Valor Econômico (2020-03-18)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 4 da edição"18/03/20201a CADA" ---- Impressa por CCassianoàs 17/03/2020@21:01:1 0


A4| Valor|Quarta-feira, 18 de marçode 2020


Brasil


Equipeeconômica repetea fórmula


e usaFGTSpara segurar a atividade


EdnaSimão
De Brasília

Assimcomoocorreuno gover-
no MichelTemer eno ano passa-
do,oFundode Garantiado Tem-
po de Serviço(FGTS) será aciona-
do pela equipe econômicapara
viabilizara injeçãode recursos
na economiaem um período de
forterestriçãofiscale necessida-
de de medidas rápidas,para con-
ter efeitos da pandemiado coro-
navírusedo choqueexternono
crescimentoeconômico.
Oreceituário não é novo,mas,
pelomenosnos últimosanos,
mostrou-se eficazparapuxaro
ProdutoInternoBruto(PIB).
DosR$147,3bilhõesqueserão
colocadosna economia nos pró-
ximos três mesesparacombater
osefeitosdocoronavírus,umter-
ço está relacionado ao FGTS.Do
total,apenas R$ 3,1 bilhões ére-
cursocom impactofiscaldireto e
seráutilizadoparareforçaroBol-
sa Família.Outramedidaque en-
volverecursos da Uniãoé redu-
ção temporáriade impostoco-
mo ode ImportaçãoeIPI para
produtos médico-hospitalar,
maso custoorçamentárionão
foidivulgadopelogoverno.
Para atenderapopulação

maisvulnerável, comoos idosos,
a equipeeconômica anunciou
na segunda-feiraque vai liberar
R$ 83,4 bilhões, sendoR$ 21,
bilhões relacionadosà transfe-
rênciade valores não sacadosdo
PIS/Pasep paraoFGTS paraper-
mitirnovos saques. Essa medida
dependede aprovaçãodo Con-
gressoNacional.
Nestecaso, faltaser definido
quantopoderá ser sacadopor
trabalhador e se será necessária
a criaçãode novamodalidade
de saque. Oministroda Econo-
mia, Paulo Guedes,chegou a di-
zer que o valorpoderia ser limi-
tado ao teto do INSS, que atual-
menteéde R$ 6.101,06,mas na-
da está fechadoainda.
No casodas medidasemer-
genciaisparadar capitalde giro
para as empresase evitardemis-
sões,que envolvemR$ 59,4bi-
lhões, a equipeeconômicavai
permitirque as companhias fi-
quem três mesessem fazerdepó-
sitos para o FGTS.Isso representa
umalíviodecaixaparaasempre-
sasdeR$30bilhões.
Não é uma anistiapara as em-
presas. O valordas contribuições
deverá ser depositado no fundo
futuramentede formaparcela-
da. Aequipeeconômica não dei-

xou claro qual o momento exato
do acerto de contas.Mas,por
não ter impactofiscal, não está
descartadaapossibilidade de
partedo ressarcimentoficar pa-
ra 2021.Essamedidatambém
precisa do aval dos deputadose
dos senadores.
O secretárioespecial de Fazen-
da, WalderyRodrigues, afirmou
na segunda-feira que, mesmo
com as ações envolvendo o FGTS,
a sustentabilidadefinanceira do
fundoserá mantida,assimcomo
a sua capacidade de financiar a
casa própria, osaneamento bási-
coeamobilidadeurbana.
Aexpectativa é que as medidas
que dependem de aprovaçãodo
Congresso Nacional, como as que
são relacionadasao FGTS,sejam
encaminhadas omais rápido pos-
sível aosparlamentares. OCon-
gresso Nacional temsinalizado
que pretende trabalhar mesmo
com quórumreduzido, paraaju-
darnoenfrentamentodacrise.
Restasaber, no entanto, se os
parlamentaresrealmenteserão
ágeisna aprovaçãodas medidas
e se essa repetiçãode receituário
serásuficienteparaminimizaros
efeitosdacrise.Atéomomento,a
percepçãoé que medidasadicio-
naisserãonecessárias.

Conselho aprovareduçãodejurose


prazomaior em consignado doINSS


EdnaSimão
De Brasília

Em reuniãoextraordinária, o
Conselho Nacional da Previdên-
cia(CNP)aprovou areduçãodo
tetodejurosdocréditoconsigna-
do dos aposentadosepensionis-
tasdoInstitutoNacionaldoSegu-
ro Social(INSS), assim como o
alongamento do prazo de paga-
mento das operações. As mudan-
çaspodemaumentaremR$25bi-
lhões as operações de crédito
comdescontonafolhadoINSS.
Essas medidas tinham sido
anunciadasna semana passada
pela equipe econômicaparaaju-
dar aminimizar os efeitos da crise
da pandemiado coronavíruspara
a população maisvulnerável, mas
precisavam da aprovação do con-
selho, composto por representan-
tesdogoverno,trabalhadores,em-
pregadores e aposentados epen-
sionistas,paraentraremvigor.
Ogoverno ainda querampliara
margem de comprometimento do
benefício com o empréstimo.Nes-
te caso,será encaminhado uma
proposta ao CongressoNacional.
Atualmente, a margem consigná-
vel é de 35%, sendo 30% para em-
préstimoe5%paracartão.
Com a decisãodo conselho, o te-

to de jurosdo empréstimoconsig-
nadocaiu de 2,08%ao mês para
1,80%ao mês —valor aindaacima
da taxa média aplicada pelo mer-
cadode 1,76%ao mês. No caso da
operaçãocomcartãodecrédito,es-
se limite caiu de 3% para 2,70%ao
mês. A proposta inicial do governo
era de que esse valorcaíssepara
2,60%ao mês. Tambémfoi aprova-
do a ampliaçãodo prazomáximo
de pagamentodos empréstimos,
quesaltoude72para84meses.
Na reunião,osubsecretáriodo
Regime Geralde PrevidênciaSo-
cial,Rogério Nagamine,destacou
que oteto de jurosdo consignado
foi atualizadopela últimavez em
setembrode 2017.De lá para cá, o
Banco Central reduziu pratica-
mentepelametadeataxabásicade
juros (Selic)—passoude 8,25%ao
ano para 4,25%ao ano. Para ele, há
espaço paraaquedado limitede
juros,mantendoospreadbancário
quevigoravaemmeadosde2017.
O técnico do Departamento de
Monitoramentodo Sistema Finan-
ceirodo Banco Central (BC),Gus-
tavo Santos, apresentou informa-
ções geraissobreo crédito consig-
nado. Pelos dadosapresentados,
com onovo teto de 1,80%para as
operações de crédito consignado
paraaposentadosepensionistas,o

spread da operação ficará próxi-
moaoquevigoravaem2017.
Elechamouaatenção paraau-
mentodoriscodocréditonasope-
rações com descontoem folhado
INSS. Umajustificativa dadafoi a
açãodo governo de revisar os be-
nefíciosconcedidos.
Afederação(Febraban) eaasso-
ciaçãodosbancos(ABBC)apresen-
taram estimativa de expansãodo
crédito consignado em R$ 25 bi-
lhõescom asmudanças noconsig-
nado. As entidades defenderam
uma redução menos expressiva do
tetodejuros(para1,98%aomêsno
caso do empréstimoe de 2,9% ao
mês do cartão consignado). Ape-
nas no caso do teto de juro do car-
tão consignado, os representantes
dos bancosconseguiramnegociar
umataxasuperior.
Para defenderproposta de redu-
ção de teto menordo que a ideia
apresentada pelo governo, as enti-
dades informaramque existe a ex-
pectativa de aumento da inadim-
plênciaem decorrênciada amplia-
ção esperada do prazomáximo e
impactos da covid-19.Alémdisso,
mencionaram orisco de faltade
oferta de crédito ao público que re-
cebe até dois salários mínimos, ido-
soseaposentadosporinvalidezcaso
fossefixadotetoincompatível.

ConjunturaAuxílioemergencialedescontomaioremcontasdeluzsãopossíveismedidasparaaliviarmaispobres


Governo estuda voucher e mais tarifa social


DanielRittnere Fa bioGraner
De Brasília

Preocupadocomaescaladado
novocoronavíruse seus impac-
tos sobrea economia, o governo
estudanovasmedidas para a po-
pulaçãoque está na informalida-
deequetemrendamaisbaixa.
Umadas medidas é a amplia-
ção temporária dos descontos
concedidos pelatarifa social de
energiaelétrica.Outraéaconces-
sãodeuma rendaextra, uma es-
pécie de “voucher emergencial”
por alguns meses,para trabalha-
dores informais e pobres que de-
vemsofrer o impactodaparalisa-
çãodasatividadesnaeconomia.
Nos bastidores,aequipe econô-
micareconhece lacunas nos pri-
meiros anúncios de medidas, que

não atingiramos trabalhadoresin-
formais, considerados mais vulne-
ráveiseforadarededeproteçãoso-
cial. Afinal, a principal linhade
combate à epidemiado coronaví-
rus é retirar as pessoas das ruas,o
quetendeaafetarnegóciosearen-
dademilhõesdepessoas,comoca-
melôsemotoristasdeaplicativos.
ApesardeteranunciadoR$3bi-
lhões amais para oBolsa Família,
na segunda-feira, esse recurso será
direcionadoapenaspara incluir as
maisde 1 milhão de famílias que
estão na fila do programa,sem re-
forçar arendadaqueles queagora
sofrerãocomaperdadetrabalho.
Assim,embora ainda sem for-
matodefinitivo, aequipeeconô-
mica buscaamelhormaneira de
colocar dinheiro na mão da popu-
lação que não tem registro em car-
teira.“O Brasil tem muitagente na
informalidade, que não tem ne-
nhumacobertura social. Aí está o
desafio, de se buscar um voucher
voltadoacomida eremédio,aípo-

deserqueatinjaouniversoemter-
mos de dois a três meses”, afirma
reservadamenteuminterlocutor.
No caso de ampliação da tarifa
social de energia, aideia étomar
uma medidacom foco na popula-
ção de baixarendae desemprega-
dos nos centros urbanos,que são
os principais beneficiários do sub-
sídio. Essa medidanão teria im-
pacto nas finanças públicas, dado
que o benefício ébancadoapartir
das próprias tarifas cobrada dos
demais consumidores do sistema
elétrico —especialmente nas re-
giõesSul,SudesteeCentro-Oeste.
Em coordenação com oMinis-
tério da Cidadania, autoridades
da área energética já trabalham
com oobjetivo de calcular efeitos
de um aumento dos descontos
concedidos. Têm direito àtarifa
socialfamíliasinscritasnoCadas-
tro Únicoou pessoas que rece-
bemo Benefício de Prestação
Continuada (BPC)da Previdência
Social. A assistênciachegaatual-

menteaquase10milhõesdeuni-
dadesconsumidorasnopaís.
Hoje o desconto sobrea tarifa
“cheia” de cadadistribuidora de
energiatemtrêsfaixas:65%(ocon-
sumode até 30 kilowatts-hora por
mês), de 40% (31-100 kWh)e 10%
(101-220 kWh). O que se cogita é
manteras faixas de consumo,mas
ampliandoovalordodescontoem
cada uma delas.Simulações come-
çaramaserfeitascomumsubsídio
de 80% ou 90% na faixa inicial —e
crescendotambémnasseguintes.
Paravalerimediatamentequal-
quermudança teria que ser feita
por medida provisória. Os des-
contos da tarifa social são banca-
dos pela Conta de Desenvolvi-
mento Energético (CDE), fundo
que arca com todosos subsídios
do setor elétrico,com orçamento
deR$21,9bilhõesnesteano—dos
quaisR$ 2,66 bilhões correspon-
demaobenefíciocomoéhoje.
No caso do “voucher”, a inten-
ção égarantirum volumede re-

cursosparaalimentaçãoecom-
pra de remédios paraos traba-
lhadores informais. Nessegrupo
estãobeneficiáriosdo BolsaFa-
míliaeBPC,mastambémpessoas
que têm umarendaum pouco
maior,emboranãosuficientepa-
ra enfrentarumaquebrasúbita
emseusrendimentosmensais.
Aindaserá precisodefiniros
valoreseaté oformatopara con-
cessãodo programa,levando-se
em consideração tambémques-
tões médicas,comoa recomen-
daçãoparaevitaraglomerações.
Esse programa emergencial de
transferência de rendaexcluiria
trabalhadores formais, que po-
dem ter acrise amortecida por li-
cenças das empresasou, em casos
maisextremos,porseguro-desem-
prego. Para driblar riscos logísti-
cos, evitando exposição das pes-
soas a postos do INSS ou agências
bancárias, aventa-se o desenho de
algum aplicativo oficial ou até
mesmoeventuais parceriascom

operadoras de “maquininhas” de
cartão para que os créditospos-
sam ser usados virtualmente em
supermercadosecomércioslocais.
O presidentedos EstadosUni-
dos, DonaldTrump, já apontou
nessadireçãoe prometeuenviar
chequesde US$ 1mil paraos
americanosficaremem casa no
períododecrisesanitária.Nofim
da tardede ontem,o presidente
Jair Bolsonaroconfirmouestu-
dos paraaconcessãode benefí-
cio extraordináriopara os traba-
lhadoresenfrentaremacrise.
Em paísescomoaFrança,já
houvedeterminaçãodo governo
paraqueatrasosnopagamento
de contasde luz e outrosserviços
públicossejam“perdoados”pe-
las concessionárias,sem cobran-
ça de multa.Poraqui, aindanão
houveconversasnessesentido.
O governotambémpodere-
forçaras açõespara empresasde
menorporte,completando me-
didasanunciadasnasegunda.

Ajuda precisa


chegar a informais,


dizem especialistas


ThaisCarrança
De São Paulo

O pacote de medidas emergen-
ciaisno valor de R$ 147,3bilhões
anunciadona segunda-feira pelo
ministro da EconomiaPaulo Gue-
desvainadireçãocorreta,maséin-
suficientepara atenderàs necessi-
dadesdos maisvulneráveisedos
trabalhadores informais na crise
provocada pelo coronavírus, ava-
liamespecialistas.
Na visão dos analistas, há consen-
so de que é preciso ampliar a desti-
nação de recursosao Bolsa Família,
para alémdos R$ 3,1 bilhõesextras
do pacoteinicial, zerandoa fila exis-
tente e incluindonovas famílias.
Alémdisso, eles sugerem opaga-
mento de valor adicional temporá-
rioaosbeneficiáriosdoprograma.
Aavaliação parece encontrareco
dentro do governo.Ontem, diversas
notícias davamconta de que medi-
das adicionaisvoltadas aesse públi-
co estão em estudo pela equipe eco-
nômicaepodemseranunciadasnos
próximos dias. Entre eles, estariam a
distribuição de vouchers para com-
pradecomidaeremédios,apossibi-
lidadededobrarovalordoBolsaFa-
mília e aampliação temporária dos
descontos concedidos na conta de
luzàpopulaçãodebaixarenda.
Para atenderaos informaisnão
elegíveis ao Bolsa Família, econo-
mistassugeremutilizaroCadastro

Únicoparadistribuir umarenda
temporária aos cadastrados. Eles
também avaliamque vouchers
não são a medida maisadequada
neste momento, sendo preferível a
transferênciadiretaderenda.
“Pareceque as medidas iniciais
forammuito concentradas no setor
formal, o que resolve só um pedaço
do problema”, diz MarceloMedei-
ros, professor visitante da Universi-
dadede Princeton. “As medidas têm
desermaisambiciosas,compreocu-
paçãomaiorcomassistência.”
Medeiros sugereo uso do Cadas-
troÚnicoparaessefim.“Comele,vo-
cê consegue beneficiar não só apo-
pulação que recebe o BolsaFamília,
mas aqueles que não estão receben-
do”,diz, lembrando que há cercade
8,5 milhõesde pessoas pobres no
país que não recebemobenefício,
masestãonocadastro.
Elepropõeacriaçãoedoisbenefí-
cios,umdeR$150aserdadoduran-
tesetemesescomosuplementopara
quemjá é beneficiário do BolsaFa-
mília. E outro no mesmovalor, por
quatromeses,paraquemestánoca-
dastromasnãonoprograma.
Segundo o especialista, uma me-
dida dessaordemdevecustar algo
comoR$15bilhões,cercademetade
do que o BolsaFamíliagastaem um
ano, oque tornaaproposta compa-
tível como Orçamento brasileiro
numasituaçãodeemergência.
Marcelo Neri, diretor da FGV So-

cial, dizque, além de zerar afila do
BolsaFamília, é preciso reajustaro
valor dobenefício,defasado desdeo
inícioda crise de 2014. Segundoele,
os R$ 3,1 bilhões anunciados para
reincorporaçãode1milhão de be-
neficiários são suficientesapenas
para reporo contingenteexcluído
demaiode2019ajaneirode2020.
“O benefício hoje édeR$
por famíliaem termos reais eem
2014, era de R$ 227. Houve uma
queda grande do valor”, observa.
“Ainda estamosna defesa, recupe-

rando uma perda de beneficiários
ehá outra perda, de valor, quepo-
de ser recuperada.Mas o Bolsa Fa-
mília deve ser usado no ataque aos
problemasdacrise”,acrescenta.
Já paraos trabalhadores infor-
maisquenãoestãoentreosmaispo-
bres, Neri sugere ocanal de crédito
comosolução, dizendo-sedescrente
quanto a propostascomo uma ren-
da mínima universal temporária.
“Nãodevemos ir pelo caminho fácil
de desconsiderar as diferenças de si-
tuaçãodequem‘épobre’ou‘estápo-

bre’. As pessoas devemser atendidas
namedidadassuasnecessidades.”
Estudo do Centrode Desenvolvi-
mento e Planejamento Regional da
UniversidadeFederal de MinasGe-
raisapontaqueumaquedade1%no
emprego,gerada pela crisedacoro-
navírus, levaria aumrecuo de 1,4%
do Produto Interno Bruto (PIB) e de
1,1% na rendadisponível das famí-
lias, em média.Oimpactopara afai-
xa com renda de zero adois salários
mínimosseria 20% maiorque para a
médiadapopulação.

Débora Freire, professora do Ce-
deplar e uma das autoras do estudo,
avaliaqueastransferênciasderenda
são uma formamais eficiente de en-
dereçar esse problemado que os
vouchersem estudopelo governo.
“O exemplo bem sucedido do Bolsa
Família mostraque transferências
diretas de renda são maisefetivas”,
diz. “Pessoasmais pobres pagam
aluguel, têm que andar de transpor-
te público nos grandes centros. Co-
mida e remédiopodemaliviar, mas
nãodãocontadetodaasituação.”

MarceloNeri,daFGV Social:“Aindaestamosnadefesa,recuperandoumaperdadebeneficiáriose háoutra perda,devalor,quepodeserrecuperada”

:RUYBARON/VALOR

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


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