Valor Econômico (2020-03-18)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 12 da edição"18/03/2020 1a CAD A" ---- Impressapor RCalheiros às 17/03/2020@19:28:


A12|Valor| Quarta-feira, 18 de marçode 2020


Opinião


Sistemasjurídicosnãoestãopreparadosparalidarcom


pandemiasesituaçõestãoextremas.PorEduardoFleury


Um plano de emergência


para a crise do coronavírus


Medidas emergenciais


devem ser aprovadas


peloCongressopara


flexibilizar cumprimento


dos contratos


O


avançoda contamina-
ção pelo coronavírus
tem impacto imediato
na saúdeda população
mundial.No entanto, a conse-
quência sobrea economiapode
também ser substancial, o exem-
plo das bolsasde valores na últi-
ma semana éilustrativo. O ta-
manhodo impactonos negó-
cios dependedo temponecessá-
rio paracontrolar a pandemia.
Segundoestimativado ministro
da Saúdepassaremospor “20 se-
manas duras”. Outrosespecialis-
tas falamem prazomaiorainda.
Isso implica que teremos, duran-
te boa parte desteano, empresas
buscando meiospara pagarcon-
tas e cumprir compromissos
com clientes, fornecedores e em-
pregados.
Visando levantar a discussão
sobreas ferramentasnecessárias
para combater acrise econômica
decorrentedo coronavírus,pro-
pomos nesteartigomedidasde
caráterjurídicoefiscal.
Do ponto de vista macroeconô-
mico,teremos um choquede ofer-
ta originado por pelo menosdois
motivos. As linhas de produção se-
rão afetadas pela falta de insumos
emuitasfábricasterãodereduzira
produçãoparaevitaracontamina-
ção. Haverá tambémchoque de
demanda,pela redução dos gastos
deempresaseconsumidores.
Oimpacto da crise na economia
real funcionade formasemelhan-
te àcontaminação do vírus. De iní-
cio, oimpacto élocalizado, mas
comotempoosefeitosvãoseespa-
lhandopelorestantedaeconomia.
Atividades tais como restaurantes,
turismo,eventosartísticoseespor-
tivos, educação e hotelariasão
atingidas de imediato.Oisola-
mento voluntário ou forçadotam-
bémjáimpactaosnegócios.
Na medida em que estes seto-
res deixam de vender(alguns são
obrigadosaressarcirconsumido-
res), ocapital de giroéconsumi-
do compagamentode obriga-
ções —dentreestas afolha de sa-
lários. Os setores atingidosirão
cortar gastos ao máximo, reduzir
a zero os investimentos e, prova-
velmente, começar a demitir fun-
cionários.Ofluxodepagamentos
será reduzidoeacrise se espalha-
rá pelo resto da economia.Con-
sumidores também tendema re-
duzir substancialmente os gas-
tos, seja pelo medodo desempre-
go,sejapelosimplesisolamento.
A insegurança nas relaçõesen-
tre as empresase entreempresas
e empregadostendema impac-
tar maisaindaoPIB. Muitasem-
presas terãodificuldadede cum-
prir seus contratoscom clientes,
inclusivecom o governo.Emge-
ral, contratose licitações preve-
em pesadasmultas,alémde ou-
tras penas(ex.: exclusãona parti-
cipação de novaslicitações)no
casode não cumprimento das
obrigaçõescontratuais.
Os sistemasjurídicosem geral
não estãopreparadosparalidar
compandemias e situaçõestão

extremas. Os códigos contêm
dispositivosaplicáveis às excep-
cionalidades;porém,quandoos
problemasjurídicosse alastram,
tais cláusulastêm poucaserven-
tia. No caso de contratos,por
exemplo,ocontratadoque não
forneceobem ou serviçonão se-
rá responsável pelosprejuízos
causados em razão de força
maior, isto é, quandoaconteci-
mentosque fujamaocontroleda
empresa impeçam o cumpri-
mento do contrato. Emboraa
pandemiado coronavíruspossa
se encaixar nesta definição, a
aplicação destedispositivo de-
pendedeinterpretaçãoe,emboa
partedasvezes,oscasossãodeci-
didosnos tribunais.Da mesma
forma,cláusulas que preveemo
reequilíbriodo contratodepen-
demdedecisãojudicial.

Na área trabalhista, a redução
dejornadadetrabalhocomredu-
ção de saláriosdepende de acor-
do com o sindicato. Asuspensão
do contrato de trabalho, que não
é umasaídaideal, implica em
gastos por parte da empresa ede-
pende de convenção ou acordo
coletivo. Até mesmo o trabalho
emhomeofficedependedeaditi-
vo contratual e que o empregado
concordecomamedida.
Destaforma,medidasjurídi-
cas emergenciais devem ser
aprovadas peloCongresso, para
que as relaçõeseconômicas se-
jam menosafetadaspela insegu-
rança.Inicialmente, as medidas
devemflexibilizaro cumprimen-
to dos contratos.Apandemiado
coronavírusdeveria,em certas
circunstâncias, ser considerada
por definiçãocomomotivode
forçamaioreas consequências
contratuaisprevistasemlei.
Nas relaçõestrabalhistas, a fle-
xibilizaçãodeveser temporária,
mas deve permitir agilidadesem
longasnegociaçõescom sindica-
tos. Areduçãoda jornadade tra-
balhocomreduçãoproporcio-
nal dos saláriospodeser funda-
mental paraa sobrevivência de
empresas de médioepequeno
porte.Um limitemáximode re-
duçãode 40%, por exemplo, po-
deriaserestabelecido.
Opagamentodos impostosé
parteimportante da equaçãopa-
ra dar fôlegoàs empresas. Ame-
lhor formade tratareste proble-
ma é concederparcelamento dos
impostos sem juros.Onúmero
de parcelas será calibrado de
acordocomo faturamento da
empresa: quantomaior aqueda
nas vendas,maiorserá o número
de parcelasEstasinformações es-
tão facilmentedisponíveisàs au-
toridades tributárias.Propostas
comoas apresentadaspeloGo-

vernopara“diferir”por três me-
ses opagamentode parcelas dos
encargossobrefolhas(ex.:FGTS)
são muitotímidas.Se as empre-
sas não tem dinheirohoje,não
vão ter em três meses.Adicional-
mente,seriafundamental sus-
penderopagamentodos parce-
lamentosjáemandamento.Caso
contrário, uma ondade inadim-
plênciavai se espalhar, fazendo
com que muitoscontribuintes
sejamexcluídosdestesparcela-
mentose inviabilizando muitas
empresasnocurtoprazo.
Alémdisso, linhasde créditos
devemser criadaspara atender
as empresas em dificuldades. Os
créditosdevemestardisponíveis
ao empresáriode formafácile
simples.Aslinhasdecréditoexis-
tentespara investimento(ex.: Fi-
name)devemserredirecionadas
parafinanciarcapitaldegiro,de-
vendoser criadoum limitede
empréstimo por empresa,tal co-
mo20%dofaturamento.
As duas últimas sugestões
deste textoimplicam em au-
mentarodéficitpúblico.Esta-
mos dianteda perspectiva de
uma criseeconômica muitogra-
ve. Excetose oprazoparacon-
trolaro vírusfor curto, teremos
um ano de muitasdificuldades.
A teoriakeynesiana,já testada
comsucessonas duasgrandes
crisesmundiais,não deixadúvi-
das de que a atuaçãodo governo
énecessária. Só que destavez
não se tratade estimular ade-
mandapura,até porqueo apa-
rato produtivotem dificuldade
em responder. Odéficitpúblico
será geradomaispeloladoda
reduçãoda arrecadação esubsí-
dio de linhasde crédito.
A políticamonetáriaterá pou-
co efeitopara estimulara econo-
mia, não só pelo excessode liqui-
dez que já existena economia,
mas pela dificuldadedos bancos
em levaresta liquidezpara aque-
les que necessitam. Talcomoem
2008,os bancostendema retera
liquidezliberadapelasautorida-
des monetárias, não repassando
os recursos. Trata-sede um com-
portamento esperado. As linhas
de crédito devemser riscodo go-
vernoenãodosbancos.
O Congressodeveagir rapida-
mente,levantandooli mite cons-
titucional do teto dos gastos
temporariamente e permitindo
que a UniãofinancieEstadose
Municípios quandonecessário.
Da mesmaforma,deve-seapro-
var leis que flexibilizemas nor-
mas contratuais,trabalhistasou
de outranatureza e que facilitem
aacomodaçãode empresas, tra-
balhadoreseconsumidores.

Eduardo Fleuryé economistae
tributarista,sócioe headda área
tributáriade FCR Law, mestre e
doutorando(S.J.D.) em Tributaçãopela
FloridaUniversity (EUA), especialista em
InternationalTax PlanningpelaLeiden
University (Holanda),e em Direito de
EmpresasAmericano pelaHarvard
ExtensionSchool.

STEFANWERMUTH/BLOOMBERG

PIB anêmico achata


a renda do brasileiro


H


ámuitosaspectosnegativosnos
resultadosdoProdutoInterno
Bruto(PIB)de2019,mas
certamenteumdospioresésua
consequênciasobrearendado
brasileiro.ComaexpansãodoPIBlimitadaa
1,1%noanopassadoeapopulaçãocrescendo
0,8%,arendapercapitadobrasileiro
aumentouapenas0,3%.Foiopiorresultado
dosúltimostrêsanos,segundooInstituto
BrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE).
Em2018e2017,oPIBpercapitateveum
desempenholongedeexuberante,mas
cresceuumpoucomais,0,5%aoano.Ostrês
anosanteriores,marcadospelarecessãoem
queopaísmergulhou,forambemruins:o
PIBpercapitachegouacair4,4%em2015e
4,1%em2016.Entreasperdasregistradas
nessesanoseafracarecuperaçãoquese
seguiu,obrasileiroficou7,4%maispobreem
termosdePIBpercapita.
Maisdesanimadoraindaéqueobrasileiro
levará23anospararecomporsuasperdasseo
ritmodoanopassadosemantiver.Seacelerar
umpouquinhomais,comoem2017e2018,
aindavaiprecisardenadamenosque15anos.
Ashipóteses,estimadaspeloInstitutoBrasileiro
deEconomiadaFundaçãoGetulioVargas
(Ibre/FGV),consideramqueapopulação
continuarácrescendo0,8%aoano(Valor5/3).
Vistodeoutromodo,oPIBpercapitade
R$34,5milporbrasileiroem2019éomesmo
valorregistradoem2013,informoua
coordenadoriadeContasNacionaisdoIBGE.
NaavaliaçãodoIbre/FGV,nãoexiste
recuperaçãotãolentaquantoaatual.Emoutras
recessõessofridaspelopaísnopassado,oPIB
percapitaestavarecompostoematé
trimestres,ouseja,emquaseseisanos.As
consequênciasdoquadrosãoseverasnãosó
sobreobem-estardapopulação,mastambém
influenciamareaçãodaeconomiacomoum
todoeomercadodetrabalho.
Oquadroéconsequênciadodesempenho
daeconomia,quenovamentedecepcionou.
Nosprimeirosmesesdoano,chegou-sea
estimarcrescimentode3%.Comcrescimento
de1,8%,oconsumodasfamílias,responsável
porquasedoisterçosdoPIB,garantiua
expansão,esónãofoipioremconsequência
daofertadecrédito.Jáoconsumodogoverno
encolheu0,4%comasrestriçõesfiscais.
Houvebaixaadesãoaosaqueemergencialdo
FGTS.Estima-sequeforamsacados75%dos

recursosliberadosdoFGTS,totalizandocerca
deR$26bilhões,queforamusadospara
compraseparaliquidardívidas.Afragilidade
domercadodetrabalhotambéminfluenciou.
Onúmerodedesempregadossegueaoredorde
12milhões,deacordocomoIBGE,ea
informalidadeéelevada,oquecontémamassa
salarial.Em2017e2018,amassasalarial
cresceucercade3%;em2019,próximoa2,5%.
Outrocomponentedademanda,o
investimento,ajudoupouco,comaumento
de2,2%eficouconcentradonosetorprivado.
Houvemelhoranaconstrução,emborao
comportamentonofimdoanotenha
decepcionado, enquantoainfraestrutura
aindanãomostrareação.Emcomparação
comocrescimentode3,9%de2018,houve
fortedesaceleração.
Doladodaoferta,osserviçosavançaram
1,3%,mesmopercentualdaagropecuária,
animadapelasafrarecordedegrãosebom
desempenhodapecuária.Aindústria,porém,
cresceuapenas0,5%,mesmopercentualde
2018,prejudicadaporumaestagnaçãoda
indústriadetransformação(0,1%de
crescimento)epelorecuode1,1%daindústria
extrativa,decorrentesdorompimentoda
barragemdaValeemBrumadinho(MG).A
indústriarepresentouapenas11%,doPIB
depoisdeteratingido17,8%em2004.
Asperspectivasdemelhoradarendaforam
prejudicadasdamesmaformaqueasprevisões
paraoPIBdesteanoforamachatadasnãosó
pelosresultadosexibidosatéagoracomo
tambémpelofatornovocoronavírus,queabala
aeconomiaglobalmente.NocasodoBrasil,o
própriogovernoreduziuoaumentoesperado
paraoPIBnesteanode2,4%para2,1%.A
OrganizaçãoparaaCooperaçãoe
DesenvolvimentoEconômico(OCDE)espera
1,7%decrescimentoparaopaís.Bancos
estrangeirostrabalhamcom1,5%a1,6%ehá
quemfaleemmenosde1%eatéemrecessão.
PesquisaFocusmostroucortesignificativona
projeçãoemumasemana,de1,99para1,68%.
Nesseritmo,nãoseesperamuitoavançoda
rendadobrasileiro.
Paracomplicar,adesigualdadeaindaé
grande.CálculosdoIbre/FGV,publicadospelo
Valor(17/2)mostramque,depoisdecrescer
por17trimestresconsecutivos,adesigualdade
medidapeloíndicedeGiniseestabilizouno
fimdoanopassado,masempatamar
extremamenteelevado.

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