


nhoneiros, apesar de tam-


bém rodarem na maioria


das vezes sozinhos, acabam


encontrando-se mais com


colegas no caminho.


»Já foi pior. Segundo a Co-


luna apurou, o Ministério


da Agricultura avalia que,


em comparação com a gre-


ve dos caminhoneiros de


2018, pior momento para o


setor, o cenário atual é me-


nos aterrorizante.


»Não... Representantes do


Conselho Nacional de Secre-


tarias Municipais de Saúde


dos Municípios e dos Esta-


dos foram ao Ministério da


Saúde tentar adiar o aumen-


to no preço dos remédios.


O reajuste, já calculado em


4%, chegará num timing


muito ruim: 1.º de abril.


»...agora. Apesar de o au-


mento no preço dos remé-


dios não ter relação direta


com o vírus, os secretários


avaliam que será mais um


peso no bolso do brasileiro.


»Exemplo. Diferentemen-


te de Jair Bolsonaro, José


Sarney cancelou as come-


morações pelos seus 90


anos. O ex-presidente faz


aniversário em 24 de abril.


ȃ grave, doutor? O dire-


tor-presidente da Anvisa,


Antônio Barra Torres, que


apareceu ao lado de Bolso-


naro domingo, já chegou a


avisar colegas que assumi-


ria o Ministério da Saúde,


antes da crise, porém. Ele é


amigão do presidente.


»Ação. Na esteira das me-


didas adotadas na Educa-


ção, a Prefeitura de SP deci-


diu desativar equipamentos


esportivos da capital.


»Ação 2. Serão fechados 7


Centros Esportivos (com


23,4 mil inscritos em ativi-


dades); 278 Clubes da Co-


munidade; malha cicloviá-


ria (503 km); 46 Ruas de


Lazer; 16 Ruas Abertas e 27


piscinas sob a gestão da Se-


cretaria de Esportes.


»Rápido. Já na sexta-feira,


o secretário de Governo,


Mauro Ricardo Costa, fez


um arrazoado das suges-


tões dos colegas ao prefeito


Bruno Covas (PSDB).


»Time. Em videoconferên-


cia, o prefeito definiu que


Mauro Ricardo será o coor-


denador das ações de com-


bate à pandemia na capital.


O secretário Edson Apareci-


do (Saúde) também tem


papel importante: é ele


quem mantém Covas atuali-


zado minuto a minuto.


»Ui. O grupo Prerrogativas


virou pedra no sapato de


João Doria. O coletivo de


advogados é o autor do pe-


dido de liminar, assinado


pelo sindicato dos professo-


res, que suspendeu a refor-


ma estadual da Previdência.


COM MARIANA HAUBERT E

MARIANNA HOLANDA. COLABO-

ROU ELIANE CANTANHÊDE.

O


setor agropecuário está preocupado com a logísti-


ca de escoamento da produção nacional por causa


do coronavírus. Empresários do setor temem difi-


culdades nos serviços de transporte, terrestre e marítimo,


o que poderia levar ao descumprimento dos contratos vi-


gentes e impor grandes perdas ao País. O Ministério da


Agricultura acompanha a situação e prepara ações para


evitar o pior cenário: a paralisação quase completa. Ape-


sar dos receios, os produtores afirmam estar otimistas


com a produção, com estimativas até de supersafra.


Logística preocupa o


agronegócio brasileiro


ALBERTO BOMBIG
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KLEBER SALES/ESTADÃO

‘Bolsonaro arruma


inimigo para arranjar


conflito.’ Pág. A


Rodrigo Maia


Bolsonaro agora fala em


‘união’ contra coronavírus


Após citar ‘luta pelo poder’ com o Congresso, criticar governadores e ver cair apoio das


redes, presidente muda tom sobre pandemia e anuncia reunião com chefes dos Poderes


BRASÍLIA


RIO


SÃO PAULO


O dia em que o Brasil confir-


mou a primeira morte por co-


ronavírus começou com o


presidente Jair Bolsonaro in-


sistindo nas afirmações de


que há uma “histeria” na for-


ma como a pandemia está sen-


do tratada no País. Em entre-


vista a uma rádio popular, ele


criticou governadores que es-


tão determinando o fecha-


mento de repartições públi-


cas e recomendando que a po-


pulação fique em casa para


evitar o contágio em massa.


No fim da tarde, porém, o pre-


sidente adotou outro tom. Pres-


sionado pela falta de apoio nas


redes socias e pelo seu isola-


mento na condução da crise, o


presidente disse que é preciso


“somar esforços” com os ou-


tros Poderes. As mudanças


aconteceram um dia após o pre-


sidente deixar de comparecer a


um encontro com outras lide-


ranças da América Latina para


debater ações coordenadas pa-


ra tratar a crise e a assistir os


chefes do Legislativo e do Judi-


ciário se reunirem para debater


o novo coronavírus.


Ontem Bolsonaro afirmou


que irá se reunir com os presi-


dentes do Senado, Davi Alco-


lumbre (DEM-AP), da Câmara,


Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do


Supremo Tribunal Federal


(STF), ministro Dias Toffoli.


A mudança de tom, segundo


integrantes do Palácio do Pla-


nalto, é creditada à avaliação de


que a narrativa de que Bolsona-


ro estava sendo vítima de uma


“luta pelo poder” com a cúpula


do Congresso não emplacou.


Também pesou o fato de que


monitoramento de redes so-


ciais mostram que o presidente


está enfrentando uma queda de


popularidade. Segundo a em-


presa AP Exata, a avaliação nega-


tiva do presidente, que já vinha


em queda desde janeiro, se acen-


tuou em fevereiro e prosseguiu


em março. No sábado, 62% das


menções a Bolsonaro e corona-


vírus foram negativas. Domin-


go, 55% das menções foram con-


trárias ao presidente. Ontem, o


presidente foi alvo de um pane-


laço em ao menos três capitais.


Desde domingo, Bolsonaro


tem sido criticado por ter des-


cumprido recomendação da Or-


ganização Mundial de Saúde


(OMS), do Ministério da Saúde


e dos seus próprios médicos e


ter ido a uma manifestação con-


tra o Congresso e do Supremo


no Palácio da Alvorada. O presi-


dente recebeu ontem o resulta-


do do segundo exame que deu


negativo para coronavírus.


“Superar este desafio depen-


de cada um de nós. O caos só


interessa aos que querem o pior


para o Brasil. Se, com serenida-


de, população e Governo, junto


com os demais poderes, somar-


mos os esforços necessários pa-


ra proteger nosso povo, vence-


remos não só este mal como


qualquer outro!”, escreveu o


presidente no Twitter. Apesar


do tom mais moderado do que


o utilizado nos últimos dias, em


que foi criticado por médicos e


políticos por ter minimizado o


efeito da pandemia, o presiden-


te chegou a comparar o corona-


vírus com gravidez em uma


transmissão ao vivo, também


feita ontem: “Vai passar, descul-


pa aqui, é como uma gravidez,


um dia vai nascer a criança. E o


vírus ia chegar aqui um dia e aca-


bou chegando”, declarou.


Governadores. Governadores


reagiram ontem à declaração de


que eles podem prejudicar a re-


tomada econômica com suas


medidas para evitar a transmis-


são do covid-19. “Esse vírus


trouxe uma certa histeria e al-


guns governadores, no meu en-


tender, eu posso até estar erra-


do, estão tomando medidas que


vão prejudicar e muito a nossa


economia”, disse Bolsonaro.


O governador de São Paulo,


João Doria (PSDB), disse que o


presidente deveria fazer dos


chefes do Executivo estadual


seus aliados. “E não tratá-los co-


mo inimigos e adversários nas


causas do Brasil”. O governa-


dor do Rio, Wilson Witzel


(PSC), disse, em entrevista à


CNN Brasil, que ainda não rece-


beu nenhum convite para con-


versar com o Planalto. Rui Cos-


ta, da Bahia, afirmou que Bolso-


naro abriu mão de “liderar o


país”. “Ele não tem uma palavra


que busque unir o Brasil em tor-


no de uma solução. Só ataca as


instituições, a imprensa, os go-


vernadores. A sociedade está à


beira de um colapso e o presi-


dente disparando a metralhado-


ra contra todo mundo.” /


AMANDA PUPO, BRUNO NOMURA,

CAIO SARTORI, EMILLY BEHNKE,

GREGORY PRUDENCIANO, JUSSARA

SOARES, MATHEUS LARA e RICARDO

GALHARDO

Flávio Dino


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


PRONTO, FALEI!


Varanda. Manifestantes em Santa Cecília, no centro de SP


Moradores de SP, Brasília


e Rio fazem panelaços


l15.º confirmado


Segundo teste feito pelo deputa-


do Daniel Freitas (PSL-SC) deu


positivo para coronavírus. Ele é


15.º integrante da comitiva que


acompanhou Jair Bolsonaro aos


Estados Unidos com a doença.


l ‘Serenidade’


Câmara e Senado vão fazer sessões virtuais. Pág. 10 }


“Está todo mundo ocupado cuidando de problemas


graves. Aí sobra pouco tempo para responder a es-


sas besteiras que o presidente fala todos os dias”.


Governador do Maranhão (PCdoB)


»CLICK. Já morando na


Prefeitura, Bruno Covas


realizou reunião por vi-


deoconferência com os


secretários. Desde sex-


ta-feira, ele lidera ações


contra o coronavírus.


PREFEITURA DE SÃO PAULO

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Pelo menos três capitais do Bra-


sil registram ontem à noite pa-


nelaços contra o presidente Jair


Bolsonaro: São Paulo, Brasília e


Rio de Janeiro. Na capital paulis-


ta, houve manifestações em 12


bairros da capital paulista: Bela


Vista, Barra Funda, Campos Elí-


seos, Consolação, Higienópo-


lis, Jardins, Perdizes, Pinheiros,


Pompéia, Santa Cecília, Vila Ma-


dalena e Vila Romana.


Marcado pelas redes sociais,


o ato estava previsto para


20h30, mas só começou em al-


guns bairros perto das 22h. No


bairro dos Jardins, em São Pau-


lo, as panelas começaram a soar


depois das 21h, quando os pri-


meiros relatos de panelaços sur-


giram nas redes sociais. Às 22h


ainda era possível ouvir panelas


isoladas e gritos de “Fora Bolsi-


naro” e “Fora miliciano”.


No Rio de Janeiro, panelaço e


palavras de ordem contra Bolso-


naro foram ouvidos em vários


bairros da zona sul, como Copa-


cabana, Cosme Velho, Humai-


tá, Flamengo, Laranjeiras e Gló-


ria. Os protestos começaram


por volta das 20h30 e às 22h


ainda havia manifestações em


alguns bairros.


Em Brasília, os registros fo-


ram na Asa Norte. / CAIO SARTORI,


PAULA REVERBEL, PAULO GALHARDO

e RAFAEL MORAES MOURA

ANTONIO CRUZ / AGENCIA BRASIL

“Se, com serenidade,


população e Governo,


junto com os demais


poderes, somarmos os


esforços necessários para


proteger nosso povo,


venceremos não só este


mal como qualquer


outro!”


Jair Bolsonaro


PRESIDENTE, EM UMA REDE SOCIAL

“(O coronavírus) vai passar,


desculpa aqui, é como


uma gravidez, um dia vai


nascer a criança. E o vírus


ia chegar aqui um dia e


acabou chegando.”


Jair Bolsonaro


PRESIDENTE, EM UMA LIVE

Distância. Bolsonaro parou para falar com apoiadores na frente do Palácio do Planalto: apoio nas redes sociais cai na crise

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