O Estado de São Paulo (2020-03-18)

(Antfer) #1

6 |SEMINÁRIO INTERNACIONAL SESI DE EDUCAÇÃO| São Paulo, 18 de março de 2020


Este material é produzido pelo Media Lab Estadão com patrocínio do Sesi.


mas”, afirma a professora da FGV.


Se a iniciativa do Sesi, que de-


senvolve a filosofia STEM e a ro-


bótica em mais de 500 unidades do


Brasil, é muito importante, Costin


afirma que ainda é preciso fazer


muito mais quando se pensa em


toda a educação brasileira. “Temos


feito muito pouco em nível nacional


pensando em enfrentar os desafios


da educação do século 20”.


Quem passa os olhos por subs-


tantivos como ciências, matemática,


tecnologia e engenharia pode ter


ideias equivocadas do que propõe


a nova educação. Em sala de aula,


os alunos, ao trabalharem em times


para resolver problemas reais –


como um coletor menstrual para as-


tronautas mulheres da Nasa ou um


sistema de alertas para inundação



  • são também obrigados a desenvol-


ver empatia e características socioe-


mocionais. “Resiliência e empatia


são itens que os robôs não têm”,


afirma Costin. “Neste processo de


religar os saberes, as ciências huma-


nas também são fundamentais.”


Robótica e STEAM preparam o jovem


para os desafios da educação contemporânea,


que não é mais estanque ou compartimentalizada


como se fazia até o fim do século passado


Uma visão de mundo estan-


que,construída a partirde


compartimentos desconec-


tados, como ocorre em mui-


tas escolas, não vai dar conta


dos desafios do século 21. A


tecnologia e os robôs são


realidade em um mundo ins-


tantâneo e multitelas.


Se de um lado os algoritmos e


a inteligência artificial abrem


uma gama de oportunidades


para a humanidade, de outro,


faltam postos de trabalho aos


menos qualificados. A desi-


gualdade social tende a gerar


impactos na população.


Por causa dessas transformações


sociais, uma educação que busque


estar em sintonia fina com as exi-


gências do mercado de trabalho


não pode ficar amarrada ao século



  1. Em vários ambientes voltados


para a educação de jovens, como é o


caso do Sesi, a robótica e afilosofia


STEAM (Ciência, Tecnologia, En-


genharias, Artes e Matemática, em


Inglês) estão mais presentes no dia


a dia das práticas educacionais.


Durante horas, todas as semanas,


as aulas de robótica no ambiente


escolar permitem a solução de pro-


blemas complexos. Uma parte deste


trabalho é apresentada em forma de


robôs nas arenas de competição do


Festival Sesi de Robótica.


“A intenção dafilosofia STEAM,


dentro do nosso projeto educacio-


nal, é conseguir fazer com que o


aluno tenha um pensamento crítico.


Ele vai pensar o mundo e ajudar a


descobrir soluções”, afirma Paulo


Mól, diretor de Operações do Sesi.


“Não podemos pensar na robótica


como umfim em si mesmo. Ela é o


meio.” A partir do aprendizado por


meio da integração de várias disci-


plinas, diz o executivo, as crianças


passam a criar projetos que conver-


gem com os interesses da socieda-


de. “Eles acabam por impactar na


vida das pessoas”, diz Mól.


CIÊNCIAS HUMANAS


A reconexão entre educação e


um pensamento científico onde o


conhecimento está integrado, sem


prejuízo das ciências humanas, é


um caminho que ainda precisa ser


mais trilhado no Brasil, concorda


Claudia Costin, diretora do Centro


de Excelência e Inovação em Políti-


cas Educacionais da FGV-RJ e inte-


grante da Comissão Global sobre o


Futuro do Trabalho da Organização


Internacional do Trabalho (OIT),


uma agência das Nações Unidas.


“Na STEAM [e aqui o A é de Artes],


a ênfase em Ciência e Tecnologia


ensina o jovem a pensar cientifica-


mente, e não apenas a aprender os


conceitos. A partir disso, com cria-


tividade, eles conseguem prototipar


para em seguida solucionar proble-


Para que serve?


O conhecimento amplo, profundo e integrado


das disciplinas que formam a STEAM, além, claro,


de geografia e história – vai preparar muito bem o


aluno para os desafios do século 21


Histórico


A discussão sobre o STEAM, de uma forma


mais organizada, surgiu nos Estados Unidos


no início deste século. O estudo Rising Above


the Gathering Storm, publicado em 2005 pela


Academia Nacional de Ciências, Engenharia e


Medicina dos Estados Unidos, mostrou que as


notas dos alunos americanos eram ruins em


comparação com outros países ricos; assim,


decidiu-se pela criação da metodologia


Como funciona?


As atividades são abordadas de maneira


multidisciplinar. Exemplo:


Insights estrangeiros


Os Estados Unidos, por meio de milhões de


dólares anuais, incentiva a metodologia STEAM


em suas escolas públicas. Um dos gargalos que


o país enfrenta é antecipar o ensino de álgebra


para as crianças. Números oficiais de 2016


mostram que 60% das escolas americanas


começam a ensinar a matéria, fundamental


para a estratégia STEAM, no ensino médio


No Reino Unido, que também incentiva


a estratégia STEAM por meio de centros


universitários, como o da Universidade de York,


existem mais de 200 mil professores treinados


para aplicar essa visão aos seus alunos. É pelo


menos um professor para cada escola do país


tanto no ensino fundamental quanto no médio


Fontes: FIA (Fundação Instituto de Administração, Departamento de
Educação dos Estados Unidos e York University)

O que é?


Estratégia que busca fazer com que o aluno


escape da educação tradicional e aprenda


deumaformaintegrada,ondeaabordagem


interdisciplinar favorece a ponte com o mundo


real.


A palavraSTEAMé a união das iniciais, em inglês,


das palavra Science (ciência - biologia, física e


química), Technology (tecnologia), Engineering


(engenharia), Arts e Mathematics (matemática)


Vida real e integrada


O exemplo acima é bastante factível de


ser montado em alguma classe do ensino


fundamental 2 de qualquer escola do País.


De forma uma lúdica é mais ou menos assim


que o conceito da educação STEAM funciona.


A complexidade do conhecimento cresce no


ensino médio


Science


(ciência)


Technology


(tecnologia)


Engineering


(engenharia)


Mathematics


(matemática)


Arts


(artes)


Ciência- a observação de um


artrópode, como uma aranha, pode


suscitar no grupo muitas curiosidades


sobre o ciclo de vida do animal


1

Engenharia- qual a melhor forma de


construir o terrário? Ou como montar


um local, dentro da sala de aula, para


não pegar sol e sobreaquecer o animal?


2

Matemática- qual a temperatura


média diária no ambiente? E a


porcentagem da dieta alimentar do


invertebrado, entre grilos e gafanhotos?


3

Tecnologia- o uso de uma planilha


simples para registro de quantas vezes


a aranha comeu introduz os alunos do


ensino fundamental à computação


4

UMA RADIOGRAFIA DO STEAM


A junção entre sala de aula e mundo real


2

3
4

1

Aredescoberta


do pensamento


A intenção da


filosofia STEAM,


dentro do


nosso projeto


educacional,


é conseguir


fazer com


que o aluno


tenha um


pensamento


crítico. Ele


vai pensar o


mundo e ajudar


a descobrir


soluções”


PauloMól


Diretor de Operações do Sesi

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